"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 14 de julho de 2008

O espião de Uribe e as provas da Interpol

O espião do regime de Uribe para espionar os exilados colombianos no exterior, Ernesto Yamhure, escreveu um artigo no dia 11 de julho em El Espectador [1], dizendo que ele tem provas de que a senadora Gloria Inez Ramirez, do Pólo Democrático Alternativo, está jogando a favor das FARC.

Por Dick Emanuelsson*

Yamhure vai apresentar o resultado do seu trabalho quando exercia seu papel de espião e coordenador da “Rede de 100.000 amigos da Colômbia no exterior” a partir da Embaixada colombiana em Estocolmo, Suécia.

Escreveu:

“Agora que a Corte resolveu abrir investigação contra a senadora Ramírez por seus supostos vínculos com as Farc, nos próximos dias trarei ao conhecimento do Alto Tribunal estes acontecimentos porque com o processo da farc-epolítica deve abrir-se o debate sobre a responsabilidade daqueles que, ao defender a combinação de todas as formas de luta, justificam os crimes da guerrilha”.

“Estes acontecimentos”, aos quais se refere o frustrado e descoberto espião colombiano, são declarações públicas feitas pela presidenta da Associação Jaime Pardo Leal, organização que leva quase 15 anos trabalhando publicamente, realizando fóruns, seminários e conferências, tanto em lugares públicos como em sua sede, conhecida por toda a população do país escandinavo.

Yamhure menciona um dos vários festivais pela paz na Colômbia que a mencionada organização realizou na Suécia: em 2004, quando tomou a palavra tanto a senadora Gloria Inês Ramirez, como o deputado europeu, Jens Holm acusado pelo frustrado e descoberto espião colombiano como “um agressivo militante da esquerda sueca” que “em sua torpe vermelha de vida aparece o cardo de editor da página da Anncol”.

No dicionário, a palavra torpe significa: “repugnante, desonesto, vil”. Esta é uma acusação muito grave de Yamhure contra um deputado europeu. Os que conhecem Holm, o conhecem como um humilde e muito amável homem, que não somente foi um defensor e buscador da paz justa na Colômbia, como também um defensor dos direitos dos animais.

Sentenciar o pensamento e a opinião

Yamhure acusa perigosamente a senadora Ramírez de estar à serviço das FARC, não porque tem provas, mas porque, como ela, segundo Yamhure, defende “a combinação de todas as formas de luta de massas”, e que portanto automaticamente “justificam os crimes da guerrilha”. Yamhure pretende que haja sentença contra o pensamento e a opinião, não sobre fatos reais.

É um jogo de palavras que vale muito pouco nos tribunais mas que pode ter conseqüências fatais em um estado que exerce um terrorismo institucionalizado. Pergunte a Ivan Cepeda, filho de Manuel Cepeda Vargas, o lendário diretor do semanário Voz e senador pelo Partido Comunista, que defendeu no 15º congresso do Partido Comunista Colombiano a idéia de “combinação de todas as formas de luta de massas”, não porque fosse algo da insurgência colombiana, e sim porque era, e é, uma realidade na nação colombiana, onde as massas, em falta de um espaço democrático, exercem seu direito de levantar-se, como dizia inclusive a declaração da independência estadunidense, a um regime opressor que diariamente massacra, tortura, desaparece com opositores, ou, como no caso de Manuel Cepeda, assassina o colombiano que se atreve a dizer as coisas como realmente são no “país das maravilhas” sob o jugo do regime de Uribe.

E o que aconteceu, Yamhure, com o “embaixador das Farc na Europa”?

O ex-Primeiro Secretário da Embaixada colombiana em Estocolmo, frustrado e descoberto espião, tem como costume sindicar e sentenciar aos opositores do regime de Uribe. Assim o fez com todos os que deu na sua telha. Sobre este humilde, porém atrevido, comunicador social, que escreve estas linhas, acusou três vezes em sua crônica no diário El Espectador de ser “embaixador das Farc na Europa”. Acusação que a Revista Semana logo reproduziu, sem que, até o momento, se dignificasse em comprovar, apesar de ter-lhes enviado uma petição, tanto ao El Espectador como a Semana.

