Lula já assombra Por
Ribamar Fonseca
Nunca, na história deste país, um partido e um governante foram tão perseguidos pela grande mídia, com a valiosa colaboração – ingênua, burra ou deliberada – dos veículos menores espalhados por todo o território nacional e, também, por incrustações oposicionistas no Judiciário, no Ministério Público e na Policia Federal. E, o que é mais surpreendente, sem a menor reação do PT e da presidenta Dilma Rousseff, cuja apatia beira a covardia. Isso não é democracia: é golpismo! No seu esforço permanente para derrubar a Presidenta e inviabilizar a candidatura do ex-presidente Lula em 2018, os grandes veículos de comunicação sediados no eixo Rio-São Paulo perderam os limites impostos pela ética e pelos escrúpulos, omitindo, mentindo e distorcendo informações para atingir seus objetivos.
As revistas "Veja", do Grupo Abril, e "Época", das Organizações Globo, parece que estão disputando para ver quem mente de maneira mais convincente, com matéria capaz de envolver Dilma e Lula nos esquemas de corrupção sob investigação ou em qualquer coisa que possa eliminá-los da vida pública. Percebe-se, claramente, que os proprietários desses grandes veículos e os grupos que representam não estão preocupados com a situação do país mas, única e exclusivamente, interessados no poder. Querem conquistá-lo a qualquer preço, sem importar-se com os prejuízos que estão causando, com sua campanha sistemática, ao Brasil e aos brasileiros. Até hoje não conseguiram garimpar nada que pudesse tirar Dilma e Lula do seu caminho, mas o veneno destilado diariamente já provoca danos no julgamento que o povo faz dos petistas e do governo.
Escondendo as boas ações do governo e amplificando as negativas a grande mídia conseguiu criar para o país uma imagem de roubalheira e falência. Nada presta. "O governo só tem ladrões e o Brasil está no fundo do poço". Essa a imagem que passou a ocupar a cabeça de muita gente, dentro e fora do país, conforme os comentários entreouvidos nas filas de bancos, nas paradas de ônibus, nos metrôs, nos supermercados, nas ruas. Com tanto bombardeio o brasileiro parece ter perdido a capacidade de raciocínio, assimilando naturalmente "o que dizem os jornais". E com isso, estribado apenas na "teoria do domínio do fato", condena todos aqueles que de alguma forma estão ligados ao PT ou ao governo, até mesmo os que estão há tempos afastados da vida pública. Se não houver, portanto, uma reação vigorosa contra esse processo golpista, Dilma corre o risco de cair e o PT de desaparecer.
Com a governabilidade no fio da navalha, por conta do comportamento oposicionista de aliados no Congresso Nacional, a Presidenta vive sufocada pelo fogo pesado da oposição e da mídia, que não lhe dão um segundo de trégua. O senador tucano Aloysio Nunes, aliás, já disse que quer vê-la sangrando, enquanto o candidato derrotado Aécio Neves disse que não lhe daria paz. Com o respaldo da mídia, ambos estão empenhados em infernizar a vida dela, sob o olhar complacente e acovardado de petistas e aliados, alguns destes últimos aplaudindo os arroubos oposicionistas dos presidentes da Câmara e do Senado, peemedebistas Eduardo Cunha e Renan Calheiros, respectivamente. Aliás, quem tem a dupla CC – Cunha e Calheiros – como aliados não precisa de oposição.
O deputado Eduardo Cunha, que vem desencavando nos porões da Câmara todos os projetos que contrariam a posição do governo, comemorou junto com Calheiros a aprovação da PEC da Bengala, que estende para 75 anos a idade-limite para a aposentadoria compulsória dos ministros dos tribunais superiores. Com a decisiva ajuda do peemedebista, a oposição conseguiu finalmente aprovar a proposta, cujo objetivo é tirar da presidenta Dilma Rousseff a indicação de pelo menos cinco ministros do Supremo Tribunal Federal, para ocupar as vagas que seriam abertas durante o seu mandato. Eles não atentaram, porém, para o fato de que poderão ter colocado nas mãos de Lula a indicação dos novos ministros, pois é grande a possibilidade do metalúrgico ser eleito em 2018. Ou seja, o tiro comemorado como vitória pode sair pela culatra.
Certamente por isso, temendo a volta do ex-presidente, é que os riquinhos pendurados nos prédios de luxo dos bairros nobres do Rio e São Paulo bateram panelas, na varanda gourmet, para não ouvir o recado de Lula na televisão. Não é panelaço. É palhaçada, mesmo, que a Globo noticiou como se fosse um protesto no Brasil inteiro. Não se viu ninguém batendo em panelas nas favelas e nos bairros pobres, até porque seria um enorme prejuízo para quem só tem o necessário para cozinhar. Os pobres ouviram o recado de Lula que, apesar da distância que nos separa das próximas eleições presidenciais, já está assombrando os que temem não conquistar o poder pelo voto. Afastar o metalúrgico do caminho, portanto, passará a ser o objetivo principal dos golpistas, caso não consigam defenestrar Dilma do Palácio do Planalto. Para isso, no entanto, não basta ler o livro do ex-presidente paraguaio José Mujica.