COMUNICADO CONJUNTO # 27
Havana, 6 de novembro de 2013
As Delegações do Governo e das FARC-EP informam que:
Chegamos a um acordo fundamental sobre o segundo ponto da Agenda
(denominado Participação Política) contida no "Acordo Geral para o fim do conflito e
a construção de uma paz estável e duradoura", .
No próximo ciclo de conversações, apresentaremos o segundo informe
periódico conjunto da Mesa
De acordo com tal Agenda, conseguimos consensos sobre os seguintes temas:
1. Direitos e garantias para o
exercício da Oposição política em geral e, em particular, para os novos
movimentos que surgirem logo após a assinatura do Acordo Final. Acesso a meios
de comunicação.
2. Mecanismos democráticos de
participação da cidadania, incluídos os de participação direta nos diferentes
níveis e nos diversos temas.
3. Medidas efetivas para promover maior participação na política nacional,
regional e local de todos os setores, incluindo a população mais vulnerável, em
igualdade de condições e com garantias de segurança.
O que convimos, em seu desenvolvimento, aprofunda e robustece
nossa democracia, ampliando os direitos e garantias para o exercício da
oposição, da mesma forma que amplia espaços de participação política e da
cidadania. Promove o pluralismo e a inclusão política, a participação e a
transparência nos processos eleitorais e o robustecimento de uma cultura
política democrática.
Constitui uma abertura democrática no quadro do fim do
conflito armado. A construção da paz requer da participação da cidadania nos
assuntos de interesse público, em especial nos territórios mais afetados pela
violência e também nos mecanismos de implementação do presente Acordo.
O exercício da oposição política é fundamental para a
construção de uma democracia ampla. Isso adquire maior relevância após a
assinatura de um Acordo Final, que abrirá espaços para que surjam novos
movimentos políticos que requererão de garantias para o exercício da política.
Estabelece-se que, será convocado em um evento
nacional os porta-vozes de partidos e movimentos políticos para integrar uma
Comissão que defina os lineamentos do estatuto de garantias para os partidos
que se declarem em oposição. A linha de tempo se convirá no sexto ponto da
Agenda.
Acordou-se que esta Comissão, através da realização de
um fórum, facilitará a participação de porta-vozes de organizações e movimentos
sociais, especialistas e acadêmicos par que façam suas propostas sobre o
Estatuto da Oposição. E sobres estes lineamentos será elaborada a normatividade
correspondente.
Impulsar-se-á igualmente uma legislação de garantias e
promoção da participação democrática da cidadania e de outras atividades que possam
realizar as organizações sociais, com base nos lineamentos estabelecidos neste
acordo e ouvindo as propostas dos porta-vozes dos movimentos sociais em outro
evento de caráter nacional. A esse respeito, no texto se diz que as
organizações e movimentos sociais, incluindo os que surgirem da assinatura do
presente Acordo, estão chamados a exercer os direitos e cumprir com os deveres
de participação da cidadania. Trata-se de apoderar os cidadãos através da
participação.
No cenário do fim do conflito, o acordo acolhe um
conjunto de garantias para canalizar as demandas da cidadania, incluindo
garantias para a mobilização, o protesto e a convivência pacífica dentro de um
contexto de democracia ampliada.
Abrir-se-ão espaços adicionais para que as forças
políticas, as organizações e movimentos sociais e as comunidades em geral,
especialmente aquelas que trabalham na construção da paz, possam dar a conhecer
suas propostas e projetos através de meios de comunicação institucionais e
regionais. Além disso se acordou fortalecer especialmente os meios de
comunicação comunitários para impulsionar a participação da cidadania.
Outrossim, acordou-se estabelecer medidas para
garantir e promover uma cultura de reconciliação, convivência, tolerância e não
estigmatização, o que implica uma linguagem e comportamento de respeito pelas
ideias, tanto dos opositores políticos como das organizações sociais e de
direitos humanos.
Para esse efeito, prevê-se o estabelecimento de
Conselhos para a Reconciliação e a Convivência tanto em nível nacional como nos
territórios, com o objetivo de assessorar e acompanhar as autoridades na
implementação do que for convindo.
Conveio-se que se estabelecerá um plano de apoio à
promoção de ouvidorias cidadãs e observatórios de transparência, com especial
ênfase na implementação do presente acordo. Um maior controle por parte dos
cidadãos da administração e da gestão pública contribui para a transparência e
para a luta contra a corrupção.
Acordou-se uma revisão
integral do sistema de planejamento participativo para assegurar a efetividade
da participação cidadã na construção e no acompanhamento dos planos de
desenvolvimento, que será um instrumento fundamental na etapa da construção da
paz. Por essa mesma razão, acordaram-se uma série de medidas para fortalecer os
conselhos territoriais de planejamento e, novamente, garantir a incidência da
participação da cidadania.
No subponto de promoção do pluralismo político,
acordou-se que no marco do fim do conflito e com o objetivo de consolidar a
paz, far-se-ão mudanças institucionais para facilitar a constituição de
partidos políticos e o trânsito de organizações e movimentos sociais com
vocação política para sua constituição como partidos ou movimentos políticos.
