“Que se abram cem flores”
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Por
Alberto Pinzón Sánchez
“Que
se abram cem flores e compitam cem escolas do pensamento para
promover o progresso nas artes e das ciências e de uma cultura
socialista florescente em nossa terra”;
foi uma das famosas frases pronunciadas por Mao Tsé-Tung no verão
chinês de 1956, e que só como frase impactante bem traduzida pode
ser relembrada na atual Colômbia.
Não
foi possível [como haveríamos querido] separar na realidade social
colombiana o processo de paz de Havana da campanha eleitoral
parlamentar e presidencial que se avizinha. Pelo contrário, cada
vez mais por efeito de que em nosso país mais que em qualquer outra
formação social capitalista, tal e como o sentenciou Marx, “a
ideologia da classe dominante é a ideologia dominante”, estes dois
processos se fundiram e o anseio popular de viver em paz se converteu
no centro dinamizador e ponto de referência da grande mobilização
social passada e de campanha eleitoral futura:
A
clase dominante colombiana ou Oligarquia Transnacionalizada,
impregnada até os tutanos de neoliberalismo autoritário e
sanguinário, finalmente concentrou neste ponto da paz as
contradições havidas no seio de suas duas frações rivais
representadas por JM Santos e por Uribe Vélez, aos quais não separa
nenhum aspecto econômico. Assim, pois, que o denominado
“santo-uribismo” atua como um só bloco no que a economia
neoliberal se refere, porém tem uma visão totalmente enfrentada no
que se refere à paz com a insurgência e à finalização do
histórico conflito social armado colombiano. Diferenciação esta
última à qual não se lhe tem dado a importância que tem, no
momento de afinar ainda mais nossa análise concreta da realidade
concreta.
LAS
CLASSES SUBALTERNAS, por
sua vez, intimidadas e massacradas durante muitos anos pelo ritual
eleitoral “eleitoreirismo dos dominantes” e que ao largo nunca
resolveu nem resolve nada; têm arraigada a ficção política criada
durante tantos anos de subordinação pelo aparelho ideológico dos
dominantes, de que as eleições celebradas na Colômbia [onde num
mesmo dia se dão todos os delitos e crimes conhecidos e não
conhecidos contra o sufrágio universal] são a “essência da
democracia” e, uma vez mais, se dispõem a participar no jogo
eleitoral, porém numa situação desta vez diferente, marcada
primeiro pela grande mobilização social e popular que se está
dando na Colômbia, e segundo pelas garantias políticas acordadas no
segundo ponto da Mesa de Havana, já amplamente conhecidas pelo Povo
Trabalhador, e isto é novo.
No
setor da denominada “Esquerda colombiana”, que aspira a
representar eleitoralmente esse Povo Trabalhador, há três
concepções, não só do que deve ser a substituição ao
neoliberalismo dominante, como também no que tange ao processo de
paz que se está levando a cabo em Havana:
1 –
O candidato presidencial Navarro e seu grupo não fizeram nenhuma
proposta, nem séria nem de brincadeira, para a superação do
neoliberalismo dominante que ajudou a implementar durante seu governo
no estado de Nariño, e concebe a paz para Colômbia como uma réplica
de sua desmobilização feita há 23 anos, quando sua guerrilha
nacionalista foi derrotada.
2 –
Clara López, candidata presidencial do partido Polo Democrático, se
bem que tenha um excelente programa prático e teórico anti
neoliberal e uma excelente palavra de ordem sobre a democracia com
cultura de paz com justiça social e soberania [1], por efeitos das
diversas tendências marxistas, maoístas, enver-hoxistas,
trotskistas, anapistas, nacionalistas, social-democratas de direita e
de esquerda e até liberais anti marxistas que compõem as bases
desse partido, não pôde passar de uma formulação proteiforme de
um apoio formal ao processo de paz de Havana e à formulação de
que, se ganhasse a presidência da República, continuaria o processo
de JM Santos, porém com uma insistência sua e própria [sugerida
pelo Centro Carter] de recorrer necessariamente a uma “Mediação
Internacional”.
3 –
E como se se tratasse de salto inesperado de uma lebre no caminho,
neste 18 de novembro um acordo que se vinha forjando com paciência e
discrição, entre a ressuscitada Unión Patriótica, o Partido
Comunista Colombiano, a Marcha Patriótica e outras organizações
populares independentes, se lançou a candidatura Unitária e Popular
de uma das vítimas mais destacadas do conflito colombiano, Aída
Avella.
Suas
primeiras declarações apontam, primeiro, à composição de uma
necessária Frente Ampla pela Paz com Justiça Social, Democracia e
Soberania; quer dizer, onde o ideal da paz, que ninguém rechaça,
nem sequer Uribe Vélez, se materialize numa paz concreta, resultado
de uma Solução Política do conflito social e armado colombiano, do
qual se está pactuando só sua finalização na Mesa de Havana, e,
sobretudo, resultado da mobilização do povo humilde, possuidor da
chave da paz e em Marcha para sua segunda e definitiva independência.
E segundo, que deve necessariamente implicar a superação
“definitiva” do neoliberalismo sanguinário dominante.
HOUVERAM,
NOS ÚLTIMOS 50 ANOS, várias
tentativas de união da chamada esquerda colombiana, todas frustradas
porque, ademais do anticomunismo, da repressão e do extermínio
sanguinário por parte dos dominantes, ali também imperou a
ideologia dominante do “muito cacique e pouco índio”, que faz
transbordar os apetites pessoais e as ambições eleitoreiras dos
seres humanos disfarçadas de “divergências ideológicas”. [2]
Experiências
negativas pactuadas para fins puramente eleitorais, assim que tenham
na teoria um maravilhoso programa político presidencial como a Unión
Nacional de Oposición, Firmes, Frente Democrático, Polo
Alternativo, Polo Democrático etc não se podem voltar a repetir,
levando uma nova frustração ao povo humilde; pois não só seria
não aprender da experiência o que, segundo o filósofo inglês
Francis Bacon, é a maior ineptidão humana, senão que o momento
histórico é outro, muito diferente.
Neste
caso, seria melhor dar sentido à frase poética e até democrática
de Mao Tsé-Tung com a qual iniciamos esta coluna: “Que se abram
cem flores e que compitam cem escolas do pensamento”.
Tradução: Joaquim Lisboa Neto
Notas:
(1) http://www.polodemocratico.net/index.php?option=com_content&view=article&id=5294:paz-democracia-soberania-y-justicia-social-ejes-fundamentales-del-programa-alternativo-de-gobierno-de-clara-lopez-&catid=75:noticias&Itemid=66