"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Somos sonhadores, mas não os únicos



La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 24 de setembro de 2014


Hoje queremos dizer para todos: “Imagina que não há um paraíso nem nenhum inferno debaixo de nós; acima de nós, somente o céu. Imagina que não há por que matar, imagina a toda gente vivendo a vida em paz. Imagina que não há posses, nenhuma necessidade de cobiça ou fome, senão a irmandade do homem. Imagina a toda gente compartilhando o mundo. Tu podes dizer que sou um sonhador, porém não sou o único.”


A propósito destas palavras que parafraseiam a linda canção IMAGINE de John Lennon, queremos refletir sobre as declarações do presidente Santos quando disse: “Que lindo poder transladar isso para a Colômbia para que os colombianos imaginemos a Colômbia em paz”. E é que, simplesmente como FARC, estamos de acordo, porém é necessário refleti-lo em fatos concretos.


Como um gesto de generosidade com o povo e com as vítimas que têm clamado por um cenário sem hostilidades, se deveria proceder a brindar não só uma canção de paz, mas sim o fato concreto do cessar bilateral de fogos que evite mais derramamento de sangue, o armistício que nos coloque na reta final de nossa reconciliação.


Fazer uma excursão em função da paz, como a que está protagonizando o presidente dos Estados Unidos, implicaria, então, para ir mais além da retórica, esclarecer, entre outros, sem mais evasivas, o fenômeno do paramilitarismo para desentranhar suas origens, seus efeitos e os responsáveis. Um complemento necessário é, sem dúvida, a abordagem de temas sensíveis dentro da confrontação como são a ingerência no conflito interno de potências estrangeiras que mantêm a Colômbia em condições de país ocupado, e assuntos como o uso desproporcionado da força num plano de assimetria criminal, por parte do governo, na contramão dos princípios mais elementares que regem a guerra.


Dentro da mesma perspectiva, não é pertinente seguir mostrando o processo de paz que se adianta em Havana como um novo modelo de justiça transicional. Sendo consequentes com a realidade, o correto seria propender por processos de paz pós acordo e normalização que surjam do consenso e não de posições unilaterais, como a que entranha o marco jurídico e sua justiça transicional. Para a insurgência o verdadeiro e único marco jurídico para a paz não é o que faz trâmite no parlamento e nas cortes a instâncias do executivo, mas sim o Acordo Geral de Havana e o que dele se derive.


Também queremos nos referir ao tema da mudança climática que ocupa as manchetes e a atenção do mundo. Um discurso ambientalista coerente deve corresponder-se com ações que ponham ponto final à devastação de nosso entorno e suas riquezas naturais. É hora de suspender –em consequência com a aplicação de uma nova política antidrogas- as aspersões aéreas de agentes químicos que tanto prejuízo e vitimização têm gerado nos campos da Colômbia; há que deter a feira de licenças express a companhias mineiras e petroleiras, entre outras, que ameaçam o ecossistema. O roubo da exploração mineiro-energética não pode seguir na aventura louca da exploração do gás de xistos mediante o procedimento de fracking ou fratura hidráulica, nem na pretensão de destruir importantes áreas da Amazônia, de parques naturais e zonas de reserva, tão somente pela obsessão de satisfazer a voracidade capitalista das transnacionais e de governantes corruptos.  


Deste tamanho são os problemas que deveremos resolver nesta etapa do processo de diálogo, se na verdade queremos apressar a marcha para o objetivo de paz com justiça social, democracia e soberania.


DELEGACIÓN DE PAZ DE LAS FARC-EP