"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Feudalismo século XXI, ou governo democrático de coalizão popular

Por Alberto Pinzón Sánchez

UMA DAS TORPEZAS MAIS NOTÓRIAS de JM Santos e que demonstra seu talante ambíguo e embaraçado, tem sido a de impor como condição sine qua non para adiantar o processo de paz em Havana, um “esquema de negociar em meio à guerra” e, simultaneamente ou paralelamente, buscar, por todos os meios possíveis, que se faça realidade a velha obstinação do militarismo oligárquico colombiano de impedir que a insurgência não combine [segundo a orientação leninista] todas as formas de luta de massas. De massas, repito.
Pois bem, a paralisação Agrária e Popular iniciada em 19 de agosto e que não terminou ainda, pôs a descoberto como critério prático de verdade a existência das mais variadas formas de luta de massas, praticadas pelo povo colombiano em sua luta contra a oligarquia consular que domina e governa na Colômbia:
1.   Há luta armada, com todas as suas implicações deletérias, com a que se está enfrentando o plano estadunidense “Espada de Honra”, sucedâneo do desprestigiado Plano Colômbia. O enorme número diário de mortos e feridos das partes enfrentadas, apesar dos ocultamentos midiáticos, assim o demonstra.
2.   Presenciamos todos os dias a intensa luta diplomática que se desenvolve [rodeada de água por todas as partes] na ilha de Cuba entre as partes enfrentadas, Estado Colombiano e Insurgência das FARC, para concluir o enfrentamento armado e avançar numa Solução Política ao velho e histórico conflito social e armado colombiano.
3.   A Paralisação Agrária e Popular do povo Comum em sua marcha definitiva tem mostrado principalmente a infinita criatividade do povo colombiano, longamente massacrado pela “espada exterminadora do Estado”, como costumava dizer Francisco Mosquera, contra a qual se tem enfrentado mediante a maior mobilização legítima [não armada] de massas dos últimos cem anos na Colômbia. Mobilização Social e Popular da gente Comum que, como primeira conclusão superficial, na qual tírios e troianos estamos de acordo, é a de que MUDARAM TODAS AS REALIDADES POLÍTICAS DO PAÍS E SUA PERCEPÇÃO GERAL.
4.   Porém, ademais do anterior, também ficou em evidência a intensa e variadíssima luta Política e Ideológica e até Cultural [aberta e clandestina] com que se está travando a confrontação de classes na Colômbia: os ponchos, as saias coloridas e sombreiros rústicos, os chapéus de palha, próprios dos moradores de estado de Antioquia, os bastões indígenas, as cachuchas operárias, os grafites juvenis, as faixas dos professores, os manifestos, análises de opinião e, sobretudo, as declarações políticas das organizações mobilizadas, assim o deixam ver, apesar de seu silêncio oficial.

Quer dizer que o que o militarismo oligárquico de JM Santos e do regime que representa conseguiu ao tratar de impedir a utilização de todas as formas de luta populares e de massas é exatamente o contrário. É o bumerangue que, vacilante e embaraçado, está recolhendo.
PORÉM, TAMBÉM É DEVER RECONHECÊ-LO, o peso do extermínio por parte do Estado da ferramenta política legal alternativa e popular é muito grande e tem deixado ver o espaço vazio que se abriu, e que é PRECISO preencher rapidamente, mediante uma avaliação objetiva e coletiva da conjuntura que se está dando e as mudanças aceleradas, especialmente na conjuntura eleitoral, pois é dever nosso interpretar as modificações para atuar rapidamente frente a elas, principalmente quando a Oligarquia Consular, que tem todos os meios para a medição da opinião pública, já percebeu e se dispôs ou se dispõe a manipular a situação a seu favor.
Com isto, e contrariando pela primeira vez minha “inclinação profissional”, me aventurarei a dar alguns elementos HIPOTÉTICOS e tendenciais da tal conjuntura eleitoral, que afloram desde já:
1.   Santos não se reelegerá. Ele sabe, porém manterá o blefe de sua reeleição como forma de incerteza eleitoreira da qual são mestres o cacique Iragorri Hormaza e seu Filho.
2.   Se não remontam as pesquisas [daqui a novembro, coisa bastante difícil], Santos e sua unidade eleitoreira lançarão o autoritário, inimigo jurado da paz Vargas Lleras. A reativação do projeto Bom Governo e as figuras de proa que ali se meteram assim o demonstra.
3.   O Partido Liberal não acompanhará Vargas Lleras e lançará seu candidato presidencial próprio.
4.   O Partido Conservador se dividirá em três: Os que vão com Vargas Lleras e a geleia, os poucos que vão com o Cacique do Ubérrimo com seu programa do “Feudalismo Século XXI”, e os “contapropristas” de Pastrana que irão por conta própria.
5.   A intercessão de Navarro, ao não chegar a acordos com outras forças, se farão contar sós.
6.   O Polo-Moir que, através do senador Robledo, recolheu algumas simpatias nas classes médias citadinas por seu apoio à Paralisação Cafeeira e soube transferi-las para a candidatura da senhora Clara López [quem, entre outros, tem um excelente slogan presidencial de paz, justiça social, democracia e soberania], o mais provável é que trate de consolidar sua tendência dominante de converter-se num partido parlamentar.
7.   “O Feudalismo Século XXI” de Uribe com seus poderes fáticos, como já se sabe, lançará algum de seus pajens conhecidos.
8.   Os demais partidos pequenos dividirão suas lealdades entre as alternativas com mais possibilidades de ganhar.
9.   E no campo alternativo popular [essa é a expectativa] se fará um debate interno que está em Marcha para esclarecer sua participação na conjuntura eleitoral aberta através da composição de uma ampla frente de convergência sobre os quatro pontos programáticos expostos no debate interno:
a)   Apoio irrestrito à Solução Política ao conflito armado Colombiano e ao processo de paz de Havana,
b)   Referenda do acordado e saída da crise mediante uma Assembleia Nacional Constituinte,
c)   Promoção de um modelo econômico novo e alternativo de desenvolvimento para a Colômbia e
d)   Composição de um Governo Democrático, Pluralista de Coalizão Popular.

No entanto, a pergunta é: Em meio à utilização de todas as formas de luta de massas que se estão dando atualmente na realidade colombiana, quais dois candidatos presidenciais passarão ao segundo turno? ... Em qualquer caso, ficar em segundo lugar é perder.

Então, conscientes da importância histórica da brecha que se abriu na muralha oligárquico-Imperial da Colômbia, onde pela primeira vez, em muitos anos, se pode avançar realmente sem que se nos torne a passar o que sucedeu com Jorge Eliécer Gaitán, é indispensável que, como costumava nos dizer nosso professor na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nacional de Bogotá, o sacerdote Camilo Torres, “Comecemos já A Unidade Popular na Colômbia é possível”.