Santos e Uribe são caras de uma mesma moeda
A intensa e custosa campanha midiática repete maquinalmente multidões de mentiras até convertê-las em “verdades” que terminam desinformando e alienando a frágil opinião pública e ao conglomerado colombiano em seu conjunto.
Uma
dessas mentiras é fazer crer que Santos é a antítese de Uribe.
Quer dizer, o primeiro é o homem da paz e o segundo o homem da
guerra.
Não
é certo. Santos é tão criminal como o senhor Uribe, tal como ficou
muito claro no debate recentemente desenvolvido pelo senador Iván
Cepeda Castro contra o paramilitarismo e o hoje senador Álvaro Uribe
Vélez, com quase toda sua família a bordo.
Seria
ingênuo pensar que a paz com a qual sonha o presidente Santos é a
mesma com a qual sonha o povo colombiano. Não há ponto de
comparação. Só um detalhe. Enquanto o objetivo do governo é
desarmar a guerrilha, o objetivo do povo colombiano é que a paz seja
produto de mudanças estruturais. Isto é, paz com justiça social.
A
criminalidade do presidente Santos está na cara. O editorial do
semanário VOZ La
verdade del pueblo [A
verdade do povo] que está em circulação,[i] apresenta umas cifras
simplesmente arrepiantes, cifras que não podem passar despercebidas
ou olimpicamente.
Devem
ser submetidas a uma análise séria que nos permita determinar com
clareza qual é realmente a vontade de paz que tanto afirma o chefe
de Estado com tanta alegria em foros nacionais e internacionais e nos
meios de comunicação dependentes do regime capitalista.
O
editorial, escrito nesta oportunidade pelo camarada [amigo] Luis
Jairo Ramírez H, uma das pessoas mais versadas em temas de direitos
humanos em Colômbia, é contundente e valente desmascarar com cifras
o discurso ambíguo do presidente Santos. Inclusive, mais que
ambíguo, contraditório, porque diz uma coisa e faz outra outra bem
diferente.
Diz
o editorialista num parágrafo: “Apesar do discurso de Santos de
que em Colômbia finalmente reina o paraíso dos direitos humanos,
nos primeiros meses de 2014 foram assassinados trinta defensores de
Direitos Humanos. De 2009 a 2014 foram assassinados 290. Nos
últimos três anos, algo mais de cem reclamantes de terras iludidos
na restituição foram assassinados; há 9.500 presos políticos
amontoados em cárceres do país. A instigação do Mindefesa Pinzón
contra a Marcha Patriótica deixou setenta de seus membros
assassinados em diversas regiões do país”.
Assinala
também que se incrementaram as ameaças contra dirigentes sindicais
classistas e suas organizações, em distintas regiões do país. E,
enquanto aumenta a insegurança para os sindicalistas classistas, o
governo nacional, através da Unidade Nacional de Proteção [UNP],
se obceca em levantar esquemas de segurança e o precário que há em
bloqueá-lo por todo lado.
A
cada vez a oligarquia se torna mais agressiva, como adiantando-se ao
processo de paz de Havana [Cuba] ou em seu prejuízo, usando os
mesmos mecanismos que Pastrana Arango utilizou quando dos diálogos
do Caguán, que, enquanto simulava conversar com a insurgência,
preparava a todo vapor o criminal Plano Colômbia com a direção
direta dos Estados Unidos.
O
[acima] dito se corrobora ao trazer novamente a colação o editorial
assinalado: “A violência está agora legalizada: ‘Estatuto de
segurança cidadã’, ampliação do foro militar, multimilionária
campanha midiática para justificar e manter o gasto de guerra nos
pós acordos de paz, construção de mais prisões e inação frente
ao fenômeno paramilitar, que é funcional para evitar-se finalmente
restituir as terras despojadas”.
Não
se pode desconhecer
semelhante conduta
contraditória da oligarquia que Santos representa. Enquanto fala de
paz de dentes para fora, fortalece os aparelhos ideológicos e
repressivos do Estado Capitalista.
Não em vão, disse
por estes dias um campesino Comunista: “O paramilitarismo está se
reavivando no Tolima, certamente por ordem do senhor Uribe. Em
Cajamarca estão proliferando panfletos ameaçadores. Aos campesinos,
lhes estão chegando desconhecidos armados dizendo que são
guerrilheiros e que têm unidades suas feridas. A mesma proliferação
de panfletos vem se apresentando no sul do Tolima, especialmente em
Natagaima, dizem os indígenas e campesinos da zona. Olho com isso! A
comunidade nacional e internacional deve tomar
atenta nota e o povo mobilizar-se, porém organizadamente. Não há
outro caminho.
Assim
as coisas: Santos e Uribe são caras de uma mesma
moeda.
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[i] VOZ La verdad del pueblo edición 2757 semana del 24 al 30 de septiembre de 2014. Página 5.
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[i] VOZ La verdad del pueblo edición 2757 semana del 24 al 30 de septiembre de 2014. Página 5.