No caso de novos movimentos, acordaram-se algumas
condições especiais, em uma fase de transição, para dar apoios especiais aos
novos movimentos e partidos políticos e dessa maneira assegurar o necessário
pluralismo político na construção da paz.
Acordaram-se, dentro do marco do fortalecimento da
democracia e do pluralismo político, medidas para assegurar a transparência nos
processos eleitorais, em especial nas zonas de maior risco de fraude e a
promoção da participação eleitoral dos cidadãos, principalmente os que habitam
nas regiões de mais difícil acesso.
Adicionalmente, após a assinatura do Acordo Final,
por-se-á em marcha uma Missão de Especialistas para fazer uma revisão integral
da organização e do regime eleitoral e, com base nas melhores práticas
nacionais e internacionais, apresentar recomendações para fazer os ajustes
normativos e institucionais correspondentes.
Acordou-se a criação de Circunscrições Transitórias
Especiais de Paz para promover a integração territorial e a inclusão política
de zonas especialmente afetadas pelo conflito e o abandono, de maneira que
durante um período de transição estas populações tenham uma representação
especial de seus interesses na Câmara dos Deputados, sem prejuízo de sua
participação nas eleições ordinárias. Estas circunscrições transitórias seriam
adicionais às circunscrições ordinárias existentes. Contariam com as garantias de
acompanhamento para assegurar a transparência do processo eleitoral e a
liberdade de voto dos eleitores. Esta entrará em execução no marco do fim do
conflito, em democracia e depois da assinatura do Acordo Final.
Acordou-se um sistema integral de segurança para o
exercício da política. Tal sistema é concebido em um marco de garantias de
direitos, deveres e liberdades e procura assegurar a proteção de quem exerce a
política com base no respeito pela vida e pela liberdade de pensamento e de
opinião, para fortalecer e aprofundar a democracia e contribuir para criar um
clima de convivência e tolerância e, de maneira especial, do novo movimento que
surgir das FARC-EP para a atividade política legal.
As condições particulares para o novo movimento que
surgir do trânsito das FARC-EP para a atividade política legal, serão
discutidos no marco do ponto 3 da Agenda.
A assinatura e implementação
do Acordo Final contribuirá para a ampliação e aprofundamento da democracia, na
medida em que implicará no abandono das armas e na proscrição da violência como
método de ação política para todos os colombiano, a fim de transitar para um
cenário em que impere a democracia, com garantias plenas para quem participe em
política e, desse maneira, abrirão novos espaços para a participação.
Finalmente se acordou que todo
o referente ao ponto de Participação Política, incluindo sua implementação,
será levado a efeito levando em conta um enfoque de gênero e assegurando a
participação da mulher.
O convindo até agora faz parte de um acordo mais amplo que esperamos
conseguir prontamente e que contém seis pontos. A partir do seguinte ciclo de
conversações começaremos a discussão do quarto ponto da Agenda (terceiro em
discussão) denominado "Solução para o Problema das Drogas Ilícitas".
Queremos lembrar que um dos princípios que guiam estas conversações é que
"Nada está acordado até que tudo esteja acordado". Isto quer
dizer que os acordos que vimos construindo estão condicionados a que cheguemos
a um pacto sobre a totalidade da Agenda e, também, que na medida em que se
avance na discussão, possam ser ajustados e complementados os acordos sobre
cada um dos subpontos.
Por outro lado, as Delegações dispuseram de um escritório na edificação
onde ocorrem a sessões da Mesa de Conversações, para acondicionar os diferentes
objetos e materiais que enviaram as vítimas do conflito através das
Comissões de Paz do Congresso da República. Com isso, querem mostrar seu
respeito a todas as vítimas do conflito sem distinção, tema que deve ser
abordado dentro do ponto quinto da Agenda de conversações.
Ressaltamos a contribuição do Escritório das Nações Unidas na Colômbia e do
Centro de Pensamento para a Paz da Universidade Nacional na organização dos
fóruns realizados sobre os temas de Participação Política e de cultivos
ilícitos. Também incorporamos as contribuições das mesas regionais organizadas
pelas Comissões de Paz do Senado e da Câmara dos Deputados da Colômbia.
Agradecemos aos milhares de colombianos e colombianas e organizações
sociais que nos fizeram chegar suas propostas e opiniões sobre os pontos da
Agenda através dos fóruns, da Página Web ou dos formulários que estão
disponíveis em prefeituras e governadorias. Todas e cada uma destas propostas
foram recebidas pelas delegações em Havana.
Queremos agradecer de maneira especial a Cuba e Noruega, países garantes
deste processo, por seu apoio e pelo ambiente de confiança que propiciam.
Igualmente agradecemos ao Chile e à Venezuela, países acompanhantes, aos quais
as delegações informam periodicamente sobre o andamento dos diálogos.
Estes quatro países formam um grupo de nações amigas do processo, as quais
valorizamos de maneira especial, da mesma forma que agradecemos as expressões
de apoio de outras nações, organismos e líderes internacionais que fortalecem a
confiança no caminho que estamos transitando.
Estes acordos fundamentais são o resultado do intenso trabalho realizado em
profundidade por ambas as Delegações, pensando sempre no desejo de paz dos
colombianos.