"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Os Legados de Chávez.



Por Luis Britto García


Toda revolução realiza um pensamento revolucionário. O de Chávez parte de três raízes. A de Simón Bolívar, quem libertou aos escravos, emancipou aos indígenas, confiscou as propriedades dos realistas, atribuiu a propriedade do subsolo à República e tentou consolidar a unidade da América Latina no Congresso Anfictiônico do Panamá. A influência de Simón Rodríguez, mestre do Libertador, autor de projetos libertários de educação para todas as classes e centrada nos ofícios produtivos. E a de Ezequiel Zamora, caudilho agrário do século XIX, quem declarou que a terra, como o ar, é de todos, e proibiu pagar renda por ela. A partir dali, assumiu Chávez cada vez mais o projeto da intelectualidade venezuelana de esquerda dos anos sessenta, que, quando ganhou a maioria parlamentar, foi ilegalizada e empurrada para uma luta armada que a destruiu a sangue e fogo entre 1962 e 1983.


O jovem Chávez contatou com algumas das organizações radicais desbaratadas nesse cruento processo. Dali que sua ideologia nacionalista e bolivariana progredisse cada vez mais para o socialismo, o anti-imperialismo e a interpretação classista da História que se faz patente, por exemplo, nos estatutos do Partido Socialista Unido de Venezuela.


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Venezuela, e talvez a América Latina e o Caribe, não são os mesmos depois de Chávez. Nossa região é a mais desigual do mundo. Por isso, é campo de cultivo dos movimentos sociais, que se articulam à margem dos partidos políticos e do Estado para conquistar reivindicações que nem um nem outros concedem. Chávez potencializou a participação política e social mediante o impulso da Democracia Participativa, e articulou movimentos sociais com Estado e partidos através das Missões. Apesar de tropeços e protelações em aspectos tais como as comunas e as cooperativas, Venezuela conquistou resultados espetaculares. Basta assinalar que alcançou antecipadamente 6 das 8 Metas do Milênio, cujo cumprimento a ONU fixou para o ano 2015. Sob a administração bolivariana, Venezuela erradica a pobreza extrema; conquista que estudem o primário 95% das crianças em idade para isso; avança mais 70% na igualdade de gênero e no empoderamento da mulher; combate eficazmente o impaludismo, a Aids e outras doenças; garante a sustentabilidade do meio ambiente e integra e fomenta uma Aliança Mundial para o Desenvolvimento. Venezuela tem atualmente o menor Índice de Gini de Desigualdade da América Latina capitalista. Ademais, o bolivarianismo reintegra aos trabalhadores as prestações sociais confiscadas pelo social-cristianismo, e com a Missão Barrio Adentro e outras iniciativas garante a atenção médica nas zonas despossuídas, cria um sistema de pensões que cobre a todos os anciãos e garante e estes o transporte público gratuito. Com essas iniciativas, se forma uma geração livre de ignorância e de carências básicas, capaz de eleger seu próprio destino.




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Tal acúmulo de conquistas derruba o mito de que a América Latina e o Caribe sejam pobres: para alcançá-las, basta destinar a objetivos sociais as riquezas que antes beneficiavam somente as transnacionais. A 11 de abril de 2002, a oligarquia e os Estados Unidos dão um golpe de Estado para arrebatar nossa principal indústria, Petróleos de Venezuela S. A. [PDVSA]. A contundente resposta popular consegue preservá-la para a Nação, e aplicar diretamente seus recursos para um gasto social de cerca de 64% do egresso público. O governo bolivariano implanta um controle de câmbios que freia a fuga de divisas e recupera para propriedade da Nação empresas estratégicas, tais como a eletricidade, a telefônica, a siderúrgica e as do alumínio. Ao mesmo tempo, expropria latifúndios e fomenta cooperativas, empresas recuperadas, comunas e fundos zamoranos como unidades produtivas de propriedade social. Requer muito tempo e espaço simplesmente enumerar tantos legados.

Tradução: Joaquim Lisboa Neto