"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Libertação e Desrespeito ao Direito Internacional Humanitário


À luz das notícias em torno do grande acontecimento da libertação de 15 sequestrados prisioneiros das Farc, que incluem a ex-candidata presidencial, Ingrid Betancourt, levada a cabo por uma operação comando das Forças Armadas da Colômbia, com o apoio reconhecido do governo estadunidense, não é menos claro que a operação se realizou com um “engano” que vai contra os postulados do direito internacional humanitário, o direito da guerra, porque se fez uso, na operação de resgate, de um avião do exército da Colômbia pintado de branco e com a insígnia da Cruz Vermelha Internacional, um assunto de gravíssimas implicações, e sobre o qual fizeram-se silêncio, em meio à euforia, tanto Ingrid Betancourt, como outros prisioneiros militares entrevistados, e as autoridades militares colombianas e o próprio presidente Uribe, o embaixador William Brownfield, e o candidato republicano McCain, que foi avisado da operação um dia antes que esta ocorresse.

Tal acontecimento, que é uma violação do direito internacional humanitário, ao utilizar de uma organização internacional neutra em uma ação de guerra, a Cruz Vermelha Internacional, nos iguala com operações cumpridas na África e em Israel, e continua uma cadeia de ações ilegais cometidas pelo governo colombiano, utilizando meios que supostamente teriam fins altruístas. Esta operação que se define como “perfeita e impecável” não o é nem um pouco em matéria jurídica, porque consiste em uma grave violação. E esta une-se ao recente anúncio da Corte Institucional, no mesmo dia da libertação, que não revisará a decisão de exeqüibilidade, com um honroso salvamento do voto do Magistrado Araujo, feita sobre a mudança constitucional que permitiu a reeleição do presidente Álvaro Uribe, com um ato ilícito, perpetrado pela congressista Yidis Medina.

Trata-se, nem mais nem menos, da cumplicidade com tal ato delitioso de funcionários do executivo nacional, e do próprio presidente beneficiado com tal conduta criminal, que abriu a possibilidade de sua segunda presidência. Ao qual se une a prova da intervenção ilegal do clientelismo armado nas duas eleições presidenciais, tal como está documentado pelas investigações da fundação Arco Íris, e as contribuições feitas pela equipe, da qual fazem parte León Valencia, Claudia López, Mauricio Romero, e a jovem investigadora Laura Bonilla, que hoje encontra-se forçadamente fora da Colômbia, morando em Madrid.
Por conta disso, é fundamental hoje participar na mobilização de apoio à Corte Suprema de Justiça, o qual deve se unir às exigências de renúncia do presidente por haver sido reeleito utilizando uma fórmula ilegal e inconstitucional para fazê-lo. Ao anterior deve-se unir uma demanda cidadã pelo respeito ao direito interno e ao direito internacional humanitário, que foi desconhecido flagrantemente para obter a libertação dos seqüestrados sobre o qual a euforia do instante guarda silêncio cúmplice.