EUA CONTRA VENEZUELA
Por
Narciso Isa Conde.
Obama
–atuando em nome do Complexo Militar Industrial e das vorazes
corporações mineiro-energéticas norte-americanas- declarou que a
Venezuela soberana destes tempos é uma ameaça
de primeira ordem para a segurança nacional
da superpotência imperialista que preside. Sopra!
Esse
é o mesmo Obama que anunciou o processo de normalização
das relações com Cuba
[sem mencionar a Base Militar de Guantánamo] e a participação dos
EUA nos Diálogos de Paz da Colômbia [onde implantaram sete bases
militares]; diálogos que atualmente se realizam em Havana e que
impactaram positivamente a sociedade colombiana, colocando na
defensiva a direita guerreirista e os inimigos da democracia, da
justiça e da soberania.
Um
Obama, portanto, de duas caras: a do poder
duro
e a do poder
suave.
A da reconquista violenta de zonas estratégicas e a da simulação
com intenções de dividir e enganar, quando se esgotam as velhas
fórmulas criminais.
Se
nos guiamos pela história recente, isso de apelar para a segurança
nacional
é uma espécie de prólogo para a execução em Venezuela de uma
versão particular da chamada guerra
de quarta geração
aplicada em Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, que inclui
bombardeios, agressões militares diretas, uso de forças
mercenárias, paramilitarismo e certas operações encobertas
oriundas da Colômbia.
Esta
atrevida e hipócrita acusação contra a Venezuela bolivariana não
só revela o papel de grande farsante do mandatário estadunidense
como também indica que da guerra econômica, das guarimbas
violentas, das conspirações internas e da manipulação dos preços
internacionais do petróleo se tem pensado passar à guerra
desestabilizadora e às tomadas de territórios pela força. Assim o
sugerem o uso de acusações similares contra outros países.
- Venezuela: principal alvo de ataque da estratégia imperial.
A
soberania venezuelana, principal conquista do processo bolivariano, é
no presente o maior obstáculo para os EUA reconquistar as imensas
riquezas naturais desse país irmão, especialmente suas fabulosas
jazidas petrolíferas; e para reverter –como se tem proposto- a
onda para a segunda independência continental, desarticulando, a
partir da mudança de regime em Venezuela, a ALBA e outros processos
de unidade latino-caribenha, desestabilizando em seguida a Cuba,
afetando de passagem gravemente a Mesa de Diálogos pela Paz em
Colômbia e contendo o avanço político impetuoso das forças
insurgentes e alternativas em Colômbia.
Isso
–está demonstrado- não se conquistou e dificilmente se poderia
conquistar nem com a continuação da hostilidade direta e do
drástico bloqueio a Cuba nem opondo-se abertamente à paz em
Colômbia; porém, aparentemente, creem que se poderia alcançar
concentrando o ataque e reconquistando a Venezuela. E, na falta de
resultados seguros por uma via predominantemente política e
eleitoral [mesclada com certas modalidades de subversão], o poder
imperial parece optar pela guerra
de quarta geração ou
algo parecido.
A
aposta na guerra contra Venezuela é altamente arriscada para o
sistema imperialista e o cálculo malfeito poderia ser fatal para os
EUA, muito mais que em outras experiências parecidas em latitudes do
mundo.
Creio
conhecer bastante as realidades de Cuba, Colômbia e Venezuela, e não
é verdade que o regime e o povo cubano, nem a insurgência e as
forças alternativas colombianas chupam os dedos ou estão dispostos
a bajular ou se abrandarem por esta manobra diversionista de Obama,
que, entre outros objetivos, persegue isolar a Venezuela e semear
desconfianças e divisões em outros níveis, facilitando a agressão.
As
forças protagônicas de ambos os processos sabem muito bem –e se
trata de uma convicção que transcende fronteiras- o valor crucial
que representa a soberania venezuelana para os processos vizinhos e
para a autodeterminação da região. De nenhuma maneira poderiam ser
nem imparciais nem passivos ante tão nefasta determinação
estadunidense. Quem tenha dúvidas sobre isto desconhece realmente o
que são o Partido Comunista de Cuba-PCC, as FARC-EP, o ELN e as
esquerdas anti-imperialistas [políticas, sociais e culturais] desses
países irmãos.
Por
demais, uma agressão desse tipo à Venezuela –e isto é o mais
importante- desataria no seu interior uma insurgência popular
cívico-militar difícil de derrotar, que inevitavelmente se
articularia e se potencializaria em unidade solidária com a poderosa
insurgência colombiana e outros movimentos vizinhos; ultrapassando
fronteiras, impactando intensamente o continente e potencializando as
rebeldias anti-imperialistas em toda a região.
Que
não brinque, Mr. Obama, com fogo maior!
De
nossa parte, @s comunistas-caamañistas@s verdadeir@s revolucionári@s
dominican@s de todas as tendências, internacionalistas por
convicção, estamos decidid@s à solidariedade sem limites frente à
perversidade imperialista contra Venezuela e Nuestra América. Não
tem outra. Qualquer vacilação seria indigna e contrária a nossa
trajetória.
11-3-2015,
Santo Domingo, RD [República Dominicana]