FARC denunciam extermínio de ativistas políticos da Marcha Patriótica
La
Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 22 de janeiro de 2014
No
último 20 de janeiro, em roda de imprensa, a ex-senadora Piedad
Córdoba denunciou ante o mundo a notícia do assassinato de 29
ativistas do Movimento político e social MARCHA PATRIÓTICA em dois
anos de existência. E, no mesmo evento, um dos 256 ativistas
encarcerados, Francisco Tolosa, responsável de relações
internacionais dessa organização, sem nunca ter empunhado uma arma,
expressou via telefônica desde a prisão que “estamos presos por
fazer política sem armas” e opinou “que não há democracia real
na Colômbia sem Marcha Patriótica”.
Falamos
com certa inquietação desde Havana, onde firmamos com o governo de
Juan Manuel Santos um acordo parcial para ampliar a democracia e a
participação política na Colômbia, porque o fato denunciado pela
dirigente de MARCHA é uma contradição ao pactuado, um
desconhecimento dos deveres do Estado e um péssimo sinal que segue
minando a confiança na palavra do governo.
O que
Piedad Córdoba denuncia reafirma que durante o governo de Santos se
desconhece a opção pública e se segue exterminando os ativistas
políticos e de organizações sociais e populares.
Para
que este processo de paz não termine numa farsa ou numa comédia, em
sonoridades de palavras vazias sobre expansão da democracia, é
urgente que o governo detenha a via
crucis
da Marcha Patriótica.
Todos
os colombianos, os que sempre sonhamos com a solução política ao
mais longo dos conflitos no hemisfério, com o fim da confrontação
para que tenhamos reconciliação nacional, temos que defender o
processo de paz e exigir verdadeiras garantias políticas e segurança
para os movimentos sociais e políticos do país.
Não
podemos tolerar que, em meio a um processo de paz, a Marcha
Patriótica seja aniquilada de maneira sistemática, dia a dia, como
ocorreu com a UP, não somente de cara ao governo, mas também com
sua participação solapada, calando frente aos assassinatos, urdindo
o empapelamento jurídico dos líderes para colocá-los atrás das
grades, porque “representam um pensamento perigoso”, como diz uma
das fiscais. Os assassinatos de líderes sociais e populares sempre
tiveram na Colômbia um começo com a denominada judicialização,
porém depois terminaram mortos.
Se nos
incita permanentemente desde o governo a mudar balas por votos, porém
se assassina e se mutila aos campesinos quando protestam, saturados
de justiça, nas rodovias contra as políticas do Estado que só
favorecem os interesses das transnacionais e condenam as maiorias a
viver como párias com as bandeiras da soberania dobradas, atiradas
ao solo.
Como
doem as justificativas que fazem alguns agentes do Estado para
explicar porque ocorreu o terrível genocídio da UP. Jamais
aceitaremos a explicação brutal e incivilizada de que aquelas
mortes ocorreram porque não podiam permitir impunemente a combinação
das formas de luta. Porém, nós afirmamos que nem Jaime Pardo, nem
Bernardo Jaramillo, nem Leonardo Posada, nem José Antequera, nem
Manuel Cépeda, nem os congressistas, nenhum dos milhares de mártires
da UP portava fuzis nem antes nem no momento de serem assassinados.
Quanta
razão assiste ao senhor Fiscal Geral da República, o doutor Eduardo
Montealegre, quando afirma que “o grande desafio do pós conflito
vai ser a guerra suja”.
Na
Colômbia, é uma necessidade vital desmontar a Doutrina da Segurança
Nacional, a concepção do inimigo interno e o paramilitarismo, como
fatores que o terrorismo de Estado tem espicaçado. O governo não
somente deve jurar um “nunca mais”, como também desenvolver
ações convincentes para frear operações sanguinárias como a do
tristemente célebre “Baile Rojo” [Baile
Vermelho],
que exterminou um movimento e que agora pretende aplicar-se à Marcha
Patriótica.
Onde
está a tolerância apregoada no acordo parcial para a Participação
Política? Há que deixar de lado as palavras bajuladoras e
açucaradas sobre a democracia, quando se tolera a explosão das
balas contra os opositores do regime, para destruir, de maneira
calculada, qualquer manifestação de construção de uma alternativa
política. Há que começar a aplicação, já, do acordado, para que
o processo não seja verborragia vazia. É um dever do Estado
proteger a vida dos cidadãos e garantir o direito à opção
política na Colômbia.
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC-EP
Tradução:
Joaquim
Lisboa Neto
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Equipe ANNCOL - Brasilanncol.br@gmail.com
http://anncol-brasil.blogspot.com
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