Mais altas taxas de homicídio no mundo estão na América Latina e Caribe
Na América Latina e Caribe, a
Venezuela (90%), Guatemala (86%), Honduras (84%), Colômbia (80%),
Panamá (80%), El Salvador (77%) e Trinidad e Tobago (77%) são os
países com as taxas mais altas de homicídios da região, bem como a
maior quantidade desse delito é cometido com armas de fogo. A
Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) e o Escritório da ONU sobre Drogas e
Crime (Unodc) publicaram, nesta quarta-feira, 10 de dezembro, o
"Relatório
Mundial sobre a Prevenção da Violência 2014". A OMS
estima que, em 2012, houve 165.617 mortes na região por homicídios,
ou seja, 28,5 homicídios por 100.000 habitantes, mais que o
quádruplo da taxa mundial.
Trata-se do primeiro levantamento de
dados baseado no gênero, que avalia os esforços para combater a
violência interpessoal, como maus-tratos à criança, a violência
juvenil, violência cometida pelo parceiro íntimo, violência
sexual, além dos abusos contra idosos em casa e nos asilos, entre
outros fatores.
O documento também assinala que as
armas de fogo são utilizadas, principalmente, nos homicídios entre
casais nas Américas e que 30% das mulheres que já foram casadas
pelo menos uma vez informam que sofreram violência física e/ou
sexual, o de ambos os tipos, em algum momento de sua vida.
O assessor sobre Desenvolvimento
Sustentável e Segurança Humana da Organização Pan-Americana de
Saúde, Marcelo Korc, assinala que muitos Estados membros tomam
medidas para abordar esse problema da violência, mas salientou que
continua sendo um desafio enorme levar a cabo programas eficazes de
prevenção e tratamento.
Dados mundiais
Foram coletados dados de 133 países,
incluindo o Brasil, atingindo cerca de 6,1 bilhões de pessoas,
representando 88% da população do mundo, no ano de 2012. O
relatório será destinado aos governos de cada país para ajudar a
identificar as lacunas existentes e incentivar e orientar a
implementação de ações.
Segundo os dados recopilados, cerca de
475 mil pessoas foram assassinadas em 2012. Em todo o mundo, o
homicídio é a terceira causa de morte para homens com idade entre
15 a 44 anos, o que pede uma ação urgente e decisiva para prevenir
este tipo de violência. Apesar dos altos números apresentados, a
taxa de homicídio diminuiu 16% no mundo entre 2000 e 2012.
Além disso, foram constatados que uma
em cada quatro crianças são abusadas fisicamente no mundo; uma em
cada cinco meninas já foi vítima de abuso sexual; e uma em cada
três mulheres já foi vítima de violência física em algum momento
de sua vida. No geral, apenas metade dos países avaliados têm
serviços nacionais para proteger e apoiar vítimas de violência.
Sobre a implementação de programas e
leis de prevenção da violência no mundo, a publicação mostra que
98% dos países têm leis contra estupro, 87% dos países possuem lei
contra a violência doméstica, 84% dos países não permitem o porte
de armas nas escolas e 40% dos países aprovaram leis contra o abuso
de pessoas idosas.
Para reduzir os níveis de violência,
o informe recomenda 18 programas que constituem os "melhores
investimentos”, entre eles os que defendem a redução da
disponibilidade e o consumo nocivo de álcool; leis e programas para
reduzir o acesso a armas de fogo; programas escolares para ensinar às
crianças e adolescentes "atitudes para a vida”, como a
resolução de conflitos sem recorrer à violência; e esforços para
mudar as normas de gênero que apoiam a violência contra a mulher.
Dados do Brasil
O relatório informa que, em 2012, o
Unodc registrou 50.108 homicídios no Brasil, de acordo com as
estatísticas da Justiça Criminal brasileira, sendo que a maioria
envolve homens. Dessas mortes, 73% foram ocasionadas por armas de
fogo.
Com base nos dados de um mês em 2012,
a OMS revela que os serviços de emergência de saúde do Brasil
registraram 4.835 casos de violência, dos quais 91% foram vítimas
de violência interpessoal e 9% tentaram suicídio. Cerca de 55% das
vítimas eram jovens, com idades entre 10 a 29 anos.
Leis para maus tratos contra a criança
e para abusos contra idosos foram consideradas de nível alto no
Brasil, na escala do relatório. Já os programas para combater esses
tipos de violência foram considerados de nível médio. As leis
contra violência sexual, pelo parceiro íntimo e doméstico foram
consideradas de nível médio. No entanto, foi alertado que o Brasil
ainda não tem leis ou programas para combaterem a participação ou
inserção de jovens e adolescentes em grupos criminosos.
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Com apoio de ADITAL