Sobre a sentença de tutela em favor do prefeito Petro
Comunicado
Se a
putrefata institucionalidade colombiana não conta com mecanismos que
ponham controle ao Procurador, corresponde ao povo nas ruas frear sua
tirania.
O
Tribunal Administrativo de Cundinamarca tomou, sem dúvida, uma
determinação decente ao admitir a ação de tutela que se promoveu
em favor de Gustavo Petro. Em 29 páginas, de maneira sensata, o
magistrado José María Armenta admitiu os argumentos de José Pérez
Soto em defesa do Prefeito Maior de Bogotá. Na contramão da
sentença sancionadora do Procurador, o Tribunal decretou a suspensão
provisória dos efeitos jurídicos da sentença de 9 de dezembro e
sua confirmação de 13 de janeiro que pretendia consumar o injusto e
ilegítimo ato de destituição e sanção do Prefeito Petro. Porém,
ninguém deve passar por alto que se trata só de uma suspensão
provisória, que bem como labareda de folha seca, poderia
extinguir-se na próxima semana com uma sentença de fundo, que pode
ser pressionada à morte pelos que têm os interesses mais obscuros
no manejo dos lixos e querem desde a direita mais extrema tomar o
controle da capital.
Advertimos
que nesta conjuntura não se trata somente de suspender a aplicação
do ato abusivo de destituição da Procuradoria, mas sim de levantar
um movimento que corte pela raiz todos os abusos desta instância
tirânica do poder.
O
povo, mais que levantar-se a festejar um decreto de suspensão
provisória dos abusos, deve levantar-se a lutar por uma decisão de
fundo em defesa da democracia e da tutela mesma, a qual muitos
agentes do poder permanente quiseram aniquilar. Porém, à luz dos
desejos de democratização que brotam da inconformidade popular que
tomou as ruas de Bogotá, e que é tema de forte debate no cenário
dos diálogos de paz, a Santos lhe corresponde também opor-se à
destituição.
O país
inteiro está no dever moral e político de exigir o ressarcimento
dos direitos de todos os que foram atropelados pela fúria
tridentífera do Procurador, como ocorreu com Piedad Córdoba e
Miguel Ángel Beltrán, e muitos outros que injustamente foram
destituídos e inabilitados.
O país
inteiro com justiça reclama que é Alejandro Ordóñez quem deve
ir-se do cargo; e ao seu lado todos os tenebrosos personagens que
fazem parte de sua corte inquisidora. Por último, é a Procuradoria
e outras instâncias do poder público o que deve ser reestruturado
por decisão do soberano. A Colômbia necessita da ação imediata de
uma Assembleia Nacional Constituinte.
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC-EP
Tradução:
Joaquim Lisboa Neto