Exilados colombianos: 'Devemos criar uma pedagogia de paz para vencer o medo'
Por Sergio Ferrari
Adital
Para isso, cerca de 40 representantes do exílio se reunirão com as autoridades da ONU na segunda quarta-feira de outubro em sua sede helvética. E farão a entrega das conclusões de 20 Foros de Vítimas no Exterior, realizados simultaneamente em tantas outras cidades do mundo, no último dia 13 de setembro.
"Essa jornada teve uma especial importância para os colombianos no exterior, já que em um clima de respeito e sem distinção de quem foram os vitimados, pudemos escutar inumeráveis testemunhos e refletir em conjunto sobre como aportar a paz”, explicou a este correspondente Diego Gómez, um dos promotores da iniciativa.
Gómez assinalou que, até agora, de fato, as vítimas que hoje se encontram fora do país "têm sido condenadas ao silêncio ainda que nunca se resignassem ao mesmo”. A realização da jornada de 13 de setembro passado "nos posiciona como um interlocutor com o qual se deve contar para construir a paz”, enfatizou. Uma das demandas de tais foros é que "a Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas nos escute no exterior”, explicou.
De maneira oficial, o ACNUR se comprometeu a transmitir as memórias de tais encontros, realizados em cidades europeias e americanas, às partes envolvidas no Diálogo para a Paz, de La Havana.
Em um recente comunicado, difundido nesta cidade pelo Grupo Coordenador na Suíça do Foro Internacional de Vítimas — que faz parte da Plataforma Europeia pela Paz na Colômbia — se enfatiza que ademais dos testemunhos, os participantes "elaboraram pronunciamentos e propostas entre as quais se destaca o total apoio aos diálogos de paz” entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC).
Além disso, sustenta o comunicado, "se solicitou, de forma reiterada, às partes que acordem rapidamente um cessar bilateral do fogo, que acabe com sofrimento do nosso povo; não ceder ante as dificuldades que se encontrem nesse processo; e se aprofundar na busca das soluções para as causas do mesmo”. Mesmo que no Foro de Genebra não houvesse testemunhos de vítimas da insurgência, os participantes solicitaram à guerrilha que reconhecesse os erros eventuais nos que pudesse ter incorrido.
Os participantes do Foro de Genebra solicitaram que se avance no mesmo caminho de negociação com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e que o governo colombiano adiante esforços para estabelecer também uma mesa de diálogo com o Exército.
É evidente que o "caminho que temos que fazer ainda é longo e que é necessário criar uma pedagogia de paz para vencer o medo ou a irritação de encontrar-se com quem pensa diferente”, assinala o Grupo Coordenador na Suíça do Foro de Vítimas.
Antecipa seu desejo de que o mesmo se converta em um espaço aberto permanente e um aporte para a arquitetura da reconciliação. E a esperança que, desse espaço, no futuro, participem representantes dos governos da Colômbia e Suíça, e organizações suíças que se identifiquem com a paz na Colômbia, sem por isso perder "a independência que tem caracterizado nosso proceder”.
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