A paz não se pode improvisar
La
Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, agosto 26 de 2015
Nos
estamos informando através dos meios de comunicação que o Governo
Nacional e alguns setores políticos do Congresso da República, sem
o concurso das FARC, estão elaborando de maneira caprichosa,
iniciativas dirigidas a aprovar mecanismos legislativos com os que se
pretende dar cumprimento ao punto seis do Acordo General para a
Terminação do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e
Duradoura subscrito pelas partes em 26 de agosto de 2012 na cidade de
La Habana, que trata sobre mecanismos de implementação, verificação
e refrendação do acordado, ou do que pudesse eventualmente
acordar-se.
Também
se incluiria entre os anteriores mecanismos legislativos, conforme ao
que se haveria tratado numa reunião entre o Presidente e o Partido
Liberal, o relativo à criação de um "Tribunal
Especial para Julgar
as FARC", quando o certo é que o desenho do mecanismo de
justiça para o pós-acordo sobre o qual atualmente trabalham as
partes, não é um mecanismo penal, mas um Sistema Integral de
Verdade, Justiça, Reparação
e Não repetição e ante ele
deverão comparecer todos los atores d conflito -combatentes e não
combatentes- sobre os quais houvesse acusações.
É
obvio que tais situações contrariam o compromisso de que todos os
pontos da Agenda devem tratar-se primeiramente na Mesa de
Conversações.
Queremos
manifestar-lhe com toda claridade ao povo da Colômbia, que nenhuma
das iniciativas que leve às Câmaras o
Governo de Santos, de forma unilateral, a raiz do desenvolvimento do
ponto seis do Acordo Geral citado, é vinculante para as FARC-EP se
previamente não têm sido consensualizadas na Mesa de Diálogos,
tanto seus conteúdos quanto o método de sua tramitação
legislativa. Nossa posição tem sido que implementar os Acordos de
Paz requer um novo processo constituinte. Isso, não significa que
nos aceitemos utilizar qualquer mecanismo dos atualmente existentes
na Constituição, -incluída a adoção de um Acordo Especial tal e
como se regulam nas convenções de Genebra, que formam parte do
Bloque de Constitucionalidade-, que permita dar-lhe rango
constitucional a os Acordos adotados pelos plenipotenciários em La
Habana.
Não
está demais advertir que toda iniciativa por fora da Agenda pactada
ou dos Acordos já alcançados, constituiria a melhor fórmula para
destruir, antecipadamente, o trabalho realizado de mutuo acordo por
ambas as partes na Mesa e, a segurança jurídica que se lhee
pretende garantir ao país e a quem hoje tratam de deixar para trás
o atual conflito interno.
Se
bem alguns consideram –o afirma o editorialista do jornal El
Tiempo-, que e melhor ter preparados os arneses por se eventualmente
“as béstias vêm em caminho”, pormos de presente que “não por
muito madrugar amanhece mais cedo”. E que somos inimigos da
improvisação e das supostas soluções que desconhecem que o que se
debe elevar a norma constitucional, com a correspondente refrendação
popular, é o acordado em La Habana. Só assim se garanta a
vinculação, participação e decisão do soberano, o povo
colombiano.
Manifestamos
claramente, com toda tranquilidade e respeito que: para construir a
paz não se pode improvisar; e precisamente por isso, para alcançar
a realização do Acordo que denominamos AGILIZAR EM LA HABANA E
DESESCALAR EM COLÔMBIA, internamente foi aprovado pelas partes um
rigoroso Plano de Trabalho que estamos e devemos continuar
desenvolvendo.
Lembramos,
ademais, que o ponto 3 FIM DO CONFLITO que se tem abordado em
paralelo ao de VÍTIMAS, tem ainda transcendentais aspectos por
tratar.
Nossa
preocupação ao ouvir as propostas que o Governo faz em Bogotá e
não em La Habana, e que não se estariam respeitando as regras
subscritas diante dos Países Garantes, se se realizaram ajustes
institucionais sem acordo prévio. À data de hoje e apesar de nossas
sucessivas reclamações, o Governo ainda não tem exposto na Mesa de
La Habana qual é o conteúdo do pacote legislativo, já anunciado à
imprensa, com o que se diz que se pretende elevar a rango de norma
constitucional o acordado.
De
forma coloquial e sincera pedimos que não se apague com o cotovelo o
que estamos escrevendo com a mão. Estando a paz tão perto, ¿para
quê a afastamos com atuações unilaterais?
Se
o Congresso quer em realidade aportar à paz deveria empenhar-se em
trasladar às Câmaras fielmente o acordado pelas partes na Mesa de
Conversações.
Secretariado
do Estado Maior Central das FARC-EP