América Latina reivindica a paz da Colômbia
“Contigo
posso e comigo quero. Vamos juntos companheiro”: Mario Benedetti
Reunidos
no II Fórum pela Paz da Colômbia: 120 organizações e movimentos
sociais e políticos, mais de 800 cidadãos/as latino-american@s,
exilad@s da irmã Colômbia, academic@s e intelectuais, artistas,
parlamentári@s, lutadores/as sociais e populares, trabalhadore/as
urbanos, campesin@s, indígenas, afrodescendentes, mulheres,
comunidade LGBTI, jovens e estudantes, de Argentina, Brasil,
Colômbia, Equador, Chile, México, Paraguai, País Basco, Uruguai e
Venezuela, declaramos unanimemente nosso compromisso com a vida e a
democracia, valores que esperamos superem os desastres da guerra e da
morte.
Em
cumprimento deste ideário expressado também nas bases constitutivas
da Unasul e da Celac, que defendem a paz como imperativo ético, com
o qual se pretende avançar na integração regional, constituindo a
América Latina como uma região de paz, democrática e com justiça
social, declaramos:
Que
nos encontramos em Montevidéu, uma diversidade de pensamentos e de
projetos coletivos num ambiente solidário, reflexivo, esperançoso e
deliberativo na busca da paz com justiça social para a Colômbia e
de todo nosso continente; abraçados pelo povo uruguaio e suas mais
representativas expressões organizativas, as quais nos permitiram
pisar ruas que têm gravadas as marcas inapagáveis do General
Artigas, Benedetti, Galeano, Liber Arce e de todo o heroico povo
uruguaio; fazendo-nos sentir com todas as forças os ventos de
mudança de época e das vozes por independência que percorrem todos
os territórios de Nuestra América.
Que
estamos convencidos do triunfo dos processos sociais e políticos
anti neoliberais que percorrem todo nosso continente, que vêm
marchando com obstáculos, porém sem pausa, permitindo o começo do
fim do bloqueio imposto pelos Estados Unidos contra a maior das
Antilhas, nossa querida República de Cuba. Ao tempo em que
manifestamos nosso rotundo rechaço a toda estratégia de
desestabilização do legítimo governo da irmã República
Bolivariana de Venezuela e particularmente do decreto Obama.
Reivindicamos
sem titubeios que as Malvinas são argentinas e de Nuestra América.
Em geral, nos opomos a toda forma de intervenção militarista em
qualquer país de Latino-América, pelo qual exigimos a abolição
das bases militares estadunidenses e europeias na região, pontas de
lança contra a soberania de Colômbia, Paraguai, Honduras, Argentina
e toda Nuestra América.
Que,
para transitar para um continente livre do militarismo, deve ser
superado o longo conflito social e armado colombiano, que deixou
milhões de vítimas, homens e mulheres em situação de deslocamento
forçado, desaparecid@s, assasinad@s, exilad@s, prisioneir@s
polític@s.
Para
o qual é necessário o desmonte real dos grupos paramilitares e dos
obstáculos militaristas que constituem um dos principais obstáculos
para a implementação dos possíveis acordos de paz.
A
sociedade colombiana tem no processo de paz uma oportunidade
histórica para concretizar sua vontade de justiça social,
democracia e soberania, com as quais as gerações vindouras poderão
crescer, expressar-se livremente e viver dignamente.
Por
isso, respaldamos totalmente os diálogos de paz que se realizam em
Havana entre o governo dirigido pelo presidente Juan Manuel Santos e
as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-FARC-EP, entendendo
que existe a vontade popular da Colômbia e Nuestra América para
consegui-lo.
Neste
sentido, entendemos que para alcançar uma paz estável e duradoura
também é necessária a abertura do diálogo efetivo com as
insurgências do Exército de Libertação Nacional [ELN] e do
Exército Popular de Libertação [EPL].
Respaldamos
a declaração dos países garantidores do processo de paz, Noruega e
Cuba, no qual afirmam a necessidade de um imediato cessar-fogo
bilateral, permitindo que o diálogo e a palavra prevaleçam sobre o
estrondoso ruído da guerra. Isto gerará um ambiente de confiança
para que a sociedade colombiana e as partes se dirijam com mais força
para um acordo de paz estável e duradouro.
Em
consequência, entendemos que o único caminho possível é a unidade
do povo colombiano. Com alegria reconhecemos e saudamos os avanços e
acumulados em iniciativas como a Frente Ampla pela Paz com justiça
social, a Cúpula Agrária: campesina, étnica e popular, e outros
processos de convergências; para estas e para todo o povo colombiano
pedimos o respeito por seus direitos humanos e a ação plena do
exercício político, sem que sejam intimidad@s, judicializad@s ou
ameaçad@s.
Solicitamos
garantias políticas e humanitárias para as eleições municipais e
estaduais em outubro de 2015, frente ao qual esperamos contribuir na
construção de uma missão de observação eleitoral que acompanhe
diferentes regiões do país.
Neste
sentido, também solicitamos a suspensão das detenções arbitrárias
a dirigentes sociais, as montagens judiciais, a criminalização do
protesto social. Propomos uma vez mais uma visita de observação
sobre a situação d@s prisioneir@s polític@s, para contribuir com a
garantia de condições dignas nos cárceres da Colômbia. Porém,
sobretudo, somos solidários com a exigência de liberdade para @s
quase 10.000 prisioneir@s polític@s nesse país.
Que
recebemos com esperança a realização do I Fórum Parlamentar pela
Paz da Colômbia, o qual permitiu a constituição da rede de
parlamentari@s pela paz da Colômbia.
Em
coerência com todo o anterior, propomos criar diversas redes de
trabalhadores/as, de comunidades agrárias [campesinas e étnicas],
de defensores/as de direitos humanos, de jovens e estudantes, de
artistas e intelectuais e de mulheres. Desde as quais assumamos a
difusão e acompanhamento à luta pela paz com justiça social em
Colômbia; organizemos visitas de solidariedade a Colômbia;
coordenemos encontros e fóruns por setores; assumamos a Campanha “Eu
te chamo Liberdade” e outras campanhas que fortaleçam e dinamizem
essas lutas.
Além
disso, assumimos a revisão cuidadosa de todas as propostas
realizadas ao longo deste II Fórum pela Paz da Colômbia para que
possamos materializá-las. Nos comprometemos na conformação de uma
delegação que leve as conclusões deste Fórum à mesa de diálogos
em Havana.
E,
finalmente, nos comprometemos, desde agora, na organização e
participação de uma terceira versão deste Fórum.
Somos
todos e todas Colômbia, estamos no caminho da unidade
Latino-Americana continuando a tradição artiguista, san martiniana,
martiana e bolivariana.
Somos
mais, agora sim, a paz da Colômbia com justiça social, democracia e
soberania, por uma América Latina livre de militarismo e onde
definitivamente os direitos humanos sejam respeitados.
Vamos juntos companheiros e companheiras.
Vamos juntos companheiros e companheiras.
Segunda-feira,
8 Junho 2015 01:55
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Equipe
ANNCOL - Brasil