"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Britto García e Serrano afirmam que o governo da Colômbia interceptou liberação das Farc

Segundo a hipótese de ambos, respaldada em artigos da imprensa e declarações de Ingrid Betancourt, o grupo insurgente estava realizando uma entrega unilateral de reféns que foi interceptada pelo governo da Colômbia, como fizeram a meses atrás, quando capturaram os portadores de provas de vida de reféns que seriam entregues à Venezuela.

ANNCOL/YVKE Mundial

De forma independente, os intelectuais Luis Britto García e Pascual Serrano teorizaram nesta quinta-feira que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc-EP) estavam realizando nesta quarta-feira uma entrega unilateral de prisioneiros e seqüestrados, que foi interceptada pelo governo da Colômbia, possivelmente seguindo as comitivas internacionais que estavam dialogando com o grupo insurgente.

Lembram que a Colombia já fez algo parecido há alguns meses, quando o governo da Colômbia capturou pessoas que portavam provas de vida de retidos pelas Farc, que seriam entregues ao governo da Venezuela. O governo da Colômbia fez passar essas provas de vida como um “êxito” próprio e processaram aqueles que os portavam, vários deles mulheres alheias ao movimento guerrilheiro.

As opiniões de ambos os intelectuais foram emitidas no programa “Dando e dando” da VTV, cujo trecho pode ser visto à direita (no artigo original).

Serrano publicou nesta quinta um artigo no portal Rebelión, onde explica melhor sua teoria.

As FARC já haviam expressado a delegados europeus com os quais haviam se reunido sua disposição de liberar os reféns.

A pesar de o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, ter apresentado como uma brilhante operação de inteligência militar a liberação de Ingrid Betancourt e outros quatorze seqüestrados das FARC, a realidade é que foi produzida justamente quando delegados europeus, o francês Noel Sáez e o suíço Jean Pierre Gontard, haviam entrado em contato com a direção da guerrilha para planejar a libertação. As FARC haviam expressado sua intenção a respeito, e o governo havia autorizado os contatos, aos quais havia estrito seguimento.

No último 1º de julho um comunicado do Executivo colombiano lido pelo secretário de imprensa do palácio presidencial, César Mauricio Velásquez, assinalava que os delegados europeus:

Ingressaram nos últimos dias na Colômbia e pediram ao governo autorização para deslocar-se para esse encontro direto com o secretariado (cúpula) das FARC, autorização que o governo concedeu.

Também o diário espanhol El País tratava deste assunto no mesmo dia 1º.

Bogotá havia autorizado a reunião dos negociadores europeus para discutir as condições para futuros encontros para discutir o futuro dos seqüestrados pelas FARC, segundo havia informado a imprensa colombiana. O antigo cônsul francês em Bogotá, Noel Sáenz e o diplomata suíço Jean-Pierre Gontard partiram no início do último fim de semana para um ponto de encontro nas montanhas que o governo não teria facilitado e poderiam ter-se reunido com membros do secretariado da guerrilha, o principal órgão diretivo, e inclusive com o novo líder das FARC, Alfonso Cano.

Segundo este jornal:

As FARC haviam se declarado dispostas a trocar 40 seqüestrados, Betancourt entre eles (também com nacionalidade francesa), três estadunidenses, assim como outros políticos, policiais e membros do exército colombiano, por cerca de 500 guerrilheiros presos. Entre os presos que as FARC desejam trocar, figuram três extraditados aos Estados Unidos. Um deles, Ricardo Ovídio Palmera, o Simon Trinidad.

Segundo o jornal francês Le Figaro, os emissários francês, Noel Sáez, e o suíço, Jean-Pierre Gontard, haviam se reunido no último domingo e quinta, na selva colombiana, com uma pessoa próxima ao novo chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Alfonso Cano.

Já duas semanas antes, fontes próximas ao Elíseo indicaram que a França havia conseguido estabelecer contato com o novo secretariado das Farc, o que o embaixador francês na Colômbia não desmentiu então.

Na Colômbia, o jornal El Tiempo, aliado do governo, reconhecia que dois delegados internacionais poderiam ter se reunido com Alfonso Cano:

“Os encarregados da gestão são os francês Noel Saez e o suíço Jean Pierre Gontard, autorizados pelo Governo para as gestões junto ao grupos subversivo em busca de libertar os seqüestrados.”.

Uma fonte da Casa de Nariño confirmou que “há três dias os europeus inciaram o percurso para concretizar o encontro” em uma região não determinada. A mesma fonte não descartou que a reunião houvesse sido com o chefe guerrilheiro que substituiu Manuel Marulanda Vélez “Tirofijo”, que morreu no último mês de março.

Isso significaria que os canais de comunicação das Farc, praticamente contados após a morte de ‘Raúl Reyes’ no último primeiro de março, começaram a abrir-se novamente.

Governo deu garantias

“O governo havia garantido aos facilitadores o avanço para esses contatos: Foram-lhes dadas as condições para que a reunião fosse bem sucedida”, assinalou o funcionário. Da Casa de Nariño também se informou que os dois diplomatas iam pedir às FARC que aceitassem a proposta de uma zona de encontro para iniciar diálogos em torno de um eventual Intercâmbio Humanitário.

A versão do governo colombiano sobre a libertação é de que militares infiltrados na guerrilha haviam enganado o comandante César das FARC para concentrar os prisioneiros e embarcá-los em um helicóptero que acabou sendo do exército disfarçado, fazendo crer ao comando guerrilheiro que se dirigiam até onde se encontrava Alfonso Cano, chefe máximo das FARC.

A dúvida que paira sobre essa versão é se os guerrilheiros que custodiavam os seqüestrados teriam orientações destinadas a uma iminente liberação, daí sua fácil e ingênua disposição em colaborar em tão suspeito transporte. Ou até que ponto a libertação já estava acordada entre a direção das FARC e os mediadores enviados por França e, no último momento, o exército colombiano interceptou a liberação para apresentá-la como uma operação militar bem sucedida.

Na verdade seria uma operação semelhante à acontecida quando do bombardeio do acampamento de Raúl Reyes no Equador. Naquela ocasião o governo colombiano supôs que se estava gestando a libertação e preferiu eliminar militarmente os porta-vozes guerrilheiros de forma a abortar essa libertação, enquanto que neste caso teriam interceptado dirigindo eles a libertação, para apresentá-la como um sucesso exclusivamente militar e governamental.