"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 6 de março de 2015

Chávez, o grande fazedor




por CARLOS AZNÁREZ
Diretor de Resumen Latinoamericano


5 MARÇO 2015


Contundente na hora de tomar decisões, sobretudo aquelas que tinham a ver com os interesses de sua querida Venezuela. Apaixonado e entusiasta na defesa dos mais humildes, aos quais dedicou todos e cada um dos dias de seu mandato. Procurador da unidade para golpear, todos juntos, ao Império, algo que demonstrou não só na política interna como também na doutrina que assentou em nível de América Latina e do mundo. Cerebral e com os pés na terra quando se tratava de abrir as portas ao debate –inclusive com seus inimigos mais ferozes- e na hora de formular ideias que permitissem aproximar posições que estavam nas antípodas. Se trata de Hugo Chávez, de quem neste segundo aniversário de sua passagem para eternidade tanta saudade sentimos.
Forjador das armas mais potentes para enfrentar os embates dos Bush ou dos Obama, essas que não se carregam com balas e sim com o desenvolvimento de uma consciência sólida e vital, recolhida da história de luta de nossos povos. Só ele e ninguém mais que ele teve a lucidez para dar-se conta de que tinha chegado a hora de rumar o continente para a Segunda Independência que tanto nos foi negada e que ainda continua sendo uma matéria pendente. Resgatador de nossos próceres e fazedores de gestas, aos quais extraiu do mármore ou do bronze e os converteu em atores de inusitada vigência. Bolívar, San Martín, Sucre, Manuelita Sáenz, O’Higgins, Guacaipuro, Túpac Amaru, Simón Rodríguez, Sandino, Evita Perón e, evidentemente, o Che Guevara. Com eles na mochila, convocou a resgatar a Pátria Grande das mãos transformadas em garras do Norte brutal. Denunciou o enxofre derramado por Bush na tribuna da ONU em quem desferiu uma soberana super patada naqueles dias gloriosos em que a ALCA foi demolida por ele e um grupo de presidentes que o ampararam. Falamos de Chávez. De quem outro, se não [ele]?
Pensando nos meninos e nas meninas, nos velhos e nas velhas, nos condenados da terra [este Comandante feminista e anti patriarcal introduziu a linguagem de gênero na política, como ninguém antes o havia feito], deu força às Missões e as converteu em imprescindíveis na hora de desenvolver sua gestão. Descartou as burocracias ministeriais e, como se fosse um coelho que o mago saca da cartola, entregou a seu povo a possibilidade de alfabetizar-se plenamente, de obter atenção médica gratuita com a Missão Milagre, de mãos dadas com a Cuba solidária. Possibilitou que os pobres tivessem acesso, pela primeira vez em décadas [ou em séculos], as Universidades. As Missões se converteram em rio correntoso e em bandeira de incorporação das grandes maiorias: casas para todos e todas, o Mercal alimentar para romper com as cadeias dos atravessadores [intermediários], a Missão Música, o Banco da Mulher, a prática desportiva nos bairros, a Missão Ciência, ou a Che Guevara [de formação socialista], a Missão Negra Hipólita, ou a das Mães do Bairro. Os dias do ano não seriam suficientes para enumerá-las, e em todas elas o Comandante imprimiu seu impulso pessoal, sua sapiência e suas horas sem dormir para que se tornassem realidade. A Chávez Frías, o neto de Maisanta, guerrilheiro indomável, recordamos nestas apertadas e insuficientes linhas.
Filho proclamado de Fidel, junto a ele plasmaram um furacão que percorreu o continente derramando ideias, força, sabedoria e essa particular forma de recriar a política sem especulações de nenhum tipo. Ao som de semelhante duo nasceu a ALBA, dotando a América Latina Caribenha de uma ferramenta eficaz para impregnar-se de solidariedade, ombro a ombro. Porém, não só isso, senão que soube mostrar ao mundo que com os gringos se lhes podia falar de igual para igual, sem tibubeios nem submissões, como vinha ocorrendo até que as nações afroindo-americanas recuperaram sua autoestima e se lançaram a andar. Essa foi sua primeira façanha, porém logo foi adiante, e ajudou [com uma paciência inestimável] a construir a CELAC e a UNASUL, juntando a todos –de direita a esquerda- porém sem a tutela norte-americana que lhes ditasse o roteiro. Chávez o fez, e sua pegada foi percorrida por outros como ele, nascidos das lutas em Bolívia, Nicarágua, Equador e tantos outros lugares.
Impecável na hora de falar ao povo com a verdade. Maldizendo a tutela ianque, ou sacudindo-se de cima contra os diplomatas sionistas, agressores da Palestina ocupada. Com uma linguagem didática, foi explicando a sua própria gente que havia que manter-se alerta contra os golpistas de dentro e de fora. Expressou, relembrando sua própria experiência naquele fatídico 2002, da matança de Puente Llaguno, seu sequestro em La Orchila, o resgate por parte dos que baixaram dos cerros a demonstrar-lhe seu amor e lealdade, o golpe petroleiro e sua própria decisão de radicalizar-se ao máximo para não dar a outra bochecha a seus inimigos. Em verdadeiras assembleias populares de quase dois milhões de almas, soube dar as indicações precisas para que as milícias começassem a ocupar um espaço necessário, porém também louvou o papel meritório que no processo revolucionário vêm as Forças Armadas jogando, as quais sob seu comando apostaram todas as fichas nos bolivarianos humildes. Hugo Chávez foi o motor fundamental de tais façanhas.
Agora, que seu legado foi recolhido por milhões no mundo, e que seu companheiro de tantas lutas, Nicolás Maduro, preside o país com coragem e uma lealdade indiscutível, é hora de redobrarmos a homenagem a quem, indubitavelmente, caiu combatendo, num patriotismo de “vitória ou morte”. Que outra coisa foram esses dias de luta a braço partido com esse câncer que lhe queimava o corpo, porém não lhe fazia retroceder em sua força ideológica e discursiva? Quem não recorda, sem que se lhe arrepie a pele, daquela tarde caraquenha de 4 de outubro de 2012, quando, sob um verdadeiro dilúvio, o Comandante subiu no palco e, ante uma multidão incrível, gritou Viva a Revolução!, e convocou a fazer um esforço final para obter o triunfo nas eleições próximas? O pé-d’água que caía sobre sua enorme figura não conseguiu arredá-lo, tampouco pôde com ele a brutalidade da dor que lhe provocava a maldita enfermidade que lhe nos arrebatou meses depois. Arrancando forças de seu amor por aquela maré vermelha que o escutava extasiada, agitando bandeiras e cantando palavras de ordem, Chávez falou para a posteridade e proclamou o triunfo contra a oligarquia e o Império. Esse era seu estilo e sua prática. Pôr o corpo até as últimas consequências.
Neste novo 5 de março, a figura do Comandante eterno Hugo Chávez e o exemplo que nos soube dar reforçam a necessidade de redobrar a solidariedade com a Venezuela Bolivariana, ameaçada pela guerra econômica e em clima de golpe latente por parte da oposição sórdida e da ingerência estadunidense. Hoje, Chávez convoca outra vez a dar batalha; Maduro e o povo que não esquece nem perdoa a seus inimigos de classe serão os executores de uma nova gesta anti-imperialista, na qual o continente joga seu futuro.
Tradução: Joaquim Lisboa Neto