"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 25 de março de 2014

Venezuela: Resistência popular à intentona golpista


Por: Carlos Casanueva Troncoso
A Venezuela bolivariana e o governo de Nicolás Maduro enfrentam o mais forte ataque imperialista desde o falecimento do comandante Chávez, uma tentativa insurrecional de tomada do poder político, ordenado por Washington e executado pelo setor mais radical da oligarquia venezuelana apoiado por uma campanha midiática internacional sem precedentes na revolução.
A decisão política de passar à ofensiva na Venezuela é parte de um plano do império que não começou em 12 de fevereiro, mas há vários anos, com a tentativa de isolar a revolução do contexto latino-americano e recuperar o controle de seu “pátio traseiro” com avanços eleitorais e golpes vitoriosos ou frustrados como os casos de Honduras e Paraguai, México, Panamá, Chile, Colômbia (Criando a Aliança do Pacífico). Paralelamente, intensificou a campanha midiática e desestabilizadora na Venezuela, apoiando o setor “eleitoral” da direita, investindo grandes somas nas últimas 4 eleições com Capriles encabeçando e uma aliança instrumental de todos os setores da direita (MUD). Neste sentido, o império deu luz verde ao setor que, pela via constitucional democrática, sugeria que era possível acabar com o governo, ainda que paralelamente estivesse formando, financiando e coordenando um destacamento juvenil e radical (Javu) e o Partido Voluntad Popular, de Leopoldo López e seus aliados (María Machado, Antonio Ledesma, Julio Borges, entre outros).
A morte do Presidente Chávez os levou à conclusão que o momento de passar à ofensiva total tinha chegado. Apostaram nas eleições de 14 de abril, obtendo uma alta votação e gerando um clima de desestabilização (ensaio insurrecional) de três dias, que gerou vários mortos e deu início à ação de suas forças mais reacionárias com um saldo de vários mortos, feridos e danos ao patrimônio público. Sua capacidade de manobra foi nacional e muito consistente, porém não conseguiu o apoio das classes populares ou de setores do chavismo que tivessem restado ou se somado à votação da direita de 14 de abril. Assim, decidiram pela retirada tática de suas forças para preparar as condições objetivas necessárias para passar à ofensiva mais adiante e não perder capital eleitoral obtido até então.
O império compreendeu que atacar o chavismo e a imagem do comandante Chávez era contraproducente e apenas geraria mais coesão interna em torno de Nicolás Maduro e o governo bolivariano (os filhos de Chávez e continuadores de sua obra). Portanto, a guerra econômica devia intensificar-se para gerar maior descontentamento na população dos setores médios e baixos, base de sustento do chavismo, aproveitando as deficiências e contradições internas da revolução bolivariana.
A ordem ao empresariado foi taxativa e radical: afogar a economia venezuelana a partir do mês de setembro de 2013, para que esse descontentamento se expressasse eleitoralmente em 14 de dezembro, que foi definido pela oposição como um plebiscito. Nos planos da direita, a perda de sua votação histórica por parte do chavismo sentaria as bases para convocar uma saída insurrecional.
No entanto, os resultados eleitorais não foram os esperados pela direita e o chavismo voltou a triunfar. Assim, a votação da direita deu uma virada para o setor mais radical representado pelo Voluntad Popular. Isto provocou um distanciamento dos setores mais moderados da via eleitoral encabeçados por Capriles, Adecos e Copeyanos, se impondo a via insurrecional de Leopoldo López, María Machado, Antonio Ledezma e outros, que atribuíram um papel protagonista aos setores ultradireitistas de estudantes universitários. Dessa forma, ativaram uma série de intentonas a partir das marchas autoconvocadas sem maior êxito até ocorrerem os primeiros eventos em Mérida e  Táchira, que deram base para a palavra de ordem “la salida, vete ya”, invocada por López e Machado em 23 de janeiro.
Finalmente, acredito ser necessário pontuar alguns elementos que fazem acelerar este chamado e a agenda de protestos por parte dos EUA e seus fantoches na Venezuela:
1° – Eles percebem um enfraquecimento do governo bolivariano e a capacidade de condução de Nicolás Maduro, junto a debates internos que evidenciam contradições no seio das bases e do governo quanto a como enfrentar a oligarquia e a qual modelo deve ser construído nesta fase do processo. Um debate aberto nas bases e nas redes sociais, onde aparecem tendências do chavismo desde os mais pragmáticos, desde os que planejam uma ofensiva para o aprofundamento do socialismo e os que planejam um capitalismo de estado e negociação com parte da direita política-econômica (como fim em si mesmo ou tática para ganhar tempo e consolidar-se politicamente até as próximas eleições em fins de 2015).
2° – Se fosse dado tempo ao chavismo, este poderia consolidar-se e passar rapidamente a uma ofensiva gradual de aprofundamento e as correlações de forças mais radicais poderiam ganhar peso no próximo congresso do PSUV, marcado para entre os meses de março e julho do presente.