Já fazem três meses (perto do início de maio) que enviei ao senhor Yamhure um correio eletrônico expressando que estava decepcionado por não ter saído no laptop de Raúl Reyes, já que Yamhure havia prometido me colocar atrás das grades na Colômbia por ser “guerrilheiro” e por receber “salário diretamente de Reyes e do Secretariado”. Diante de tal acusação, não aconteceu nada! Nem sequer no laptop saí, isso porque havia estado tanto no acampamento de Reyes, em abril de 2005, como no outro acampamento, muuuuuuuuito mais pra lá, onde funcionava a Voz da Resistência, a emissora do Bloco Sul das FARC-EP, lugar bem guardado para não ser descoberto e apagada sua Voz resistente.

O suíço não caiu bem....

Porém, até a data, nenhum correio eletrônico saiu com o meu nome. Claro que nunca se sabe, porque agora, quando a armação do Ministro da Defesa ficou com as calças arriadasa por ter transferido 20 milhões de dólares a “César” na “Operação Xeque”, descobriram que o facilitador suíço, de que Santos suspeita de ter sido a “fonte” da emissora suíça que, apenas depois do “resgate militar”, denunciou que tudo foi uma armação e não foi nenhum “êxito militar”, apareceu no laptop de Reyes, acusado de tudo, além de ser laranja europeu de Reyes; dando ao suíço um grande currículo como facilitador de conflitos no mundo.

Yamhure me faz rir e pesar, porque suas denúncias são baratas, sem fundamento e seguem o Manual da Guerra de Baixa Intensidade Ideológica, também chamado de Guerra Psicológica pela CIA. Mas Yamhure o faz tão mal que só merece ser chamado, como já o disse antes, “a ferramenta barata do uribismo”.

Frustrada sua carreira diplomática

Da mesma forma, o senhor Yamhure está ressentido porque frustrei sua carreira diplomática (ia ser designado embaixador da Colômbia na Holanda) e seu trabalho de espião, que terminou quando tirei fotos dele tirando fotos dos exilados colombianos que manifestaram seu repúdio ao terrorismo do estado colombiano, no momento em que subia ao porto de Estocolmo o grupo da Armada colombiana “Gloria”. Trabalho tão ilegal que ofende a um país que respeita o Direito Internacional, como é o caso da Suécia.

Da outra vez que Yamhure foi pego em flagrante quase causou um ataque cardíaco em Carlos Holmes Trujillo, então embaixador de Uribe em Estocolmo, pois Yamhure saiu nas primeiras páginas do mais lido jornal da Suécia, Aftonbladet, tirando fotos da parte alta da rua dos exilados colombianos que estavam embaixo.

Por ter sido registrado e denunciado em minha câmera fotográfica, Yamhure colocou a Colômbia em apertos internacionais, perdeu seu posto e viu frustrada sua carreira de espião a serviço de Uribe. De lá provém seu ódio visceral e doente pela minha pessoa. Essa é a origem dele ter me acusado de ser “embaixador das Farc na Europa”, continente que deixei há quase dez anos para ir trabalhar em tempo integral a América Latina. Desse ódio vem as fantasiosas “provas” de Yamhure que nem sequer cabem no laptop de Reyes, quanto mais servirão contra a senadora Gloria Inês Ramírez.

Do mesmo caldo de mentiras de Yamhure, os Laptops de Raúl Reyes.

Interpol ou Scotland Yard?

A Corte Suprema de Justiça não confia na Interpol, por isso pediu à Scotland Yard que revise os arquivos do laptop de Reyes. Mas, e não quero defender a Interpol, os detetives dessa organização internacional confirmaram que, entre os dias 1º e 3º de março, quando o laptop estava em poder do general Naranjo da polícia colombiana (no dia 4, Naranjo enviou um fax à Interpol, pedindo que revisasse os conteúdos dos três laptops de Reyes), mais de 48.000 arquivos haviam sido modificados de alguma maneira.

Segundo a Interpol, DEPOIS do dia 1º de março:

* 273 arquivos de sistema foram CRIADOS.

* 373 arquivos de usuário e de sistema doram “VISITADOS”.

* 786 arquivos de sistema foram MODIFICADOS.

* 488 arquivos de sistema foram APAGADOS.

Um segundo laptop, dos três, deixou o seguinte resultado:

* 589 arquivos de Sistema Dora CRIADOS.

* 640 arquivos de sistema e de usuário foram VISITADOS.

