"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Todos pela paz


Saudação de Fim de Ano das FARC

Montanhas de Colômbia, 24 de dezembro de 2014


O destino da Colômbia não pode ser o da guerra. Os que queiram a paz, os queiram pátria, venham conosco. Já começou a multitudinária marcha de bandeiras brancas pela paz. Ninguém pode ficar sentado em casa, ou com os braços cruzados quando a reconciliação está tocando com urgência a porta do coração da família colombiana. Os que tenham aversão a ela, por qualquer razão, venham também, no fundo eles sabem que não se deve deixar passar esta oportunidade para tentar nosso reencontro como irmãos.


Com o passo de cessar-fogo unilateral e indefinito que demos, queremos deixar clara a mensagem de que não há melhor maneira de desescalar o conflito do que chegar à trégua bilateral, ao armistício como arauto que anuncia o fim da confrontação armada. O caminho está traçado. Seu norte são as mudanças institucionais que a nação reclama, é a marcha do soberano através de um processo constituinte aberto, em prol das transformações estruturais de ordem política, econômica, social e cultural, que há de nos levar à fundação da Colômbia justa e em democracia que todos ansiamos.

Um espírito de concórdia abraça o continente nesta hora. Assim o confirmam os ventos de paz que sopram entre Havana e Washington, que começaram a romper os velhos muros da intransigência imposta para subjugar a um povo digno. Como uma lição para a história, vai ficando este capítulo de aproximação, no qual se demonstrou que a diplomacia e o diálogo civilizado podem estar acima das diferenças, indicando que visões do mundo, por muito dessemelhantes que sejam, podem conviver, entre o respeito e o mútuo reconhecimento, sem necessidade de infringir a paz e as boas relações, que é o que também desejamos para Venezuela e o conjunto das Américas.

O próprio governo dos Estados Unidos disse que 50 anos de uma política de isolamento contra Cuba fracassou, porque é a nação do norte que resultou isolada. E em Colômbia a realidade demonstra, a cada dia, que meio século de guerra contra os que resistem à desigualdade e à miséria também fracassou. Chegou o momento, então, de silenciar as balas e as bombas, o momento de mudar o discurso, de mudar o orçamento guerreirista, de dar voo ao poder da palavra abrindo cenários nos quais a única batalha que se trave seja a das ideias.

Após dois anos de conversações e de esforços de muitos compatriotas por abrir caminhos de entendimento lançando propostas e iniciativas, hoje, mais que nunca, é evidente que a confiança na possibilidade certa de alcançar um acordo final se multiplicou com sobras, e palpita assim no peito da pátria, com uma ressonância tal que começa a obscurecer as estridências belicistas. E a voz da concórdia é a voz da razão convidando aos céticos e adversários a debaterem conosco sobre suas dúvidas, a compartilhar-nos de maneira construtiva suas apreciações, e a juntar, em últimas [instâncias], seus desejos com os nossos, pensando não nos interesses particulares, mas sim no bem das maiorias e no destino da nação.

Ademais, não custa dizer que os colombianos temos direito a fazer a paz à nossa maneira. Que nos deixem abrir caminhos pensando a partir de nossa própria realidade, de nossas próprias tradições e criatividade, sem ingerências jurídicas estrangeiras, privilegiando o direito de gentes e a doutrina da margem nacional de interpretação, sobre as normativas dos bastidores jurídicos, sem passar por alto que, nestas longas décadas de conflito, o que o povo em armas tem exercido é o legítimo direito à rebelião.

E porque o direito à paz é o direito síntese por excelência, sem cuja concreção nenhum outro é possível, juntos temos que encontrar, ao conflito que nos dessangra, saídas políticas às quais deveremos adequar qualquer norma que se pretenda estabelecer para reger o trânsito para a normalização da vida nacional.

Porque a paz é um assunto de todos os colombianos, a todas as organizações e todos movimentos sociais e políticos, com o sentimento de fraternidade que fascina esta saudação de fim de ano, lhes estendemos nosso chamado a conversar em Havana, com a Delegação de Paz das FARC, sobre a situação do processo, os temas próximos a discutir na Mesa, e em torno a opiniões e propostas sobre o futuro da Colômbia.

Que 2015 seja o ano das mobilizações pela paz.

Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP