"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sobre o fim do cessar-fogo unilateral



(SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP)
Declaração Pública


É chegado o momento final do cessar-fogo unilateral. Nós das FARC-EP participamos ao povo da Colômbia e do mundo sobre o cumprimento cabal de nossa palavra empenhada, acima das permanentes agressões e provocações das Forças Armadas governamentais.

Não obstante a campanha de guerra psicológica e de manipulação midiática empregada pela cúpula militar, pelos altos escalões do governo e por algumas organizações de propaganda, é possível asseverar que os escassos fatos de guerra em que nossas unidades se viram envolvidas durante o mês do cessar-fogo, corresponderam a ações de legítima defesa produzidas ante a perseguição e o assédio delirantes que tropas e unidades policiais praticaram sem trégua durante o período de um mês que termina.

Contrasta a atuação do governo que, ciente da entrada em vigor de nosso cessar-fogo, promoveu incessante campanha de extermínio contra diversas unidades guerrilheiras no país. Estruturas da Frente 34 em Murindó, da Frente 53 em Cubarral, da Sexta Frente no Cauca, da Frente 29 em Nariño, da Frente Policarpa Salavarrieta e da Companhia Darío Bonilla no Meta, entre outras, inclusive uma força do ELN no Catatumbo, foram objeto de traiçoeiros bombardeios noturnos, complementados por ações com metralhadoras e desembarques de tropas profissionais. Algumas destas brutais agressões alcançaram parcialmente seus objetivos. No entanto, em que pesem as dificuldades, nossos guerrilheiros superaram com êxito, na maioria das vezes, a investida homicida do governo de Juan Manuel Santos.

Começando em 16 de dezembro, helicópteros de artilharia metralharam até destruir a casa do camponês Segundo Pascual Angulo, privado da liberdade um ano atrás, em Corriente Grande, Tumaco. Duas semanas depois, o grupo terrorista autodenominado Comando Específico do Caguán, destruiu outra casa na aldeia Jordán, de Puerto Rico, Caquetá, assassinando três civis que foram apresentados como guerrilheiros das FARC.

As operações militares aumentaram em todos os departamentos do país, ao mesmo tempo em que o Ministro de Defesa incentivava as Forças Armadas a avançarem em seu plano “Espada de Honra 2”, produzindo “mais e melhores resultados”, e anunciava “a vitória final sobre o ‘terrorismo’ em 2014”. Também anunciou os propósitos de adquirir 70 veículos blindados e quatro navios, modernizar os helicópteros AH-60 Arpía e aumentar em 15.000 homens o efetivo da força policial.

Da mesma maneira, em 3 de janeiro, o Presidente Santos afirmou, ao incorporar novos helicópteros e unidades fluviais à Armada Nacional, contar com as Forças Armadas melhor capacitadas e melhor equipadas da história, as quais continuarão fortalecendo-se em todas as frentes, repetindo o que disse em sua saudação de ano novo, no sentido de que “era graças a sua ação militar e repressiva que a Colômbia tinha se convertido no país das mil maravilhas”.

Nesse “paraíso” de país, apregoado pelo Presidente, no fim do ano de 2013, organizações sociais e populares apresentaram um balanço do assassinato impune de 26 dirigentes sindicais da CUT e de 25 integrantes da Marcha Patriótica. Isso apenas em 2013. Este começo de ano foi coroado pelos crimes contra Ever Luis Marín Rolong, em Soledad, e Giovany Leyton, em San José del Palmar, assim como pela nova montagem da inteligência militar contra o professor Francisco Tolosa, comprovando o afã do regime colombiano em tentar desbaratar, mais uma vez, o movimento social de inconformidade e protesto.

Também nesse breve tempo, tribunais e juízes do país anunciaram a ligação de pessoal militar ao processo pelo crime do humorista Jaime Garzón, ordenaram a detenção de um major da Polícia por sua responsabilidade no massacre de Mondoñedo, acusaram um major do Exército, um sargento e seis soldados por um falso positivo em Vistahermosa e condenaram a Nação pela detenção ilegal e arbitrária de dois docentes de Antioquia por elementos da Polícia Nacional. Além disso, foi notícia o assassinato do soldado profissional Edinson Camelo por parte de seu superior hierárquico em Villavicencio e a acusação de um oficial da Polícia e um patrulheiro pelo espancamento e assassinato de um jovem detido em Medellín. Esses são o tipo de ações empreendidas por aqueles que o ex-Presidente Uribe chama de heróis da pátria e considera que não devem ser privados da liberdade.

Denunciado por crimes de guerra e contra a humanidade, o ex-general Fredy Padilla, aspirante ao Senado nas listas apoiadas pelo Presidente Santos, teve a satisfação de confessar o propósito oficial de materializar o fim do conflito com os diálogos de Havana, com a aplicação da velha lógica de derrotar militarmente a guerrilha antes de obrigá-la à rendição na Mesa, estratégia da qual se sente protagonista principal. Isso explica a atitude governamental ante nosso cessar-fogo e coloca em evidência o que realmente significa a paz para o atual governo.

Os 50 anos de guerra contínua provam que o fim do conflito e a paz não poderão ser alcançadas mediante a repressão e a força bruta do Estado, causas fundamentais da confrontação que a alimentam, num círculo infinito. Percebemos que cada vez é maior o número de colombianos que se faz consciente a esse respeito e o manifesta abertamente. Só eles, unidos, organizados e mobilizados poderão conseguir que a oligarquia colombiana e o militarismo sejam detidos e aceitem examinar e solucionar as verdadeiras razões contra as quais o povo colombiano se rebela.

Este ano de 2014 será definitivo nessa direção. As FARC-EP continuarão apostando nas vias do diálogo e da reconciliação, sem que, jamais, isso signifique que recolheremos nossas bandeiras de soberania, democracia e justiça social para a Colômbia. Acreditamos, como Jorge Eliécer Gaitán, na consciência do povo colombiano e dizemos como ele: “seremos superiores à força cruel que fala sua linguagem de terror através do iluminado aço letal”.

SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montañas de Colombia, 15 de janeiro de 2014.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)