As FARC estão dispostas a criar um comando guerrilheiro de normalização
As FARC-EP expressaram a intenção
de criar, com urgência, um Comando Guerrilheiro de Normalização,
respondendo a decisão do governo que criou o Comando Estratégico
para a Transição, que será encabeçado pelo general Javier Flórez.
O anúncio foi feito pelo comandante
Pablo Catatumbo, no papel de porta-voz da insurgência, ao chegar ao
Palácio das Convenções de Havana. Esta declaração se soma à do
dia anterior, na qual desmentiram o governo, que estaria dando a
impressão de uma guerrilha à beira da desmobilização e da entrega
das armas.
“Se o Comando de Transição tem o
propósito de empreender o estudo da ‘desmobilização e entrega
das armas da guerrilha’, o Comando Guerrilheiro de Normalização
deverá ‘estudar o regresso da força militar ao seu papel
constitucional e o desmonte dos batalhões de contrainsurgência por
consequência de tal normalização”, assinalou o porta-voz
insurgente.
As FARC entenderam esta medida
oficial como “geradora de um princípio de subordinação da
guerrilha à força pública a partir de agora, o que é impensável
para a insurgência”.
“O mencionado comando, segundo a
guerrilha, deve estar dirigido ao estudo e à implementação de
mecanismos de normalização das forças armadas para seu pronto
regresso ao destino constitucional, que é o da defesa da dignidade
nacional e das fronteiras”.
Enquanto o governo se propõe abordar
o tema do cessar fogo e a entrega das armas, sem considerar
inicialmente outros números do terceiro ponto da agenda, a guerrilha
disse que a abordagem deste ponto deve ser um “processo integral e
simultâneo, como assinala o Acordo Geral de Havana”.
Também se propuseram criar “a
Comissão Investigadora do fenômeno paramilitar, o que de nenhuma
maneira deve ser confundido com a Comissão da Verdade”. Sobre
isso, Pablo Catatumbo disse que “se deve esclarecer como se formou
e integrou, como funcionou, onde se estabeleceu, com qual dinheiro,
quem galgou e estimulou e porque continua vivo”. Acrescentou que a
comissão deveria estar integrada por personalidades nacionais e
estrangeiras, segundo disse a guerrilha.
A reação das FARC se desprende das
recentes declarações do Presidente da República, no sentido que
recai sobre as Forças Armadas a missão de organizar a
“desmobilização” e “entrega de armas da insurgência”. Ao
mesmo tempo, coloca de presente que “a reforma das forças pública
é um tema inegociável”.
Assim está o ritmo das conversações
de paz em um novo ciclo, no qual as FARC tem questionado o governo
por decisões unilaterais que não interpretariam o conteúdo do
Acordo Geral de Havana e que poderiam estar viciando o ambiente das
conversações de paz.
Escritório de imprensa da delegação
de paz das FARC-EP
Fonte: http://pazfarc-ep.org