ECOPETROL entregava aos paramilitares 100 milhões de pesos
[Por USO*]
Numas explosivas declarações em sua versão livre ante a Fiscalização em Medellín, ontem quinta-feira 17, o chefe dos paramilitares Salvatore Mancuso, salpicou a várias empresas nacionais e estrangeiras, entre Ecopetrol a quem acusou de brindar-lhes apoio por anos. Segundo o diário El Nuevo Siglo, ECOPETROL foi uma das beneficiárias das enormes somas.
Segundo o diário El Nuevo Siglo, ECOPETROL foi uma das beneficiárias das enormes somas de dinheiro que pagavam multinacionais e empresas colombianas. Afirmou que esta empresa petroleira pagava às “autodefesas” 100 milhões de pesos de há dez anos, o mesmo que a Oleoducto Central de Colombia Ocensa, destinados à proteção dos oleodutos.
Bavaria, Postobon, Hyunday, as bananeiras Chiquita Brand, Doll, Proban, Delmonte, Banacol, Uniban, Carbones del Caribe, Copetran e comerciantes da Costa Atlântica também foram assinalados pelo confesso paramilitar como financiadores dos bandos criminais.
Há um mês, a transnacional Chiquita Brands admitiu haver colaborado com as AUC, como parte de um acordo ao qual chegou com a justiça estadunidense e que lhe valeu o pagamento de uma multa de 25 milhões de dólares.
Ao fechamento desta página, sexta-feira 18 de maio, ECOPETROL ainda não se havia pronunciado frente às graves acusações de Mancuso como, sim, o fizeram Bavaria e Postobón negando toda vinculação.
A USO, vítima das arbitrariedades criminais dos paramilitares, através de ameaças e do assassinato de dezenas de seus dirigentes, entre eles o companheiro Aury Sará Marrugo, reconhecido por Mancuso, de anos atrás vem denunciando a altos dirigentes da empresa por suas relações com a AUC.
Chama a atenção que agora todos os acusados por Mancuso neguem os vínculos com as AUC quando, antes das revelações, exigiam, fazendo coro ao governo, que se revelasse toda a verdade. O chefe paramilitar, segundo os acordos da lei de Justiça e Paz, tem a obrigação de revelar tudo o que sabia sobre os crimes cometidos. Ao não fazê-lo, perderia os benefícios da norma, isto é, não os oito anos de cárcere estipulados, mas sim quarenta e a extradição aos EE.UU. Isto quer dizer que, se está mentindo, deve esquecer-se de Justiça e Paz.
A USO, igual que todo o povo colombiano, espera que se reconheça toda a verdade para ressarcir às milhares de vítimas dos crimes sem nome dos paramilitares, que com estamentos importantes do estabelecimento buscavam “refundar a pátria”. Uma pátria para eternizar os privilégios e a injustiça.
A USO faz própria a declaração do 17 de maio as três centrais sindicais que assinalam a respeito que “na versão livre que está dando o paramilitar Mancuso, compromete a todo o grêmio bananeiro; ademais, às empresas Bavaria e Postobon e hoje, ao que parece, abordará os vínculos de outras empresas com a onda de terror que impuseram os paramilitares”.
“Chamamos a atenção – acrescentam as centrais – sobre esta grave situação, já que confirma nossas denúncias e que demanda do Governo uma resposta, porque na Colômbia há uma relação entre este tipo de apoios com a intimidação ou a liquidação sindical”.
* União Sindical Operária, sindicato de ECOPETROL.