As FARC-EP não se subordinarão à Força Pública do Estado
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Por
Yira Castro
As
FARC-EP dão a conhecer sua interpretação sobre os alcances e
conveniências da criação do “Comando de Transição” imposto
pelo governo de Juan Manuel Santos.
O
‘Comando de Transição Estratégica’ criado pelo governo é
entendido pela insurgência como um “princípio de subordinação
da guerrilha à força pública a partir deste momento”, o qual é
inaceitável para as FARC-EP, como tinha dito o Comandante Iván
Márquez no dia de ontem: “os diálogos se desenvolvam entre duas
partes iguais, onde não existe vencedores nem vencidos”.
A
julgar pela leitura que a insurgência faz, este fato evidencia que o
governo tomou esta decisão de maneira unilateral, sem contar com a
opinião de sua contraparte na Mesa.
Portanto,
em contraste com esta decisão governamental, as FARC-EP apresentaram
a ideia de criar um “Comando Guerrilheiro de Normalização”;
dito anúncio foi feito por Pablo Catatumbo, porta-voz das FARC-EP,
nesta manhã na entrada do Palácio das Convenções de Havana.
Este
‘Comando Guerrilheiro’ teria como missão estudar a maneira de
fazer com que as Forças Militares assumam seu papel constitucional
novamente, entendido como “a defesa da dignidade nacional e das
fronteiras”.
Ademais,
este comando deve estudar como desmantelar os batalhões de contra
insurgência em todo o país, pois numa situação normal –de Paz-
no país não haverá nenhuma necessidade deles.
O
governo tem a intenção de ignorar os outros sub pontos do terceiro
ponto do Acordo Geral [Fim do Conflito] e só concentrar-se no
cessar-fogo e abandono das armas parte da insurgência, enquanto as
FARC-EP disseram que, de acordo com o pactuado, deveria ser um
“processo integral e simultâneo”.
As
FARC-EP também propuseram a criação de uma Comissão para
investigar o fenômeno do paramilitarismo: o mundo deve saber como se
criou, como foi seu desenvolvimento, como operava, quem o impulsionou
e financiou e, por último, algo não menos importante, porque ainda
está vivo. A Comissão deveria estar composta por personalidades
nacionais e internacionais.
Estas
reações se somam às de ontem e surgem como resposta às
declarações realizadas recentemente pelo presidente Juan Manuel
Santos, quem afirmou que as Forças Armadas têm a missão de
garantir a “desmobilização” e “entrega de armas” da
insurgência, ao tempo em que ele deixou claro que a reforma da força
pública não é negociável.
Neste
ciclo 28 de conversações, as FARC-EP questionaram severamente ao
governo por tomar decisões unilaterais, contrariando o conteúdo do
Acordo Geral de Havana, segundo o qual o governo e as FARC-EP são
partes iguais.