"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 8 de junho de 2014

As FARC e o Segundo turno na Colômbia


É de tal tamanho a mesquinharia da oligarquia no poder que agora pretendem que as FARC-EP saiam correndo a “proporcionar apoio ao presidente” Santos. Isso se conclui do exposto pelos “radiodifusores” do regime oligárquico-mafioso, os quais qualificam de “ruindade” a posição das FARC de esperar a ver o que passa depois das eleições.


Devemos pontualizar –desde nossa civilidade- que há vários pontos a levar em conta.


Primeiro, que não é do interesse das FARC e muito menos do povo “dar a mão” a JMSantos –agora que tem “a corda no pescoço”-, já que o presidente demonstrou ao longo dos anos que é um “inimigo do povo”. Recordemos a posição de JMSantos quando era ministro de Fazenda. Propôs algo que favorecesse ao povo? Jamais. Propôs algo para favorecer ao povo como senador da República? Jamais. Fez algo como ministro de Defesa? Jamais, pelo contrário. Aí estão os “falsos positivos” ou execuções extrajudiciais como prova.


Segundo, temos que assinalar que nenhuma organização revolucionária popular “tem o dever” de apoiar as políticas estatais, por muito boas que fossem, porque o bom do estado é sempre mau para o povo. Esqueçamo-nos dessa mentira de que como “oposição revolucionária” temos que apoiar a um candidato oligárquico porque é o menos pior, ou de que “votaremos” no Parlamento as moções “boas” do estado burguês. Relembremos, não mais, o erro histórico de Petro voltando em Ordóñez.


Terceiro, as FARC não têm nenhuma obrigação de “dar uma mãozinha” a Santos porque este indivíduo a toda hora está vangloriando-se de que ele “tem jogado duro contra as FARC” para ficar bem com os oligarcas tradicionais e mafiosos do país. As FARC não apoiam Santos porque Santos representa tudo o que as FARC combateram por toda a vida, isto é, Terrorismo de Estado, clientelismo, politicagem, corrupção etc. Precisamente por isso é que vimos as FARC “refrescadas”, sentindo que lhes “corre uma fresquinha pela cara”.


Até aqui, o concernente às FARC. Outra coisa é o que concerne ao movimento popular. O interesse primordial do povo é que na Mesa de Conversações de Havana se alcance a solução política ao conflito interno colombiano. Isso significa que ao movimento popular, sim, lhe interessa saber em quem votaria no caso de que decidisse fazê-lo. Os dois candidatos expuseram suas exposições. Paz [Santos] ou Guerra [o “Títere”]. O que não significa que “tocava sair correndo” a manifestar o apoio a Santos, sem antes chegar a um Acordo programático firmado entre Santos e os partidos populares, porque aí, sim, ficaria o movimento popular sem nada entre as mãos e com a certeza de ser um “presenteado”, coisa que sempre sucede.


O movimento popular tem a obrigação de pensar com cabeça fria se lhe convém ou não um ou outro candidato, conhecendo como conhece os dois candidatos oligárquicos tradicional e mafioso, porque, para dizer a verdade, nenhum deles é objeto de garantia de que o que promete seja realidade. Os dois são clientelistas, neoliberais, corruptos, terroristas de estado etc.


O que, sim, fica fora de toda dúvida é que o movimento popular deve sair a defender o Processo que se adianta na Mesa de Havana porque ela responde a seus próprios interesses de classe, assim também responda de uma ou outra maneira aos interesses de um setor oligárquico que não quer mais guerra na Colômbia. Mas são os setores oligárquicos os que têm que sair a lutar com tudo pelo triunfo de Santos, em primeiro lugar o próprio Santos, quem tem demonstrado uma paquidermia, indecisão e inconsequência no tema. E mais, o processo de Havana pode defender-se de mil maneiras, combinando acertadamente todas as formas de luta de massas, sem desprezar nenhuma.


Ao sair a defender o processo de Havana, pode ser que haja coincidências com Santos, porém essa defesa ninguém pode entendê-la como a subordinação do movimento popular à continuidade ou não de Santos. O movimento popular está mobilizando-se por seus próprios interesses de classe e os interesses de classe do povo marcam a pauta da necessidade da continuidade do processo, independentemente de quem ganhe.


Porque há uma verdade axiomática. A Paz na Colômbia, cedo ou tarde, talvez mais cedo que tarde, dependerá de um processo político de Paz, já que a saída militar até os próprios “inimigos da Paz” sabem que é –e será- impossível consegui-la. A derrota do Plano Colômbia e a redução acelerada da porcentagem de participação do império do Norte no financiamento desse Plano de Guerra nos evidencia que o império tem postos seus olhos em regiões muito próximas e ricas em petróleo, já que a Colômbia, desde há alguns anos, não é mais país petroleiro, nem exportador de petróleo. Dali resulta o envolvimento de países da área nos diálogos de Havana.


Se de mesquinharia temos que falar, teríamos em primeiro lugar que assinalar a mesquinharia de toda a oligarquia com o Processo de Havana.