3° – Na esfera econômica, as aproximações do governo com o setor empresarial poderiam estabilizar por um tempo a economia; entretanto, são injetados novos recursos para diversificar a produção-importação e estabilizar o abastecimento (convênios com fundos chineses, russos e outros).
4° – O empresariado (FEDECAMARAS e outros) enfrenta o dilema de manter sua ofensiva (guerra econômica derrotada em 2014) com os custos econômicos e a possibilidade de ser expropriado, conduzindo à radicalização do modelo econômico venezuelano, ou dialogar com o governo para obter uma maior estabilidade econômica, aumentando seus lucros (a experiência do golpe de 2002 e a greve patronal deixaram este setor com enormes prejuízos e altos custos que tiveram que assumir sozinhos), considerando que nas últimas derrotas eleitorais da direita esta estratégia foi derrotada (14 de dezembro). São empurrados ao pragmatismo e a não envolverem-se em intentonas insurrecionais como a planejada, incorporando-se ao chamado do governo a um diálogo e às mesas de Paz.
5° – Na esfera internacional, a última reunião da CELAC, em Cuba, a influência da Venezuela na Unasul, Mercosul, Petro-Caribe, ALBA, significaram um revés e um isolamento da política norte-americana na região (exemplo disto é a recente reunião da OEA, onde tentaram, através do Panamá, condenar a Venezuela e invocar a carta democrática para endossar uma intervenção, recebendo uma derrota histórica de 29 a 3 – EUA, Canadá e Panamá). A Venezuela recebeu um grande apoio na reunião da Unasul, em 12 de março, em Santiago do Chile, onde se acordou uma missão de acompanhamento aos diálogos de PAZ promovidos pelo governo bolivariano.
6° – A crise econômica do império se agrava e sua ofensiva para a Líbia, Síria, Irã, Ucrânia demonstra seu desespero para anexar recursos geoestratégicos, considerando o papel da Venezuela nos recursos energéticos, colocada como prioridade nesta ordem. 
O processo insurrecional de golpe brando que se intensificou a partir de 12 de fevereiro, denotou uma subvalorização deste setor, pois se considerou que a agenda e os diálogos a partir de 14 de dezembro com setores da direita teriam feito abortar a saída violenta ou, ao menos, afastado o grupo mais fascistóide e radical da MUD. Caracas se descuidou e, em 12 de fevereiro, permitiu-se o início de um plano violento deste setor com mortos e muita violência. Assim, foi ativada uma fase nacional de “guarimbas” (barricadas) já planejadas e coordenadas em várias capitais de estados que, segundo o planejamento da direita, culminariam em 18 de fevereiro, com um golpe, conforme denunciou o jornalista José Vicente Rangel. Até o dia de hoje, com distintos níveis de intensidade e graus de violência, tais “guarimbas” mantiveram-se, inicialmente, em 18 municípios do país, reduzindo-se a 6 ou 8 atualmente.
A partir desse momento e até agora, a agenda da direita e a liderança da mesma estão marcadas pelo setor neofascista insurrecional, – com o apoio incondicional do Departamento de Estado norte-americano –, que repudiou participar das mesas de paz, arrastando o resto da direita com eles através da pressão e da coação, ameaçando os dirigentes, parlamentares e prefeitos de seu setor, para que não participem de nenhuma aproximação com o governo. O mesmo se passa no setor estudantil de direita, até o momento, com um saldo de mais de 30 mortos e 200 feridos, a maioria vítimas da violência, produto das ações violentas do fascismo. Por outro lado, a direita econômica, representada pela FEDECAMARAS, FEDEINDUSTRIA e outros, se mantém nas Mesas de Paz econômicas.
A Força Armada Nacional Bolivariana se mostrou coesa, constitucional e em repúdio a qualquer aventura golpista, apesar das provocações e pressões que recebe por parte de atores da direita, ratificando sua lealdade ao governo bolivariano e ao presidente Nicolás Maduro.
Quanto aos setores populares organizados e às bases chavistas, mantêm-se em mobilização pacífica na rua, em apoio ao processo e ao governo bolivariano, cerrando fileiras ante o inimigo de classe. Os setores populares percebem o “protesto” como uma ação da oligarquia com fins políticos que não os representam e repudiam a violência. Os coletivos revolucionários se mantêm com uma forte disciplina e não caíram na provocação do enfrentamento e guerra  civil, mantendo-se mobilizados em seus territórios e alertas a qualquer mudança de situação.
A unidade e coesão interna nas fileiras do chavismo, PSUV, aliados do GPP (Grande Polo Patriótico), coletivos revolucionários e bases do povo chavista é determinante para enfrentar o inimigo contrarrevolucionário neofascista.
É por isso que se faz necessário passar à ofensiva, em todas as frentes de luta, com disciplina, unidade de ação e comando único. 
O fascismo se derrota com o povo nas ruas! A Revolução Bolivariana se defende com unidade e luta!

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Com apoio do PCB