* 552 arquivos de sistema foram MODIFICADOS.

* 259 arquivos de sistema doram APAGADOS.

Um terceiro laptop mostrou os seguintes resultados após o dia 1º de março de 2008:

* 1.479 arquivos de Sistema foram CRIADOS.

* 1.703 arquivos de sistema e de usuário foram VISITADOS.

* 5.240 arquivos de sistema foram MODIFICADOS.

* 103 arquivos de sistema foram APAGADOS.

No total, foram criados, modificados ou apagados 48,055 arquivos dos três laptops, segundo os especialistas da Interpol, que tampouco podem garantir que a origem desses aparelhos era do acampamento de Raúl Reyes.

Será que aí, como uma bolsa de reserva, se encontram mais opositores colombianos e estrangeiros que se atrevem a questionar o mandatário colombiano?

Mas a pergunta que deve-se fazer depois destes acontecimentos, que são apenas uns exemplos, se alguém pode ter credibilidade nas declarações desses três supostos laptops?

Reyes Triplicou os laptops?

Agora que me lembro... Em abril de 2005, quando visitei o acampamento de Raúl Reyes, ele só tinha um laptop.

E mais, e o repito mais uma vez:

Raúl Reyes e todos os comandantes das Frentes e o próprio Secretariado, encriptavam os arquivos que são enviados por rádio de ondas curtas.

O que circulou por todos os meios é que os comandantes enviam suas mensagens pela internet, como se estivessem visitando um Café Cibernético na selva a toda hora, pela quantidade de correios que agora aparecem nos mesmos meios, tenho que dizer que nada disso é real. Porque se fosse assim, pela posição geográfica seriam uma presa fácil de localizar. E os militares sabem disso mas não dizem nada. Por isso, as mensagens saem pela rádio de ondas curtas, mas primeiro, encriptados no programa de PGP, mas o PGP do sistema operacional DOS. Na rádio eles são convertidos para poderem ser enviados pela onda curta.

Programa priobido nos EUA

Porque DOS? Porque é o mais seguro e o Pentágono não tem as senhas para desencriptar as mensagens. É por isso que este programa está proibido nos Estados Unidos, onde somente o PGP, baseado no sistema operacional de Windows de Bill Gates, está permitido.

Os gringos têm tentado várias pressionar os europeus a proibir, ou pelo menos entregar as senhas secretas dos arquivos, mas estes se negaram. Obviamente, não são nada “burros” os europeus, porque sabem que os gringos podem roubar, assim, segredos industriais e favorecer as transnacionais estadunidenses.

Copiam os laptops nos aeroportos

É com razão, que jornalistas e industriais não estadunidenses agora protestam quando chega na fronteira dos EUA, onde a política de imigração copia e faz um scanner de hd´s de laptops, memórias de USB ou de qualquer produto onde se possam copiar arquivos de dados, como uma agenda eletrônica, ou qualquer Palm, por exemplo.

*Jornalista sueco, correspondente na América Latina

[1] "Los festivales de la senadora", Por Ernesto Yamhure, El Espectador 11 de Julio 2008. http://www.elespectador.com/opinion/columnistasdelimpreso/ernesto-yamhure/columna-los-festivales-de-senadora
La fuente sobre los datos de la Interpol: "Improbable database of a Farc commander", por Maurice Lemoine, Le Monde Diplomatique, 7 July 2008 que tiene estas referencias:
(1) Among the dead were an Ecuadorian, four Mexican students and a Colombian soldier killed, not in combat, as Bogotá claimed when it accorded him a state funeral, but by a falling tree.
(2) BBC Mundo, London, 7 March 2008.
(3) https://mail.zmag.org/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.vtv.gob.ve/detalle.php?s=2%26
(4) The centre-left El País belongs to the multinational Prisa group, which controls more than 1,000 radio stations in Spain, the US, Mexico, Panama, Costa Rica, Colombia, Argentina and Chile with a total audience of 30 million listeners.
(5) https://mail.zmag.org/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.interpol.int/Public/ICPO/speechhttps://mail.zmag.org/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.interpol.int/Public/ICPO/speech
(6) "Interpol's Forensic Report on Farc computers and hardware seized by Colombia".
http://www.interpol.int/Public/ICPO/PressReleases/PR2008/pdfPR200817/Default.asp