Qual é o futuro da esquerda colombiana nas próximas eleições presidenciais e legislativas
Por
Aida Abella, candidata presidencial da União Patriótica (UP)
A
esquerda na Colômbia tem uma tarefa colossal. Reconstruir o país
para garantir a paz e a justiça social verdadeira às novas
gerações. Tornar legítimo um Estado que, através da corrupção,
da violência, da asfixia da participação cidadã e da apropriação
do poder deslegitimaram-no. Um Estado em poder de umas elites
negligentes que só buscam o enriquecimento pessoal.
A
esquerda tem a obrigação de fazer a mudança democrática que a
Colômbia necessita. Deve lutar contra a desigualdade, que é uma
epidemia em nosso país. Se trata de distribuir a riqueza nacional
entre os quarenta e seis milhões de colombianos. Para isso, deve
frear os focos de corrupção, como o que existe nos cartórios.
Estes devem ser nacionalizados e os dinheiros que na atualidade vão
para os bolsos dos particulares devem ingressar no orçamento
nacional. Igualmente, o produzido das Câmaras de Comércio, que é
um negócio polpudo para um grupo de colombianos.
A
esquerda tem que trabalhar por uma democracia participativa, onde os
cidadãos sejam ouvidos e contem nas decisões de cada uma das
regiões, isto exige restaurar o direito inalienável que o povo tem,
como constituinte primário. Os planos de desenvolvimento devem ser
elaborados tendo em conta as inquietações da população. As
universidades devem ter um papel ativo no estudo, seguimento e
cumprimento dos planos de desenvolvimento em cada região da
Colômbia. Ante a arbitrariedade, se deve ampliar o controle e o
poder cidadão mediante a eleição popular do Procurador Geral da
Nação, Defensor do Povo, Auditor Nacional, Auditor Geral,
procuradores estaduais, procuradores municipais, vedorias, conselhos
de planejamento territorial, entre outros.
A
esquerda deve resgatar a terça parte do país entregue em concessão
a empresários estrangeiros. O ouro, o carvão, o coltán,
o petróleo devem deixar ao país um produzido em trabalho e em
lucros para garantir o bem-estar de todos e em harmonia com a
proteção do meio ambiente. A esquerda resgatará o campo das mãos
do latifúndio improdutivo para democratizar a terra e garantir a
soberania alimentar, proporcionando soluções dignas ao campesinato.
Como em outras nações da América Latina, a esquerda colombiana
deve preparar-se para ser governo e contribuir para os processos de
integração regional a favor do multilateralismo e da
autodeterminação dos povos.
A
crise e a violência que a Colômbia experimenta há décadas pode
ter uma saída se as forças políticas avançadas enfrentam as
raízes das desigualdades, das injustiças, das exclusões, da
negação da democracia e do sacrifício da soberania. Desde a
Esquerda, temos que consolidar uma Frente Ampla pela soberania,
democracia e a paz, que realize estas tarefas e se converta numa
alternativa de poder real. As transformações para um novo Estado e
um novo poder político são possíveis elevando a consciência
política do povo e construindo a unidade. Estas transformações
estruturais só podem orientadas por um governo democrático de ampla
participação, com a unidade dos movimentos sociais, partidos
políticos, mulheres e jovens, da academia e dos intelectuais, dos
sem-partido, dos independentes, dos artistas e gestores culturais,
das igrejas, dos militares patriotas, entre muitos outros e outras,
doentes de uma pátria ferida. Podemos ser governo e poder se
construímos a unidade com decisão e generosidade.
“Poderão
cortar a flor, porém nunca a primavera”.
Aída Avella (candidata presidencial)
Tradução:
Joaquim Lisboa Neto