Mónica Ertl, “a mulher que vingou Che Guevara”
Fonte:
Contrainjerencia
Jurgen Schreiber é um jornalista alemão, de reconhecido prestígio como repórter investigativo, que publicou recentemente a biografia de uma compatriota sua, Mónika Ertl. Quem vê o título do livro “A mulher que vingou Che Guevara” pode até pensar que é uma obra de ficção, mas o relato narra uma história da vida real, ainda que desconhecida.
Jurgen Schreiber é um jornalista alemão, de reconhecido prestígio como repórter investigativo, que publicou recentemente a biografia de uma compatriota sua, Mónika Ertl. Quem vê o título do livro “A mulher que vingou Che Guevara” pode até pensar que é uma obra de ficção, mas o relato narra uma história da vida real, ainda que desconhecida.
Mônica
é filha de um dos grandes propagandistas do nazismo, Hans Ertl, que
por muito tempo foi conhecido como o “fotógrafo de Hitler”. Ela
nasceu em Munique, em 1937, mas nos anos 50 foi viver na Bolívia,
para onde seu pai havia fugido depois da queda do Terceiro Reich.
Criou-se num círculo fechado de racismo e violência, no qual
brilhavam o seu pai e outro sinistro personagem a quem ela chamava de
“tio”, e que não era outro senão Klaus Barbie, “o carniceiro
de Lyon”.
Essa
jovem e bela alemã cresceu nesse ambiente, dedicando-se a mesma
profissão do seu pai: era fotógrafa e camarógrafa. Mas, tudo mudou
no final dos anos 60, quando tomou conhecimento da proposta de Che
Guevara naquele país, e acompanhou todo o episódio de sua morte na
selva boliviana. O assassinato do guerrilheiro argentino provocou um
rompimento de Mônica com suas raízes e num giro de 360 graus ela
acabou militando nas fileiras do Exército de Libertação Nacional,
o grupo guerrilheiro formado pelo próprio Che. Depois de viver na
Alemanha ela acabou voltando para La Paz onde conheceu e se apaixonou
por Osvaldo Peredo, irmão do então líder do ELN, que também era
militante.
Pois
é ela que, em 1971, cruza o Atlântico, volta para a terra natal,
Alemanha, e lá, na cidade de Hamburgo, executa pessoalmente, com
três tiros de uma pistola Colt 38, o cônsul boliviano daquela
cidade. E quem era esse cônsul? Nada menos do que o coronel Roberto
Quintanilla, o homem responsável pelo ultraje final a Guevara: a
amputação de suas mão. Ela havia percorrido mais de 20 mil
quilômetros, desde a cordilheira dos andes até Hamburgo para
justiçar o militar.
Assim
narra Jurgen, aquele dia especial. “Hamburgo, Alemanha, eram nove e
quarenta da manhã do dia primeiro de abril de 1971. Uma bela e
elegante mulher, de profundos olhos cor de céu entra no escritório
do cônsul da Bolívia e espera pacientemente ser atendida. Enquanto
aguarda, olha indiferente os quadros que adornam as paredes. Roberto
Quintanilla, cônsul boliviano, vestido elegantemente com um traje de
lã escuro, aparece e a cumprimenta, bastante impactado pela beleza
da mulher que diz ser australiana e que há poucos dias havia pedido
uma entrevista. Por um instante fugaz, ambos se encontram frente a
frente. A vingança então aparece encarnada no rosto feminino e
atrativo. A mulher, de beleza exuberante, o olha fixamente nos olhos
e sem dizer palavra extrai um revólver e dispara três vezes. Não
houve resistência, nem luta. Os impactos deram na parede. Na fuga,
ela deixou para trás a peruca, o Colt 38 e um pedaço de papel no
qual se lia “Vitória ou morte. ELN”.
Depois
de matar Quintanilla, Mônica foi alvo de uma feroz caçada pelas
forças de segurança bolivianas, que atravessou países e mares, e
só terminou quando a jovem finalmente caiu morta em uma emboscada
montada justamente pelo seu “tio”, o sanguinário Barbie, no dia
12 de maio de 1973, em La Paz. Mônica tinha 32 anos e seu corpo
nunca foi encontrado.
Essa
história incrível e aventurosa é contada pelo jornalista Jürgen
Schreiberm, e faz parte da história de nuestra América. Monica
Ertl. Presente!