"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A DESESTABILIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA IMPERIALISTA




Por: Julián Subverso, integrante da Delegação de Paz FARC-EP.

A campanha midiática de desestabilização que hoje se leva a cabo contra Venezuela e outros países da América Latina obedece a uma velha estratégia aplicada pelo imperialismo desde há muitíssimo tempo e que consiste, entre outras práticas, em fazer crer, por meio de suas tecnologias de manipulação e industrial cultural, que os problemas econômicos e sociais que hoje afetam, neste caso, a Venezuela, e que se quer mostrar pior do que verdadeiramente são, respondem às políticas da Revolução Bolivariana e não como produto da reação da direita não só venezuelana como também sul-americana com o conselho e apoio direto do império norte-americano.

É assim como vemos, por exemplo, em relação à problemática que hoje se desenvolve na fronteira, que muitas pessoas têm feito a imagem de Venezuela como o mau da fita, que dizem que ali não há liberdade de expressão, que há que fazer fila para conseguir produtos de uso diário, que há dissidentes encarcerados injustamente, em vez de terroristas golpistas etc. E, por outro lado, não atinam acerca do que sucede sob suas próprias narinas em Colômbia; paramilitarismo, pobreza, fome, desigualdade extrema, guerra, um nível de corrupção indignante, saúde e educação péssimas, concentração da terra, exploração destrutiva, roubo de recursos, saqueio do erário e um sem-fim de injustiças e atrocidades, que custa crer como alguns censuram ao vizinho repetindo como papagaios acusações manipuladas e não se dão conta que a própria casa cai aos pedaços e é saqueada por aqueles que se autoproclamam seus defensores.

O que se mostra constantemente pelos meios de comunicação, que não são de comunicação e sim de publicidade, e que, evidentemente, carecem do que se pode chamar um verdadeiro jornalismo, é pura propaganda falsificada, manipulada e controlada por interesses particulares, para fazer as pessoas pensarem que o que sucede em Venezuela é o produto de um suposto regime ditatorial cujos problemas são intrínsecos ao sistema que ali se desenvolve. Estes meios de publicidade, na realidade, funcionam como um mecanismo a mais de desestabilização política, social e econômica dentro da estratégia terrorista do imperialismo mundial. O que se quer, desta maneira, é gerar no país alvo, no qual, por diversas razões, não é conveniente um ataque militar direto por parte de suas tropas invasoras, criar um ambiente propício para a reação, para a contrarrevolução, para a divisão, para o golpe de estado.

Como dissemos, esta estratégia o império já utilizou em outras ocasiões e com a mesma finalidade, fazer cair por diversos meios o governo de um país que se negue a servir a seus obscuros interesses.

Assim o fez na URSS com a intromissão de diversas cadeias de rádio ocidentais a serviço do capitalismo, como Radio Libertad, que promoviam injustamente a dissidência e o inconformismo, por meio de distorcer a realidade e enganar a população que caía ingenuamente, devido às dificuldades econômicas, em suas redes de mentiras e complô reacionário; neste caso, temos a serviço da publicidade imperialista os grupos PRISA e PLANETA, aos quais pertencem a maioria destes meios de comunicação, incluídos, para Colômbia, Caracol e RCN. Porém, esta desestabilização que se compõe de ataques publicitários, econômicos e políticos, não só se fez na antiga União Soviética como também no Chile de Allende, em Cuba desde 1959, no Iraque, na Coréia do Norte, no Vietnã e, em geral, em todos aqueles países que não querem fazer do capitalismo sua forma de vida ou que por uma ou outra razão se opunham a seus interesses geopolíticos e econômicos, como se passa atualmente com Bolívia, Equador e Venezuela.

Sabemos, ademais, que esta estratégia terrorista de desestabilização não só tem a missão imediata de derrocar o governo do país em questão, fazendo com que o inconformismo das pessoas manipuladas e enganadas o façam renunciar ou apoiando militar e financeiramente um grupo violento reacionário que, uma vez criadas as condições de inconformismo, possam ajudar a destruir o governo ou dar diretamente um golpe de estado como sucedeu no Chile com Pinochet, no Afeganistão com os talibãs na guerra fria, como os esquadrões da morte na América Central nos anos ’80 e agora com os rebentos paramilitares em Venezuela exportados desde a Colômbia, entre muitíssimos outros casos, senão que ademais tem o objetivo transcendental de criar no imaginário social global uma imagem pejorativa do socialismo ou daqueles países que tentam construí-lo.

Tentam com que todo mundo creia, como eles têm dito constantemente, que os problemas que se apresentam nos países socialistas são problemas inerentes ao próprio sistema e, portanto, insolúveis enquanto este se mantenha. Implantando, assim, a ideia de que o único sistema viável é o capitalismo, e que qualquer outro sistema social é inferior e defeituoso.

Não se trata de ocultar os problemas que possam existir nos países socialistas ou que tenham essa tendência, pois as dificuldades na construção do socialismo são muitas e diversas, já que herdam todos os problemas e defeitos do capitalismo e no processo de saná-los e superá-los se apresentam crises e obstáculos, porém todos e cada um deles remediáveis.

Porém, de igual forma, tampouco se pode ocultar que há uma intervenção imperialista que, direta ou diretamente, por meio das oligarquias locais nos países que atravessam uma transição para o socialismo, agrava os problemas, maximiza as dificuldades e tem como objetivo fazer das crises uma situação irreversível e irremediável que, através da manipulação e distorção midiática, através de bloqueios e sanções econômicas, de incentivar e promover a violência, de desabastecer o mercado fazendo com que os empresários escondam e acumulem os armazéns com os necessários produtos diários para gerar escassez, através do assassinato seletivo de dirigentes, personagens e políticos, através da criação de grupos terroristas etc., tentam derrocar o governo do país que se opõe a seus interesses, até que este caia pela desestabilização, pelo golpe de estado ou até criar uma situação política suficientemente favorável para a intervenção militar direta.

A hegemonia mundial talvez já não opte, por enquanto, por uma intervenção armada dura e direta, porém os chamados golpes suaves, guerras de baixa intensidade, desestabilização, terapias socioeconômicas de choque, são igual ou mais perigosas que as primeiras, pois são sutis e dão a impressão de serem acéfalas, levando muitos a, inclusive, pensar que é a proposta política a favor das maiorias a que inerentemente está condenada ao fracasso.
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Equipe ANNCOL - Brasil

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