"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 27 de junho de 2015

Quem torna impossível um cessar-fogo bilateral?


Por Comandante Joaquín Gómez
Integrante do Secretariado das FARC-EP
A morte de Jairo Martínez e mais 25 guerrilheiros, assim como a do coronel Alfredo Luis Clavijo e do patrulheiro Juan Davi Marmolejo, constituem perdas de valiosas vidas humanas que bem poderiam ser evitadas.
Como teriam sido evitadas? Com um acordo sobre o cessar-fogo bilateral, que desde o princípio mesmo das conversações em Havana foi proposta das FARC ao governo. Santos sempre respondeu o mesmo, que não, porque a Guerrilha aproveitaria o cessar-fogo bilateral para se fortalecer.
Este argumento é de uma fragilidade tal que não resiste a uma análise lógica. Se subentende que, se se pactua um cessar-fogo bilateral, deverá haver uma comissão que verificará o cumprimento do mesmo pelas partes; comissão que deverá estar integrada por destacados personagens da vida nacional e internacional, mais representantes de cada uma das partes enfrentadas e membros das comunidades.
Pelo acima exposto, esse argumento do presidente Santos não é convincente, porque está divorciado da lógica expressada no sentido comum.
Quando as FARC-EP decretaram o “cessar-fogo unilateral, por tempo indeterminado e verificável”, as forças estatais, principalmente o Exército, só viram neste gesto inequívoco de boa vontade e desejo de paz a oportunidade única de obter vantagens militares sobre a Guerrilha, a qual acolheu com plena subordinação a ordem ministrada por sua Instância Superior, e cujo objetivo primordial era aliviar, dentro do possível, a angústia, os sofrimentos e incertezas em que se move o campesinato colombiano frente ao conflito interno que o país vive, e que tem sua expressão principalmente no campo.
Durante a trégua unilateral decretada pelas FARC caíram vilmente assassinados pelas balas oficiais 30 guerrilheiros e uma dezena de feridos, entre os quais vários comandantes, um deles o camarada Gilberto [El Becerro], integrante do Estado-Maior Central, e a quem, depois de morto, trataram de enodoar seu prestígio de revolucionário, qualificando-o de narcotraficante, para tratar de justificar ante a opinião pública sua injustificada morte.
A denúncia das FARC pelas constantes operações ofensivas do Exército contra suas unidades em trégua se tornou obsessiva por reiterada. 5 comunicados públicos denunciaram o que estava sucedendo e em todos eles se advertia que o cessar-fogo unilateral estava em perigo; que a situação estava insustentável, porque estavam matando os guerrilheiros. Estas denúncias também as fizemos ante os delegados plenipotenciários do Governo na Mesa de Havana. Todos eles acabaram enfermos de “surdez coletiva”, ninguém quis escutar.
Essa atitude provocou os lamentáveis e dolorosos fatos da vereda Buenos Aires [Cauca], onde morreram 11 militares e outros 21 terminaram feridos. Era algo que estava por vir, porque uma das leis mais antigas, tão antiga como a própria existência da humanidade, é a lei natural do direito a se defender. Neste caso concreto, é preciso reconhecer que a guerrilha disparou primeiro, porém forçada a isso pelos desembarques de tropa e dos avanços por terra, que pressagiava a iminente morte das vítimas de sempre, os guerrilheiros.
Dados estes fatos, o presidente Santos, de maneira rápida, expressa sua “irreprimível ira unida aos lamentos pelos militares caídos”, tornando-se visível uma atitude que não é sincera. Se verdadeiramente lhe doessem as mortes de soldados anônimos, todos filhos de “Juan Pueblo” [João Povo], há tempos que haveria pactuado o cessar-fogo bilateral. É claro que como em nenhuma dessas patrulhas se encontra Esteban, seu filho, a quem mostrou a todo o país desde Tolemaida, não lhe parece urgente uma decisão de parar a guerra de imediato. Estou quase certo de que Esteban Santos, após o show publicitário, se encontra novamente na casa paterna, desfrutando do privilégio de ser filho do Presidente da República e de pertencer à família Santos.
Se me equivoco e Esteban ainda se encontra no Exército, peço perdão pela grave imprecisão. Porém, sugeriria ao presidente Santos pedir aos generais que destinem Esteban à ordem pública. Assim, dona María Clemencia e o Presidente talvez conheceriam em carne própria, sem demagogia nem populismo, a inigualável dor, por profunda, que todos os dias sentem os humildes campesinos, ao receberem a notícia de que perderam seu filho num combate entre pobres.
O outro, que se deve ter em conta, é que de repente Santos queira um cessar-fogo bilateral, porém não possa pactuá-lo pela oposição do Pentágono. É bem sabido, e disto podem dar fé os generais colombianos, que nossos governantes não dão um passo sem consultar e pedir aprovação do Governo gringo, o qual não creio que esteja interessado em que o conflito se solucione. Sem conflito interno ficaram sem pretexto para a ingerência, hoje em dia, quando a meta do império consiste em desestabilizar, a partir de sua plataforma em Colômbia, os governos democráticos alternativos de Latino-América e do mundo.
Neste último caso, peço compreensão para com o Presidente Santos. Não é culpa sua que a classe dominante em Colômbia tenha a vocação servil de, como dizia Jorge Eliécer Gaitán, permanecer de joelhos ante o império norte-americano.

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Equipe ANNCOL - Brasil