O PCB saúda acordo parcial entre as FARC-EP e o governo colombiano
O
PCB saúda a celebração, nesta semana, de importante acordo parcial
entre as FARC-EP e o governo colombiano, a propósito de um dos mais
complexos temas dos diálogos de Havana, com a criação de
uma jurisdição especial para a paz e
o compromisso, por parte do Estado, da outorga de “anistia mais
ampla possível por crimes políticos e conexos” a todos os
envolvidos no conflito. O acordo ratifica acordos anteriores e
certamente gerará ambiente propício para avançar em consensos
sobre outros itens da agenda.
O
documento prevê que, uma vez celebrado e instituído o acordo final,
as FARC poderão se organizar em movimento político legal, deixando
de usar as armas, após 60 dias de sua assinatura.
Esse
acordo parcial só foi possível em razão das mobilizaçóes do
movimento popular e das forças progressistas da sociedade
colombiana, da solidariedade internacional, do governo e do povo
cubanos, anfitriões dos diálogos para a solução do conflito, e
dos demais países garantidores e acompanhantes do processo, entre os
quais se destaca a Venezuela. As iniciativas do presidente Hugo
Chávez, nos anos 1990, estimulando as trocas de prisioneiros e o
intercâmbio epistolar público com a insurgência, foram decisivas
para suscitar os primeiros sinais de diálogo entre as partes.
O
PCB não pode deixar de registrar que presta solidariedade às forças
populares colombianas, inclusive às FARC, desde muito antes do
início dos diálogos de paz (em 2012), porque sempre considerou as
guerrilhas colombianas como organizações políticas insurgentes,
nos termos do consagrado direito dos povos à rebelião, e que a luta
pela paz com justiça social na Colômbia tem um conteúdo
anti-imperialista, dado que esse país transformou-se na principal
plataforma militar dos Estados Unidos no continente latino-americano.
O
regozijo com a celebração desse acordo parcial não deve,
entretanto, desmobilizar a solidariedade internacional nem baixar a
guarda da resistência colombiana, em todas as suas expressões. O
histórico da burguesia local e do imperialismo a que ela serve não
é de pacifismo, nem de respeitar acordos, como foi o caso do
extermínio de milhares de militantes da União Patriótica, nos anos
1980, exatamente após um acordo com o Estado para desmobilização
da guerrilha e sua transformação num movimento político desarmado.
O
interesse do setor hegemônico da sociedade colombiana por uma
solução política para o conflito se deve ao insucesso de sua
enorme ofensiva para derrotar militarmente a guerrilha, com o chamado
Plano Colômbia, na primeira década deste século, e à necessidade
do capitalismo se desenvolver no país num ambiente capaz de atrair
investimentos estrangeiros para a exploração de suas imensas
riquezas minerais, muitas delas localizadas em território ocupado
pelas guerrilhas.
Estamos
convencidos de que o povo colombiano valorizará essa possibilidade
de continuar lutando pelos seus direitos e por uma sociedade justa e
solidária num ambiente em que não caibam mais as prisões
arbitrárias, os assassinatos políticos de lideranças populares, os
deslocamentos, as atrocidades dos bandos paramilitares.
Partido
Comunista Brasileiro (PCB)
Comissão
Política Nacional