A excludente Comissão Assessora.
A
partir das FARC-EP sempre saudamos as distintas iniciativas de
incorporar diversas forças que contribuem para facilitar caminhos
para encontrar as chaves da paz com justiça social e a reconciliação
dos colombianos. Por isso, inicialmente vemos com expectativa o
anúncio governamental de criar uma Comissão Assessora de Paz,
entendendo que nela teriam assento todas as forças interessadas em
fornecer contribuições ao empenho de terminar mais de 50 anos de
guerra em nosso país.
O
fato de que personalidades da vida nacional que haviam expressado
mágoas e inclusive franca oposição aos diálogos de Havana tenham
aceitado integrar uma comissão assessora é, no nosso modo de ver,
uma mostra indiscutível de que os anseios de paz de todos os
colombianos têm a força e a credibilidade suficiente para que
nenhum setor da vida nacional fique por fora dela.
Porém,
ainda que se trate de uma comissão nomeada unilateralmente pelo
governo para que o assessore, o que surpreende é a ausência de
diversidade em sua conformação.
Com
exceções destacáveis, ela é um espelho de todas as formas de
exclusão política e social da qual a Colômbia tem padecido ao
longo de sua vida republicana. Devemos destacar que é esse costume
inveterado da classe dirigente colombiana de excluir aos setores
populares da representação nacional a causa central da violência,
da pobreza e da marginalização social que nosso povo tem padecido
ao longo de décadas.
Por
que, então, se se supõe que o governo representa a nação e não
só uma parte dela, o Presidente Santos não se decide por incluir as
novas forças políticas e sociais que hoje conformam a cena
nacional?
Por
que não há em sua Comissão Assessora porta-vozes da Cúpula
Agrária, organização que representa 80 por cento do campesinato
colombiano? Por que tão limitada representação do movimento
sindical, da ausência do movimento estudantil, das organizações
étnicas, das agremiações femininas, dos ambientalistas ou da
Frente Ampla que o ajudou a se reeleger?
Por
que, enfim, a ausência do país real que está esperando sair de
seus longos anos de solidão e esquecimento?
Então,
para que foi criado o Conselho Nacional de Paz? Criaram-no para
desconhecê-lo?
A
esta mesa lhe falta mais de um pé. Fazemos um novo chamado a que os
diálogos de paz de Havana se preencham de vozes diversas, que
enriqueçam seus conteúdos e iluminem com sua sabedoria milenar os
caminhos da nova Colômbia.
Ainda
assim, oxalá essa Comissão Assessora aconselhe ao governo retirar
toda essa maldade jurídica que nos está enredando a solução
política e lhe sugira combinar, já, o cessar-fogo bilateral que,
com reiterada insistência, as vítimas do conflito têm pedido para
aliviar tanta dor e sofrimento que esta cruenta guerra causa.
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC-EP.
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Equipe
ANNCOL - Brasil