"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Assim fomos espionados pela inteligência gringa, segundo Snowden



Fonte: El Tiempo



Os vazamentos do ex-agente da NSA indicam que a Colômbia foi objetivo tão estratégico quanto o Iraque

Ainda não se sabe qual tipo de dados obtidos pelos EUA, através dos seus sistemas de espionagem, na Colômbia. Nem o volume de informação compilada ou se atuou com o consentimento das autoridades. Mas se algo ficou claro com os documentos revelados nesta semana pelo jornal brasileiro O Globo – de um pacote do qual ainda se desconhece a grossura – é que, nos últimos cinco anos, a Agência Nacional de Inteligência (NSA) vigiou-nos de perto.

O tsunami provocado pelo ex-terceirizado da NSA, Edward Snowden, em junho, quando contou ao jornal britânico The Guardian que essa agência bisbilhotava registros telefônicos e de Internet de milhões de usuários e organizações dentro e fora dos EUA, atingiu de cheio à Colômbia. (Leia também: Colunista do The Guardian diz que Snowden pode provocar mais dano ainda).

O blogueiro e colunista Gleen Greenwald, o primeiro a publicar os vazamentos de Snowden e a quem o ex-agente teria entregado um pendrive com, aproximadamente, 5.000 documentos confidenciais, assegurou ao O Globo que a Colômbia é o país de maior interesse para os EUA na América Latina, depois do Brasil e México.

Segundo Greenwald, esta espionagem sistemática ocorria utilizando pelo menos três softwares de computador. O primeiro deles é o Prism, um software de inteligência que permite acessar correios eletrônicos, conversas on-line e chamadas de voz de clientes de empresas tais como Facebook, Google e Skype (com a ajuda da Microsoft, segundo denuncia do The Guardian)

Através do Prism, os EUA teriam realizado um intenso seguimento na Colômbia, especialmente entre os dias 2 a 8 de fevereiro. Naqueles dias, concretamente no dia primeiro de fevereiro, o governo informou a morte de ‘Jacobo Arango’, guerrilheiro das FARC e considerado mão direita de ‘Iván Márquez’, por um bombardeio do Exército em Córdoba. E nessa mesma semana foram divulgados detalhes do rascunho do novo Estatuto Nacional de Drogas que o governo tinha previsto apresentar ao Congresso e com a que poderia dar um giro na luta contra o narcotráfico. Entretanto, o projeto foi engavetado.

Outro programa espião utilizado pelos EUA teria sido o Boundless Informant (Informante sem limites), que permitia monitorar massivamente chamadas telefônicas.
De acordo com um mapa com escala de cores sobre a atividade deste software no mundo, as interceptações na Colômbia estariam em um grau parecido com o do Iraque.

O terceiro programa espião, X-Keyscore, servia para detectar a presença de estrangeiros em um país através do idioma utilizado nos correios eletrônicos. Segundo os dados obtidos pelo O Globo, este software teria sido utilizado para espionar a Colômbia, Equador e Venezuela durante a crise diplomática desatada pelo bombardeio aéreo ao acampamento de ‘Raúl Reyes’ em território equatoriano, em 2008.

Entretanto, até agora, não há evidências de que as comunicações interceptadas fossem ouvidas ou lidas, nem que tenham apontado pessoas específicas. O que sim se acredita é que os EUA fizeram coleta em massa de informação para acessar os chamados ‘metadados’, quer dizer, não vasculharam o conteúdo das conversas e das mensagens interceptadas, mas características como, por exemplo, quando se produziram essas comunicações, quem participou, onde estavam os interlocutores, quanto durou o contato, etc. Os especialistas consideram, entretanto, que os ‘metadados’ são peças-chave na hora de apontar as antenas para objetivos específicos, quando as autoridades consideram justificado.


As ‘sucursais’ da NSA

O vazamento assinala também que a NSA, em colaboração com a CIA, manteve escritórios em cidades como Brasília, Caracas, Cidade do México e Bogotá, e que a informação destas ‘sucursais’ era compilada em uma base em Porto Rico, ainda que nenhum dos países em questão tenha confirmado a existência de tais bases.

Greenwald foi além e numa entrevista a Caracol Rádio, na quarta feira passada, afirmou que numa conversa com Snowden, o ex-agente confirmou que a Colômbia era o país de maior interesse para os EUA na América Latina depois de Brasil e que há  milhares de gravações e correios eletrônicos interceptados “com o conhecimento do próprio governo colombiano”.

Mesmo que o governo não tenha se referido particularmente a estas declarações e que, através de um curto comunicado, tenha solicitado explicações para o que considera “atos de espionagem violadores do direito à intimidade das pessoas e das convenções internacionais em matéria de telecomunicações”, não é segredo que há muitos anos as agências dos EUA colaboram com órgãos de investigação na Colômbia.

De tato, El Tiempo estabeleceu que, mesmo a NSA não tendo uma sede oficial na Colômbia, conta com um escritório aliado chamado ORA, que dá assessoria às diretorias de inteligência nas investigações contra o terrorismo e que, eventualmente, monitora atividades de grupos islâmicos na América do Sul, através de interceptações realizadas utilizando a plataforma Esperança que a Procuradoria possui nas suas instalações em Bogotá. Se estas atividades foram além, é apenas uma das respostas que se esperam dos EUA nos próximos dias.


Silêncio: A embaixada ainda não dá explicações

As últimas semanas não tem sido fáceis para o embaixador dos EUA na Colômbia, Michael McKinley, que deixará o cargo nos próximos dias. Teve que enfrentar a trágica morte do agente do DEA assassinado em 20 de junho em Bogotá e, na última semana, a divulgação do escândalo pelas revelações do caso Snowden sobre a Colômbia. Consultado sobre o assunto por El Tiempo, o diplomata insistiu no que tem repetido durante toda a semana para os meios de comunicação: “Através dos canais diplomáticos, os EUA darão ao governo colombiano as explicações correspondentes”. McKinley insistiu que os EUA, “assim como outros países, coleta informações sobre temas de segurança” e destacou também que a colaboração em assuntos de inteligência, entre a Colômbia e os EUA, tem sido muito útil para a luta contra o narcotráfico e o terrorismo.