Que não se repita a história
Por: Rodrigo López Oviedo
A
pesar de que de ameaças e crimes contra a oposição está feita a
história de nosso país, apesar das ameaças e dos crimes terem sido
os métodos prediletos daqueles que não querem perder nenhum dos
privilégios com que nasceram ou que estabeleceram submergindo a
legalidade, apesar de tantas ameaças e crimes terminarem criando
deformações na consciência cidadã, a ponto de que uma ameaça ou
um crime a mais quase já não gera nenhuma reação, as ameaças e
os crimes que estão sendo cometidos por estes dias deveriam, sim,
gerar uma especial preocupação.
Nenhum
espírito avisado desconhece que a causa determinante do incremento
das ações guerrilheiras sucedidas a partir do final da década dos
’80 foi o traiçoeiro massacre militar e paramilitar perpetrado
contra a União Patriótica, que pôs fim à uma sentida esperança
nacional nascida dos acordos de La Uribe. Permitir que se repita essa
dantesca história de sangue, dor e morte nos faria indignos até de
termos nascido.
No
entanto, continua se repetindo, e o mais grave: continua se repetindo
em momentos em que no país se está encarnando no sentimento popular
um crescente otimismo em torno da possibilidade de que Governo e
guerrilha encontrem a maneira de entender-se para que a política
possa ser exercida sem o pavor das bombas e dos fuzis. E continua se
repetindo de maneira seletiva; afetando a direção mesma das
organizações sociais e políticas que propugnam pela mudança
social.
Os
líderes do crime bem sabem dos graves traumatismos que podem causar
ao processo de paz com suas ameaças e, mais ainda, ao
materializá-las. Porém isso não lhes importa. Ou melhor, sim, lhes
importa, pois esse é o propósito de suas ações: fechar a passagem
à paz e a qualquer decisão que altere o ambiente que lhes permitiu
usufruir
a vontade,
usufruindo inclusive de boa parte do orçamento do Ministério de
Defesa, cujo montante é superior ao de qualquer outro ministério e
ultrapassado somente pelo de serviço à dívida.
Durante
esta semana se conheceram novas ameaças a Piedad Córdoba e a toda a
direção da União Patriótica, incluída sua presidenta e
ex-candidata vice-presidencial, Aída Avella, a quem se quis atingir
com um artefato explosivo que foi deixado a poucos passos de sua
residência. Estes fatos provam que os inimigos da paz não
descansam, porém são também um desafio à solidariedade com os
ameaçados e de compromisso para com os que, ansiando por uma
Colômbia diferente, queremos pôr fim a esta história de ameaças e
morte.
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Equipe ANNCOL – Brasil
Equipe ANNCOL – Brasil