A Reeleição e a legitimidade do regime colombiano
Já ficou claro qual era o duplo objetivo da marcha do dia 4 de fevereiro passado, denominada pelo regime e seus meios de comunicação “Marcha contra as FARC”: Antes de tudo, assim como sucedeu com Hitler ou Mussolini, buscar uma sustentação “popular” para a segunda reeleição do chefe fascista que ocupa a Casa de Narquiño.
Em segundo lugar, avançar um passo na sua própria legitimação e na de seus sócios para-políticos. Para convocar as pessoas às ruas, ao lado das desacreditadas e falsas pesquisas de opinião feitas por firmas estrangeiras, contou com o controle exercido pelo aparato tras-nacional de propaganda, dos grupos espanhóis Prisa e Planeta.
No entanto, o tiro lhe saiu pela culatra, o que se deu devido a várias razões:
1- Não pôde-se fazer uma marcha “unânime” contra as Farc, já que o povo colombiano, que tem dado mostras de ser um dos mais diversificados do mundo, colocou seu toque pessoal, o que fez com que a marcha terminasse sendo uma colorida e multifacetada colcha de retalhos a favor da Paz e contra os métodos bárbaros duma guerra sem regras, como a que se tem imposto ao povo colombiano nos últimos 60 anos.
2- A única coisa que ficou demonstrada na caminhada pela legitimidade e pela reeleição, feita no melhor estilo das de dona Nidia de Turbay [filha do ex-presidente Julio César Turbay Ayala. Nota do tradutor], contando com transporte, camisetas estampadas, comida e bebida de graça ou por conta do Mister, mas que eram, como depois se veio a saber, de Mancuso e de seu grupo milionário, o mesmo que está presenteando com dólares pelas ruas das cidades colombianas; foi a profunda polarização da sociedade colombiana e como esta polarização impediu a realização e legitimação do pretendido pacto contra-insurgente, sonhado naquele momento por Petro e Uribe.
3- A legitimação de massas que se buscava como plataforma para agredir a Venezuela bolivariana e isolar à senadora liberal Piedad Cordoba não teve resultado, nem dentro nem fora da Colombia, por não existir unanimidade dentro dos grupos da classe dominante para uma agressão direta ao fraterno Povo venezuelano. Além do mais, a intenção do diretor do partido liberal Cesar Gaviria em expulsar a senadora Piedad Córdoba do partido foi totalmente rejeitada pela agremiação.
Pelo contrário, o prestígio da dupla humanitária Chávez-Córdoba tem ganhado mais e mais reconhecimento Internacional a cada dia que passa, especialmente na América Latina: Assim o demonstra a solidariedade por um acordo Humanitario e por uma Solução Político-diplomática para a crise colombiana expressada pelos governos do Brasil, França, Suíça, Argentina, Equador, Bolívia, Cuba, Nicarágua e demais países da ALBA.
4- A legitimidade das fronteiras colombianas, que antes do governo do Chefe Fascista Uribe Vélez nunca esteve sob questão, salvo algumas reclamações diplomáticas menores. Hoje são 5 enormes litígios de resultados imprevisíveis: Já não existe o paralelo 82 (número maldito de Uribe) antes reconhecido internacionalmente como a fronteira com a Nicarágua. Os governos venezuelano e equatoriano reconhecem, oficial e publicamente, que dividem suas fronteiras com as guerrilhas e estas, por sua vez, anunciam que também mantêm limites com o Peru, com o Brasil e com o Panamá.
5- E, para completar, movimentos sociais, como o grupo de vítimas do Terrorismo de Estado, junto com outras organizações humanitárias, convocaram, para este 6 de março, uma marcha civil que dê continuidade à marcha de 4 de fevereiro passado.
Esta nova marcha foi imediatamente desqualificada por José Obdulio, primo de Pablo Escobar e assessor de “Varito” [apelido carinhoso com o qual Pablo Escobar se referia à Álvaro Uribe. NR], com o triste e pobre argumento de que ela foi convocada pela Anncol. Quando o único ato desta agência, como imprensa alternativa que é, foi afixar em sua página uma convocatoria, pela simples razão de toda a sua equipe editorial estar desterrada no exilio, em virtude de ameaças e atentados diretos do terror de Estado. Deve se dizer que, uma vez que também são vítimas do terrorismo de Estado, estão em pleno direito de convocar seus amigos a expressar sua solidaridade y repudiar o Terror del Estado à tantos anos imperante na Colômbia.
6- Mal a marcha do 6 de março é convocada pelas vítimas do Terror de Estado e, de forma curiosa, os Narco-paramilitares das AUC imediatamente divulgam um comunicado ameaçador, ao qual o aparato de propaganda do regime a seu serviço divulga profusamente, aonde dizem basicamente que aceitam ser diretamente o Terror de Estado e que, além disso, toda a “batalha pela legitimidade” do regime está a perigo. Por tal motivo ninguém deverá sair a marchar neste 6 de março.
Contudo, a marcha das vítimas do Terror de Estado ocorrerá. Por que já não é possível deter, com ameaças JoseObduliescas e mafiosas, a ninguém que busque concientemente para a Colômbia, uma Paz com Verdade, Justiça e Reparação integral.Uma paz totalmente diferente da legitimação e reinserção impune que desejan os Narco-paramilitares e seu Governo, afim de desfrutar de seus imensos investimentoss e Narco-fortunas, protegidos num “cárcere de máxima comodidade”, enquanto colocam a voar, às escondidas, suas águias negras.
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