"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Livros esclarecem raízes e características da guerra na Colômbia


A Colômbia leva adiante há quase dois anos, em Havana, um diálogo de paz promissor entre o governo e as guerrilhas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Enquanto isso, em Bogotá, o presidente Juan Manuel Santos – que conseguiu se reeleger para um segundo período com o apoio da esquerda, algo inimaginável quando chegou ao poder pela primeira vez – dá declarações como a que vê “com bons olhos” o uso medicinal da maconha. E duas ministras saem a público contando que são um casal.



Para muitos, todas essas notícias que andam rondando a imprensa  brasileira e mundial dão a sensação de uma Colômbia 2.0. É verdade que há muitas conquistas a se comemorar no país, mas essa imagem renovada de estabilidade, ainda por cima com uma tinta progressista, não corresponde 100% à realidade. Os colombianos continuam às voltas com sua guerra interna, que dura mais de 60 anos e tem profunda ligação com tudo o que acontece no país ainda hoje, desde a opinião de um cidadão em particular até as macro questões sociais, políticas e econômicas.


Sendo assim, para quem quer conhecer mais profundamente este país – que tantas semelhanças guarda com o Brasil, mesmo existindo distâncias concretas –, aqui vai uma lista de cinco livros em espanhol, considerados essenciais por intelectuais colombianos para que se entenda o conflito da Colômbia e as bases da violência que se instalou por lá, à direita, à esquerda e ao centro. São sugestões de cientistas políticos como Maria Emma Wills Obregon e Nicolás Morales, jornalistas como Marta Ruiz e Vicente Torrijos, antropólogos como María Victoria Uribe, advogados como Manuel Hernández Benavides, analistas como Claudia López e ex-combatentes das Farc, como Yezid Arteta Dávila.
Todos eles foram convidados pela revista colombiana Arcadia a dar sua opinião sobre as obras essenciais para desatar esse nó – ao menos, na cabeça de alguns leitores.


"¡Basta ya! Colombia: memorias de guerra y dignidad, de Gonzalo Sánchez e Ricardo Peñaranda". La Carreta Editores. Tercera edición, 2007. Bogotá


Mais do que um material crítico, é um informe. Recompila meio século de história de avanços e retrocessos na guerra colombiana e, para muitos, é o que há de mais que sério sobre o tema. Fala da origem dos partidos que polarizaram a política da Colômbia na primeira metade do século XX, da Guerra dos Mil Dias, da violência nos anos 40, de guerrilhas, narcotráfico e paramilitarismo.  




"El orangutan con sacoleva, cien años de democracia y represión en Colombia (1910-2010)", de Francisco Gutierrez. Editorial: Debate (2014)


O autor faz uma rigorosa análise conceitual, metodológica e histórica para explicar porque violência política e democracia formal não só conviveram durante anos na Colômbia entre 1910 e 2010, mas que se reproduziram e retroalimentaram nesse período.


"Cuadernos de Campaña", de Manuel Marulanda; "Diario de la Resistencia de Marquetalia", de Jacobo Arenas; e "Páginas de mi Vida", de Ciro Trujillo


São três textos narrativos, informalmente chamados de “A trilogia das FARC”. Quem indica essa leitura defende que são textos que, sem serem pedantes ou academicistas, descrevem os preâmbulos, o desenrolar e as consequências da mítica “Operação Marquetália”, de 1964, que para a maioria dos historiadores transformou um punhado de camponeses em rebeldes – que, desde então, optaram por tomar o poder pela via da revolução.


"Antología", de Jesús Antonio Bejarano (1946-1999) – Vol. 2, Estudios de Paz, Bogotá, Universidad Nacional de Colombia, 2011.


Neste livro, o professor Bejarano mostra que o fracasso dos processos de paz com as guerrilhas (FARC e ELN) até hoje se deveu a incompatibilidades básicas nas negociações. Enquanto para o governo, negociar é uma maneira de superar o conflito armado, para as guerrilhas é um processo que deve conduzir à superação dos problemas do país. 


"La Paz en Colombia" (2008), de Fidel Castro Ruz. Editora Política. La Habana.


Segundo quem recomenda este título, a interpretação de um conflito irregular como o colombiano pode ser mais bem feita por olhares externos e confissões de personagens como Fidel Castro, quem, de Cuba, sempre interveio nele apoiando a luta guerrilheira, criticando a conduta de alguns de seus chefes, fazendo sugestões aos governantes do país e chegando a conclusões reveladoras – que até hoje continuam orientando grupos insurgentes e governos bolivarianos no hemisfério sul.