Fim do conflito armado deve acelerar crescimento econômico e gerar qualidade de vida
Por Natasha Pitts
O que a Colômbia ganhará com a
paz? O questionamento é o título de um estudo preparado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Centro
de Análise de Conflito (Cerac) com o intuito de mostrar, de forma
clara e em termos práticos, os reais benefícios do fim do conflito
armado interno na Colômbia. Hoje, o governo e as principais
guerrilhas tentam afinar uma conversar e colocar fim aos ataques
mútuos, que já duram mais de meio século.
O primeiro ponto positivo destacado é
a aceleração do crescimento econômico. Atualmente, o Produto
Interno Bruto (PIB) departamental se duplica a cada 18,5 anos.
Estima-se que, com o fim do conflito, essa duplicação possa
acontecer a cada 8,5 anos. A renda anual por habitante também deve
aumentar. Hoje, ela é de US$ 11.200 e sem o conflito deve subir
significativamente e passar para US$ 16.700.
O documento toma como exemplo Peru e
Filipinas. Com o fim do conflito armado nesses países, a taxa de
crescimento do PIB aumentou em 45% e 37%, respectivamente. A
realidade da Colômbia e de Israel - onde a luta armada persiste -
foi de diminuição desse indicador de desenvolvimento econômico em
1%.
Sendo assim, enquanto o conflito
existir haverá atrasos em matéria de desenvolvimento, sobretudo nos
pequenos municípios. Livre da violência, pequenas e médias cidades
poderão receber mais recursos. Contudo, não é preciso apenas
cessar o conflito, mas sim encerrá-lo definitivamente. Em outras
palavras, o documento destaca que "a paz é um caminho seguro
para o desenvolvimento”.
O sistema financeiro também deve se
tornar mais includente, com benefícios chegando para mais
colombianos na zona rural e nos municípios afetados pelo conflito
armado. O chamado ‘risco país’, indicador utilizado para
orientar os investidores estrangeiros a respeito da situação
financeira de um mercado emergente, deve diminuir e,
consequentemente, crescerá a possibilidade de se pagar a dívida
externa e atrair novos investidores.
Menos vítimas da violência e uma
melhor qualidade de vida também são benefícios certos. A reparação
deve atingir mais de 6 milhões de vítimas e a restituição de
terras poderá ser acelerada. Ainda com relação à questão
agrária, será possível uma melhor distribuição das propriedades
de terra, diminuindo assim a brecha entre zonas urbanas e rurais.
Em suma, o fim do conflito armado
deve impulsionar o desenvolvimento, gerar mais equidade, bem estar
social, renda e qualidade de vida em todos os setores, além de frear
a fuga de 'cérebros' e capital humano do país.
Veja o estudo em:
http://www.co.undp.org/content/dam/colombia/docs/Paz/undp-co-queganacolombiapaz-2014.pdf