Sobre a queda dos helicópteros: Que há de fundo?
Nos
últimos dias, dois helicópteros caíram em Colômbia, ocasionando a
morte de vários militares, sobretudo soldados e oficiais de baixa
categoria. As versões aparecem por toda parte, algumas superam a
alucinação e a própria estupidez, porém ao final é uma versão
que há que considerar na análise séria e coerente, se se projeta
buscar a verdade e nada mais que a verdade.
Num
conflito bélico como o que a Colômbia vive, a primeira grande
vítima é a verdade, porquanto quem tem o poder midiático e o poder
econômico apresenta sua verdade como a única. A informação na
guerra é chave, sobretudo sua manipulação.
No
último sinistro há por enquanto duas versões: a do presidente da
república, através de seu ministro de defesa, e a versão do
ex-presidente Álvaro Uribe Vélez. Uma suposta gravação
apresentada aos meios de comunicação assinala que o aparelho tinha
sido impactado. Enquanto isso, o ministro de defesa assinala que foi
um simples acidente no qual a nave impactou, morrendo todos os seus
ocupantes.
Quem
está melhor informado, o ministro de defesa ou o tristemente célebre
ex-presidente Uribe Vélez? A coisa deve estar por estes lados. Tudo
é possível. O complô para dinamitar a Mesa de diálogo instalada
em Havana [Cuba] continua em marcha. Os falcões da guerra não dão
o braço a torcer e buscam por todos os meios criar as condições
para isso. Eles são maquiavélicos por excelência. Em quantas
oportunidades não sacrificaram a seus próprios homens para criar um
fato político?
Tudo
isto se aprende na Escola das Américas. Tem
inspiração gringa, dos Estados Unidos. “O
fim justifica os meios”, diz Nicolau Maquiavel. No
sul do Tolima –por exemplo- resultou por estes dias um suboficial
morto supostamente em combate com a guerrilha. Um desprevenido
transeunte se perguntou: “Como é possível que um militar dessa
categoria, que anda com mais de 30 unidades, tenha sido baleado e aos
demais não lhes tenha passado absolutamente nada?” Isso
gera suspeita, dúvida.
Todos
sabemos que a direita e a extrema-direita vêm fazendo o impossível
para que se rompa os diálogos de paz entre a insurgência das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo [FARC-EP]
e o governo Santos, começando pelo próprio presidente ante sua
tétrica intransigência e pusilanimidade ante os inimigos declarados
do processo.
Ao
lado de Santos estão o ex-presidente Uribe, o procurador geral da
nação, Ordóñez, os meios de comunicação e o comando sul dos
Estados Unidos. Todos eles e certamente muitos mais persistem na
terrível ideia de assassinar a possibilidade de paz para os
colombianos e as colombianas.
Tendo
claro os interesses econômicos e políticos que estão em jogo e o
poder imperial dos inimigos da paz, que são os que lucram com a
guerra e nunca vão ao campo de batalha, tudo é possível porquanto,
para eles, “tudo vale”, não importa a que preço.
Se
torna estranho, ou melhor, preocupante que o senhor Uribe tenha
informação de primeira mão das forças militares. Quem
lhe a fornece? Generais? A
embaixada dos Estados Unidos? O comando sul das forças militares dos
Estados Unidos?
Assim
as coisas, a preocupação de fundo tem a ver com o poder militar em
Colômbia. Quem
governa realmente aos colombianos? Tudo
parece indicar que Santos é refém das forças militares, o qual,
entre outras coisas, não é nada novo. Recordemos o que se passou
com o ex-presidente Belisario Betancur quando da tomada do Palácio
de Justiça pelo movimento insurgente M-19. Aparentemente, houve
golpe de Estado.
Contra
todos estes fatos infames, há que sair a defender o processo de paz
com decisão, com coragem e com dor de pátria. Os 47 milhões de
colombianos e colombianas temos que cerrar fileiras. Necessitamos de
uma paz com justiça social, uma paz com mudanças e uma paz sem
impunidade.
Necessitamos
de um país livre de violência, um país livre e soberano
compartilhando sem ódios e sectarismos. Oxalá haja uma investigação
sobre estes fatos e se saiba a verdade e, se há mãos criminosas no
meio, que recebam o castigo exemplar, porém não se pode seguir
sacrificando jovens só por defender os interesses da pútrida e
rançosa oligarquia colombiana.
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Equipe
ANNCOL - Brasil