"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A famosa marcha entre o pomposo e o brega

ANNCOL/Johnson Bastidas


Primeiro apresentaram-nos a marcha como um ato apolítico de um gênio da informática que largou o emprego para se dedicar cem por cento ao nobre ato de lutar contra a guerrilha das FARC-EP. O referido promotor da marcha disse que sua iniciativa não tinha fins políticos, sua finalidade era somente repudiar a insurgência, mas que nada tinha de política. Poncho Renteria ou Dartañan tem contado piadas bem melhores, dando asas à autoridade do humor infame e da breguiçe.

Se nem o plano LASO, o Plano Colômbia ou o Plano Patriota, nem mesmo o alardeado Plano Consolidação conseguiram mudar o rumo da insurgência relacionados aos planos de tomada do poder, o que dirá uma marcha entre internautas suspeitos de tudo, incluindo um “convite” paramilitar no pacote.

Nos principais bairros das cidades mais importantes, como nas comunas de Medellín, os “paracos” advertiam as pessoas, em meio a piadinhas: “Quero ver todos vocês lá na marcha, chova, troveje ou relampeje”, sentenciou o chefe paraco local.

O mais preocupante nesta marcha, foi a banalização do ato público por excelência das classes populares para fazer-se entender: as marchas.

Se alguém tem dado mostras de jamais escutá-las, este alguém é o regime colombiano em geral e o regime Uribista em particular. Nenhuma demanda foi atendida por esta via, apesar de o regime se dizer democrático. Ao que parece, em nosso modelo de Narcodemocracia, a única coisa entendida como fonte de legitimidade, ou de exercício de cidadania, é o voto de cabresto, resultado do clientelismo e sob o modelo da democracia burguesa. Para os governantes, tudo mais é mera banalidade.

Quantas marchas já foram realizadas contra este regime sem que o patrão de Palácio se dê por rogado?

Agora, se for correto que a guerrilha está restrita aos últimos rincões da selva, isolada e encurralada pela segurança democrática, tampouco terá como saber dos gritos contra ela, pois, segundo o ministro da defesa, Santos, a tecnologia de ponta que o regime detêm não lhes permite utilizar nenhum meio de comunicação. Que sentido terá uma marcha contra a guerrilha, cujos ecos não chegarão à selva fechada onde ela se esconde, conforme afirmou o ministro?

Acreditamos sim, que esta marcha busca dar crédito à falsa popularidade do El Padrino colombiano. Trata-se do mesmo efeito conseguido com os auto-atentados Uribistas, de forma que o resultado da pesquisa Gallup para amanhã já esta preparado: Uribe 90% de popularidade.
Do contrário, como explicarmos que toda a burocracia parasitária do ministério de relações exteriores tenha, por fim, sido posta a trabalhar neste episódio das marchas contra a guerrilha?
De alguma maneira tem-se que justificar o elevado orçamento de que ele dispõe.

Todos os meios de comunicação do regime, cruzados da guerra, fazem coro em uníssono para montar o seu show midiático. Qualquer marcha contra a insurgência serve para esconder que Jorge Noguera colocou o DAS a serviço do paramilitarismo. Qualquer marcha, serve para justificar que já não existam mais empresas do Estado para privatizar, fazendo com que agora o regime não tenha mais como tapar seus buracos fiscais.

As perguntas que não calam são: por que El tiempo e as outras mídias jamais se comprometeram com uma marcha para condenar os crimes de lesa-humanidade do paramilitarismo? Por que o presidente nunca condenou publicamente os crimes paramilitares?

Este regime passará para a história como o que melhor utilizou os meios de comunicação. É claro que a jogada de mestre de Uribe começou na escolha do vice-presidente, depois na de Montesinos e de Juan Manuel Santos. O resto veio por acréscimo: pautas publicitárias, tráfico de influências, notícias exclusivas e em primeira mão, condecorações aos donos dos meios por sua contribução à democracia, vazamento de informação confidencial, jornalistas apadrinhados no palácio e, do outro lado, jornalistas objetivos e comprometidos com a verdade desterrados ou exilados, etc.

A marcha será então um fracasso - exceto para el Tiempo e outros lacaios -, pois é fracasso tudo o que não alcança os objetivos propostos.

Amanhã o salário mínimo continuará sendo uma miséria, cujo poder aquisitivo foi absorvido pela subida de preços, o governo seguirá mendigando a assinatura do TLC, Mancuso e seus sócios continuarão massacrando o povo e exportando cocaína, o Gallup nos garantirá científicamente a popularidade Uribista, o ministro Holguín defenderá os processos coletivos para garantir a impunidade coletiva……….

Amanhã, também seguirão adiante as vozes que se pronunciarão a favor do acordo humanitário, os familiares manifestarão outra vez suas desconfianças em relação a Uribe e sua crença no presidente Chávez e em Piedad Córdoba. A insurgência voltará a recordar ao presidente que lhe despeça Florida e Pradera, e o que é pior, amanhã as ruas estarão cheias de sujeira, a sujeira que tem sido produzida pela marcha da segurança democrática.

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