Debate. Mirador: A crise militar
Por
Carlos A. Lozano Guillén
A
crise nas Forças Militares dos últimos dias, refletida nos
escândalos da atividade ilegal de uma célula da inteligência do
Exército e pelos subornos e a corrupção na contratação das
Forças Militares que envolve vários generais e oficiais de alta
graduação, vai mais além destes repudiáveis fatos.
Porque
põe em suspeita a doutrina das Forças Militares que as coloca acima
do poder civil legal ao qual devem obediência e submissão, em
conformidade com a Constituição Política.
No
primeiro caso, se trata de uma armadura criminal, que adiantava não
só “inofensivas” chuçadas, ademais “legais”, como o
sustentaram o pitoresco ministro de Defesa Juan Carlos Pinzón e o
comandante do Exército, general Juan Pablo Rodríguez.
No
escândalo do DAS ficou em evidência que a ação delinquente de seu
aparelho de inteligência não se reduziu a escutas e seguimentos de
opositores e críticos do governo de Uribe Vélez, como também
adiantou assassinatos, ameaças e infames campanhas de desprestígio,
como nos casos de Piedad Córdoba e deste colunista. O professor
Correa D’Andreis, dirigentes sindicais e militantes da esquerda
foram assassinados por esse organismo, subalterno da então “Casa
de Nari” uribista.
No
segundo, está relacionada com planos para atacar os fiscais que
investigam e formulam acusações na jurisdição ordinária aos
delinquentes de uniforme que incorrem em atos por fora do serviço,
orquestrados nem mais nem menos pelo general Leonardo Barrero, na
época chefe do Comando Conjunto e agora [recém destituído]
comandante das Forças Militares. Barrero haveria dito ao coronel
Róbinson González del Río, sobrinho de Rito Alejo e processado por
“falsos positivos”: “Façam uma máfia para denunciar fiscais e
toda essa estupidez”. Que tal a joiazinha de comandante, aliado com
um delinquente de uniforme?
Para
alguns, a solução está em castigar de forma contundente os
responsáveis por estes atos dolosos e imorais. Para o Governo tudo
foi legal. Ao general Barrero não o arrancaram por ser corrupto, mas
sim por umas “declarações inconvenientes”, segundo a explicação
do flamejante ministro de Defesa Juan Carlos Pinzón. E o general
Rodríguez, responsável pela ação ilegal da inteligência do
Exército, agora é o comandante das Forças Militares.
Pinzón,
responsável político do entrave, ficou no cargo, mais atracado do
que antes. Os oficiais de inteligência foram transferidos para
outras dependências. Ali,
seguiram delinquindo. Não cabe a menor dúvida. O problema militar é
mais estrutural. É
de doutrina, a que serve de suporte à luta contra insurgente,
estendida para reprimir a mobilização popular e aniquilar o
“inimigo interno”. É o que há que mudar e reformar a fundo.
Tradução:
Joaquim
Lisboa Neto
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Equipe ANNCOL - Brasilanncol.br@gmail.com
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