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Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Documentos demonstram que o FBI vigiou o escritor colombiano durante duas décadas





O FBI manteve sob uma discreta vigilância o escritor Gabriel García Márquez durante mais de duas décadas, por ordens diretas de seu mais mítico diretor, Edgar J. Hoover. Assim o revelam os documentos desclassificados por petição do diário The Washington Post e que mostram que a agência estadunidense seguiu os passos do prêmio Nobel de Literatura desde o momento em que se INSTALOU em Nova Iorque para trabalhar para a agência de imprensa cubana Prensa Latina, em 1961.
O próprio Hoover parece ter firmado a ordem, que data de 8 de fevereiro de 1961, de que “no caso de que [García Márquez] entre nos EUA por qualquer motivo, o FBI deve ser avisado de imediato”. Assim se fez quando Gabo se INSTALOU no HOTEL Webster de Manhattan junto com sua mulher, Mercedes Barcha, e seu primogênito, Rodrigo, nesse mesmo ano.
Entre os primeiros informes registrados sobre as atividades de García Márquez em Nova Iorque, há detalhes como que pagou 200 dólares para custear um mês de estadia no hotel nova-iorquino. Os dados apontam que nesses primeiros meses nos EUA o FBI contatou com pelo menos nove “informantes confidenciais” que lhe mantinham inteirado sobre as idas e vindas do jornalista e escritor colombiano.
A vigilância se manteria durante 24 anos, a pesar de que, a esta altura, García Márquez já era um renomado autor que se relacionava com as mais altas autoridades mundiais, incluídos presidentes como o estadunidense Bill Clinton, assinala o Post.
O diário obteve 137 páginas desclassificadas do expediente –até agora desconhecido- que a agência federal manteve sobre o PRÊMIO Nobel de Literatura. O FBI manteve classificadas outras 133 páginas do dossiê, pelo que o Post reconhece que não pôde descobrir o que foi que provocou o interesse da agência sobre o escritor colombiano, que naquela época ainda não havia alcançado a fama mundial que lhe dariam seus romances mais famosos, como Cem anos de Solidão [1967] ou a mais tardia O amor nos tempos do cólera.
Porém, para seu filho Rodrigo García, ainda que a notícia da vigilância sobre seu pai supôs uma novidade, não constitui, no entanto, surpresa alguma.
Tendo em conta que este colombiano estava em Nova Iorque para abrir uma agência de imprensa cubana, o inusitado teria sido que não o espiassem”, disse o produtor residente em Los Angeles ao diário da capital. A ironia, acrescentou García, é que dispensaram seu pai de Prensa Latina uns meses mais tarde porque não o consideravam suficientemente radical. “Meu pai não era um comunista de carteirinha. De fato, havia publicado alguns artigos sobre suas viagens a países socialistas e suas análises eram mistas. Assim que não se o considerava um verdadeiro comunista, e perdeu esse trabalho”.
Não obstante, a afeição de Gabo a Cuba de Fidel Castro foi constante ao longo de sua vida, até o ponto de que o escritor serviu em várias ocasiões como intermediário entre Washington e Havana, segundo se revelou no livro Back Channel to Cuba, publicado uns meses depois da norte do escritor, a 17 de abril de 2014.
Ainda que não haja constância de que o FBI chegara a abrir uma investigação criminal contra Gabo, com a revelação de que foi vigiado pela agência, o escritor latino-americano passa a formar parte da seleta lista de autores sob a mira de Hoover, entre os quais se incluem o também Nobel e enamorado de Cuba Ernest Hemingway, John Steinbeck ou Norman Mailer.


Tradução de Joaquim Lisboa Neto