"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

“Intransigências”


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Escrito pela Comandante Guerrilheira Alexandra Nariño
Se tivéssemos que definir numa palavra o comportamento e as atitudes do regime colombiano, tanto na mesa de conversações de Havana como no território colombiano, essa palavra seria Intransigente. No dicionário, intransigente é definido como “que não transige”. Transigir, por sua vez, vem do latim transigere e significa “consentir em parte com o que se crê justo, razoável ou verdadeiro, a fim de acabar com uma diferença”. Intransigente, portanto, se poderia definir como “dito de uma pessoa que não faz concessões”.
E é essa precisamente a atitude do governo colombiano: intransigente. A elite colombiana se havia montado num filme triunfante, pensando que haviam “obrigado” a guerrilha a sentar-se na mesa, e que seria questão de meses, umas promessas vagas de leis transitórias e – oxalá – uns bombardeios bem apontados, para conseguir sua capitulação final. Os “nãos” do governo faziam eco no Palácio de Convenções e reverberavam nos rincões da Colômbia e do mundo. Não à presença de Simón Trinidad na Mesa... Não ao cessar-fogo bilateral... Não às mudanças no sistema econômico... Não à constituinte... Não à participação cidadã em todos os momentos do processo...
Agora, uns meses depois, a intransigência governamental se levanta como um muro gigante, blindado, ao redor dos campesinos e setores populares nas rodovias e praças públicas da Colômbia. Um muro construído de tijolos – “não-há-dinheiro” e “estão-pedindo-o-impossível”, colados com cimento de criminalização e repressão violenta. Os Colombianos do povo comum estão pedindo investimento em saúde, em educação, em moradia, revisão dos TLCs, políticas justas para os pequenos e médios mineiros, o exercício real de seus direitos políticos...
Na Mesa de diálogos, alguns destes temas estão nas denominadas “”exceções” e ficaram adiados para poder dar continuidade à busca da Paz. No entanto, o povo nas rodovias está mandando uma mensagem de urgência ao país e ao mundo. Daqui não nos vamos até que se nos solucione nossa situação”. Simples, assim. A miséria, a fome e o abandono não dão trégua.
Não há escapatória, presidente Santos. Por onde vá, para onde olhe, vai encontrar o mesmo clamor, as mesmas exigências: políticas econômicas soberanas, baseadas no bem-estar dos colombianos, participação política real e efetiva dos cidadãos em todos os espaços, democratização das estruturas estatais... Não porque as FARC-EP estamos “utilizando” os pobres e ingênuos campesinos colombianos; por que buscar o afogado rio acima?
Se lhe inquieta o fato de que as propuestas de las FARC-EP em Havana se pareçam muito com as reivindicações dos campesinos, mineiros, arrozeiros, cafeicultores e outros setores, eis aqui a explicação: as FARC-EP tratamos de ser um canal de expressão para os colombianos humildes. Temos acolhido suas propostas, que nos têm chegado através dos diferentes foros, e as temos feito nossas, para apresentá-las na Mesa de Diálogos. Porém, que fique entre nós.
A intransigência não soluciona e as promessas não convencem. Dizer que tudo vai ser melhor, que os colombianos serão ouvidos, que os problemas serão solucionados, que os programas serão implementados, num cenário de “fim de conflito”, isto é, depois da entrega de armas, é como o fumante empedernido, dizendo que vai deixar de fumar enquanto acende mais um, agora, sim, o último cigarro. Se queremos fazer germinar o bem e sair do sulco de dores, há que começar desde já.