A mentira nacional
A oligarquia colombiana não entende a não ser a pontapés!
[Alberto Pinzón Sánchez/ANNCOL]
Pobre Colômbia: tão perto dos Estados Unidos e tão longe da verdade. Esse poderia ser o comentário que brota da análise das cifras dadas pelo último comunicado das Unidades do Centro e Sul Ocidente país das FARC, aparacido dia 27 de abril na página alternativa Anncol.org.
São cifras impactantes que rompem a mentira oficial na qual tentam colocar a terrível realidade que se vive na Colômbia. Segundo os dados apurados, desde 1º de janeiro desse ano até a última ação relatada em 4 de abril, são 94 dias.
Durante esse lapso as Farc infringiram 53 “ações letais” ao exército, a polícia e a contra-guerrilha que eles chamam de “paracos”, em uma região que abraça os estados de Tolima, parte de Huila, Cauca, Valle del Cauca e Nariño (1 ação a cada dois dias), causando-lhes, entre mortos e feridos, 443 baixas (8 baixas por ação): 285 militares inclusive vários de alta patente e 158 feridos. O que dá um total de 3 militares mortos/dia e 1 militar ferido/dia. São como 4 baixas diárias, sem incluir as ações relatadas onde se desconhecem os resultados do combate. As Farc por sua vez reconhecem em suas filas 3 guerrilheiros mortos e 6 feridos.
Assim mesmo relatam danos a 4 Helicópteros, 2 aviões e 1 avião de caça. Além de avarias a 5 tanques e outros veículos de transporte militar. Tinha razão o político liberal e ex-ministro da guerra Rafael Pardo Rueda (é como dizer a embaixada USA), quando pedindo-lhe compreensão à falsa-mídia oficial, lhes dizia que: “o conflito colombiano não se podia medir por litros de sangue”.
O que está acontecendo nas alturas do Poder, que impede os colombianos de conhecer a terrível realidade da guerra que acontece no que eles chamam sua Nação?
Tudo parece indicar que a estratégia inicial de “negar o conflito”, diante da dura realidade dos acontecimentos, teve que ser mudada para “ocultamento mentiroso” do mesmo na grande imprensa, ferreamente controlada pelo departamento E5 de guerra psicológica do Exército, de onde saem os comunicados ao revés.
São duas visões encontradas e profundamente antagônicas as que são enfrentadas: A dos insurgentes, que de baixo miram para o centro da realidade no desenvolvimento do conflito em que estão imersos, e ascendem na análise histórica encontrando dialeticamente as “verdadeiras” relações superiores e externas que o determinam.
E a visão metafísica, idealista e clerical, que atualmente diz que a realidade não existe a não ser a que deve ser construída com os meios de comunicação, e que com diversas variantes têm predominado há séculos no bloco da classe dominante, baseando-se desde sempre na mentira, no ocultamento e na dupla moral oficial. Para eles o conflito social e armado da Colômbia é uma mentira que se deve ignorar.
E nisso estamos: Vendo como a baba viscosa das tantas mentiras oficiais que têm tapado durante séculos os olhos dos colombianos, lançada primeiro dos púlpitos (a cura existe, mas não é usada) e agora pela falsa-mídia; devido à crise na qual se encontra o país e seus efeitos na realidade interna e externa, tende a dissolver-se aceleradamente diante da insígnia massiva da Verdade, Justiça e Reparação.
Na atual Colômbia não se pode acreditar em nada!
Carlos Castaño está vivo para a Corte Suprema de Justiça e morto para a Procuradoria. Foi Fidel Castaño quem matou seu irmão, não a guerrilha. As pichações contra o Vice-presidente Santos são a “verdade” para Jorgito Noguera que tem a informação privilegiada do DAS, ou polícia política do Regime.
O general Valencia Tovar paradigma do Militarismo Colombiano e quem guardando as proporções, cada dia se parece mais com Pinochet, é um fabulador (mentiroso) senil que durante 42 anos seqüestrou o cadáver de um sacerdote rebelde, o que constitui um delito de Lesa Humanidade que não prescreve e que DEVE ser denunciando diante da Corte Penal e Internacional. O crime do Estado colombiano até agora irresoluto e impune que cometeu o ditador Mariano Ospina Pérez contra o grande líder popular Jorge Eliécer Gaitán, foi planejado e executado secretamente (agora sabemos graças à Paul Wolf) por serviços secretos Estadunidenses. Quem vai acreditar neles?
O sainete de Ralito cada dia mais falso e bufo. Os Grupos que passeam no Itaguí não dizem uma só verdade. Os 30.000 desaparecidos não são 10.000 como diz a falsa-mídia oficial. O Estado não está ganhando a guerra imperial do Plano Colômbia. Uribe não pode desvirtuar nenhum dos argumentos apresentados no “tempo da democracia” pelo Senador Petro.
E o apagão elétrico, ao contrário do que dizem as autoridades energéticas, anuncia como diria Hegel, que quanto mais escura for a noite, mais perto está do amanhecer.
A Verdade, A Justiça e A Reparação só serão conquistadas pelo povo juntas com uma nova moralidade e institucionalidade que erradique da Colômbia para sempre a mentira e a dupla moral oficial, somente em todas as ruas e estradas do país. Não há outra alternativa.
Este 1º de maio devemos mostrar que o Povo trabalhador colombiano disse basta e começou a andar, e sua marcha não será detida.