"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Carta Urgente de Solidariedade com o companheiro Francisco Toloza



Não se pode resolver o conflito armado e social vivido neste país sem dar uma solução às causas estruturais que deram origem ao mesmo”
Francisco Toloza


A prisão do companheiro Francisco Toloza é indefectivelmente uma bofetada nos Diálogos de Paz que, com tanto desejo, clamam os colombianos e o mundo inteiro para que cheguem a um término feliz. Com isso queremos dizer que a rubrica dos acordos deve ser a promulgação de um novo Pacto Social e não o desarmamento em troca de uns bancos no Congresso da República para a insurgência.
Estes dois objetivos totalmente antagônicos são representados pelo movimento social e popular nacional e pelo Estado colombiano respectivamente. Conscientes de que as transformações que o país necessita não se pactuam numa mesa, nosso Movimento Político e Social Marcha Patriótica tomou para si a incansável tarefa de convocar espaços de participação popular, como os conselhos temáticos e intersetoriais, as constituintes regionais pela paz, fóruns abertos de discussão sobre os grandes problemas do país para pavimentar soluções pacíficas e concretas e, assim, convocar a mobilização popular e organizar um amplo descontentamento das maiorias nacionais e expressões sociais e políticas irmãs. Em síntese, construindo poder popular para a Paz com Justiça Social.
O caminho que continuamos por aqueles que já não estão presentes e que entregaram sua vida, é o mesmo que o companheiro Francisco Toloza empreendeu a partir de sua férrea e indeclinável convicção revolucionária, emancipacionista, libertária, humanista. Não é outro caminho, contrariamente ao que pretendem fazer ver os funcionários do judiciário a serviço do Estado que, dentro de seu acervo argumentativo, expõem, entre outras loucuras, suas reuniões com intelectuais do nível de Atilio Borón, do Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e, inclusive, no estopim de seu fanatismo reacionário, com o respeitadíssimo Presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica. Isso é o que o faz um personagem totalmente perigoso, baseando a acusação num critério fraudado.
É certo que se reuniu com eles e com muitas organizações ao longo e ao largo do mundo. Essa é sua responsabilidade e desejo dentro da Marcha Patriótica, pois dirige junto de outros companheiros a Comissão de Relações Internacionais, cujo propósito fundamental é obter apoios, juntar vozes e esforços dos povos do mundo para que cesse definitivamente a guerra em nosso país.
O prenderam por lutar pela Paz que o mesmíssimo Presidente Santos diz querer como seu legado. Porém, uma coisa é o querer da boca para fora e outra é o fato, o ato sistemático de golpear como o monstro Leviatã àqueles que destoam da vontade divina outorgada pela oligarquia, provocando derramamentos de sangue nesta nação sofrida quantos séculos sejam necessários.
Como dizemos todos nós que conhecemos, vimos e escutamos sua trajetória, não cabe uma censura às qualidades de Pacho. Pelo contrário, sua dedicação mais apaixonada é ao estudo, à docência, essa nobre vocação tão pisoteada por todos os governos da oligarquia. A isso que Pacho se dedica há mais de 20 anos: a estudar e a compreender, porém, sobretudo, a explicar com simplicidade especial, a partir da militância de esquerda, as causas das tragédias vivenciadas pelo o povo colombiano. Contrario sensu ao deplorável trabalho dos pseudointelectuais comprados que maquinam mais e mais a cadeia de exploração do neoliberalismo para continuar submetendo nosso povo à ignorância e ao silêncio.
Traição após traição, engano após engano, extermínio após extermínio, tem sido a lógica da oligarquia colombiana que, quando o povo emerge para retirar-se da humilhação imposta, lança uma cortina de fumaça para aplacar, mediante falsas promessas e acordos nunca cumpridos, as revoltas em curso. Assim foi com Gaitán, assim foi com as Guerrilhas Liberais do Llano, assim foi com Marquetalia, assim foi com a União Patriótica, assim com A Lutar, assim querem que seja a sorte dos Diálogos da Paz de Havana.
Equivocam-se rotundamente, porque não possuem a Paz em suas mãos. A Paz pertence ao Povo e este a demanda imperativamente para fazê-la uma realidade tangível.
É por isso que fazemos um chamado enérgico, rebelde e solidário a todas as organizações amigas, às personalidades da intelectualidade, da arte e da cultura, a todos os amigos da Paz da Colômbia a expressarem-se, mediante cartas, pronunciamentos, protestos ou o que considerarem pertinente, a exigência de que o Governo de Juan Manuel Santos não jogue com a Paz, que cesse a perseguição e dê gestos reais e efetivos de respeito para a oposição política e, em particular, a exigência da liberdade imediata de nosso companheiro Francisco Toloza e de todos os prisioneiros políticos do país, que apodrecem nas piores condições materiais. Hoje são mais de 9.500 no total. Que cifra tão vergonhosa!
Esperamos o apoio de todos e que, certamente, contem com o nosso.
A vocês, com carinho latino-americanista!
Juventude Rebelde da Colômbia
Nota: Francisco Toloza é politólogo da Universidade Nacional da Colômbia, com estudos de Especialização em Direito Constitucional, Mestre em Sociologia pela mesma Universidade e doutorando em Estudos Políticos da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), na Argentina. Atua como professor nas principais universidades do país, nas áreas de história e teoria política. Na Universidade Nacional da Colômbia e a Universidade Autônoma da Colômbia, é reconhecido por suas cátedras relacionadas com a História da Colômbia, com a Análise do Contexto Social e Político, assim como por seu conhecimento em História do Conflito Armado no país. 
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)