"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 27 de julho de 2008

"Carlos Tijeras" afirma que as ARS* de Magdalena, Cesar e La Guajira colaboravam com as auto-defesas.

Sexta-feira, 25 de julho de 2008

O chefe narco-paramilitar da Zona Bananeira José Gregorio Mangones, aliás «Carlos Tijeras», reconheceu o fato e pediu que fosse chamado o financiador do grupo que comandou para que entregue os detalles das colaborações e propinas pagas pelas ARS.
Este texto é inteiramente transcrito deste diário da capital do Magdalena, a terra de Jorge
Noguera Cotes.

Por Hoy Diario del Magdalena/Anncol

Continuando ontem com a sua versão livre, o ex-comandante da frente «Wiliam Rivas» dos para-militares que operaram numa ampla região da Zona Bananeira do Magdalena, José Gregorio Mangones Lugo, aliás «Carlos Tijeras», reconheceu que as 'auto-defesas' receberam colaborações das ARS do departamento de Magdalena, mas que o Chefe Financeiro é, para isto, a pessoa que poderia entregar maiores dados do dinheiro que recebiam.

Ante um Fiscal de Justiça e Paz, 'Carlos Tijeras' assegurou que as auto-defesas se financiaram com o dinheiro entregue por várias ARS dos departamentos de Cesar, Guajira e Magdalena.

Disse que, em três meses de 2004, as Auto-defesas tinham recebido mais de 130 milhões de pesos nos três departamentos, dinheiro que passava diretamente para as mãos do ex-comandante Rodrigo Tovar Pupo, aliás «Jorge 40», para o sustento do pessoal que fazia parte do grupamento armado ilegal.

Continuando com o tema da saúde em Magdalena, «Carlos Tijeras» disse que, da mesma maneira, recebiam contribuições dos hospitais e que este dinheiro era para poder sustentar a guerra.

HOSPITAL DE CIÉNAGA

Segundo o relato que Mangones Lugo fez ante a Fiscal de Justiça e Paz, quando esteve no Hospital de Ciénaga “encontrei muita corrupção, por isto decidi que ao nomear o diretor, deveriam para isso falar comigo e foi quando nomearam Jaime Sánchez Maldonado, a quem lí a cartilha chegando, enfim, a um acordo com ele, que era: pagar os imposto de guerra, ajudar com as brigadas e com os medicamentos nos bairros marginais onde tinham o controle”.

Da mesma maneira, Mangoles Lugo disse que abriu alguns estabelecimentos descentralizados e que trabalhou com ênfase na saúde da comunidade.

«Colocamos ordem. Eu tinha um funcionário de controle, Efrain Carbonell, que revisava as contas e se tudo estava correto. Mas quando tive que me ausentar da região para me concentrar em Ralito, na época em que fui detido, o tipo fez a festa e abandonou a causa. Se converteu no maior corrupto que jamais havia passado por esse hospital; teve que renunciar. Ele foi nomeado no Governo de Trino Luna, o hospital era da cota política do partido Colômbia Viva”, disse.

Sobre este tema, o ex-chefe para-militar pediu à Fiscal de Justiça e Paz que se investigue também este caso da gestão dos hospitais no departamento de Magdalena, ao mesmo tempo que negou que tenham sido as auto-defesas que roubaram os centros assistenciais.

«Nós só tratamos de mudar um pouco as coisas no mundo corrupto que encontramos. Na base do pulso firme logramos consegiur algumas coisas: dirigir o dinheiro para a comunidade, respeitando o que correspondia ao imposto de guerra, à contratação e a ajuda de emergência para as tropas. No entanto, foi só afrouxarmos a mão e o mal regressou. Inclusive nossos próprios amigos e o pessoal que tinha apoiado as mudanças nos atraiçoaram”, apontou ontem em sua versão livre ante a Justiça e Paz, José Gregorio Mangones Lugo.

HOSPITAL ZONA BANANEIRA

Quanto ao hospital da Zona Bananeira, 'Carlos Tijeras' disse que os mesmos parâmetros e as mesmas circunstâncias se deram com o hospital da Zona Bananeira que em seu devido momento se comprometeu com os objetivos sociais, militares e os impostos de guerra. Disse, de igual maneira, que o resumo do setor saúde é, mais ou menos, a síntese do quanto ocorreu nos hospitais do departamento e nos de segundo nível, durante o tempo que correspondeu ao seu comando.

OS IMPOSTOS

Ao se referir a cobrança de impostos aos hospitais, disse que era problema deles o como fariam para pagar o imposto de guerra e que, além do mais, deviam fazer as obras e entregar as provisões e serviços com suas especificações técnicas.

Disse que o imposto deveria sair do controle dos contratistas, o que para eles seria melhor, porque a antiga “mordida” dos funcionarios lhe custava entre 20 e 40 % do contrato, pelo que as obras não eram feitas.

Por essa razão proibiram que os contratistas dessem 'mordidas'. Era melhor reservar este dinheiro para o imposto de guerra fazendo a obra, o que nos servia para consolidar as bases sociais.

«Nosso interesse era o controle dos cargos locais e seccionais, pois o que nos interessava era o território e as pessoas que viviam nesse território. A nós servia mais um político de base do que um político de alto escalão”, anotou.

Por outro lado, Mangones Lugo asseverou que os Senadores e Representantes serviam para conseguir dinheiro para as obras, cujos projetos os administradores municipai deveriam fazer ou, no caso da saúde, os hospitais de segundo nível. “Eram os entes que tinham que ver onde nós nos movíamos”, disse ele.

Logo afirmou: “Mas o tema dos Municípios e Hospitais estava cruzado com o tema da política e dos partidos. Por um lado tinha-se que ter em conta o Conselho, porque era a soma de Conselheiros que elegia a um Prefeito. Então tinha que se entender com os Conselheiros para poder eleger os Prefeitos e também depois, durante o governo, porque eles tinham que aprovar o orçamento e as autorizações para contratar obras”, relatou à Fiscal de Justiça e Paz, José Gregorio Mangones Lugo.

Finalmente, durante a diligência de ontem, relatou que a mesma situação anterior, ou seja a dos Conselheiros; se passava com a Assembléia, a soma de Deputados era a chave para eleger o Governador e para garantir o funcionamento do governo. Então nós tínhamos que entrecruzar nossos interesses com os interesses dos políticos locais, dos políticos departamentais e os dos nacionais. Eles necessitavam de nós para deixar-los trabalhar politicamente nas regiões sob nosso controle, para que lhes dessem os votos e para que a guerrilha não lhes impedisse de fazer política”, terminou dizendo Mangones Lugo.


* Seguradora do Regime Subsidiado – ARS. Nota do tradutor.