"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 2 de maio de 2007

Nexos do governo Uribe com narcoparamilitares geram conseqüências internacionais.

Uribe Vélez chega à Presidência da Colômbia em 2002 graças a sua campanha de desprestigio contra o processo de paz que havia iniciado o governo de Andrés Pastrana (1998-2000) com o grupo insurgente das FARC e que terminou em fracasso. Durante sua gestão como governador da Antioquia as mortes neste departamento tiveram um aumento de 250 a 2800 segundo cifras oficiais. A violência aumentou como conseqüência da ação dos grupos de autodefesa que Uribe legalizou graças a uma disposição normativa de caráter nacional.

Os amigos de Uribe Vélez


[Fernando Arellano Ortiz/Argenpress]

A negativa do ex-vicepresidente dos Estados Unidos e ativista ecológico, Al Gore, de assistir a um fórum na cidade de Miami para evitar encontrar-se com o Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez por seus nexos com o narcoparamilitarismo, assim como a suspensão por parte do Senado norteamericano de uma remessa da ordem de 55 milhões de dólares com destino ao Exercito colombiano, até que não se esclareçam os nexos de um de seus generais com organizações paramilitares, são apenas algumas das conseqüências políticas derivadas dos bem sustentados debates o Congresso da República do principal partido de oposição, o Pólo Democrático Alternativo (PDA).

Inclusive, o escândalo político-mafioso colombiano gerou inquietação na Europa, a tal ponto que vários eurodeputados solicitaram ao representante para a Política Exterior da União Européia, Javier Solana suspender o processo de um acordo de associação com a Comunidade Andina das Nações (CAN) até que se esclareça o tema da incidência do narcoparamilitarsimo na política e governo da Colômbia.

Até a conservadora revista The Economist em sua edição da terceira semana de abril faz sérias interrogações a respeito da governabilidade de Uribe Vélez, dado que os fatos dos últimos meses comprometem seriamente a mais de vinte dirigentes da bancada uribista no Congresso com o projeto político-paramilitar que se tem implantado a força em boa parte das regiões da Colômbia.

Um presidente desfigurado

Depois de tomar conhecimento, 19 de abril, quinta-feira, durante uma reunião com a presidente do Chile, Michelle Bachelet de visita a Bogotá, que o Departamento de Estado norteamericano havia aconselhado o ex-presidente Gore a não assistir um fórum no qual participaria Uribe Vélez, dada a crise ética que enfrenta seu governo, o mandatário colombiano se desfigurou e durante uma entrevista coletiva junto da mandatária do pais austral mostrou sua irascibilidade, ficando fora de si, para denegrir seus opositores.

Na noite dessa mesma quinta-feira, convocou determinados meios de comunicação para uma rodada de entrevista ao vivo e transmitida por todas as estações de rádio e televisão, em horário de pico, para se defender das graves denúncias feitas pelo senador do PDA, Gustavo Petro, em um debate no Congresso no 17 de abril passado.

Uribe na entrevista com a imprensa se via desfigurado embora fizesse esforços para mostrar tranqüilidade. Tanto ele como seus ministros acabaram por assinalar que os argumentos de Petro são simplesmente calúnias, embora até o momento não tenha formalizado a denúncia diante da Corte Suprema de Justiça.

O que diz Petro

No debate, Petro fez graves denúncias contra a família Uribe Vélez. Com documentos e fotografias nas mãos demonstrou os estreitos vínculos de alguns de seus integrantes com membros das perigosas quadrilhas paramilitares que tem assolado mediantes a violência cruel amplas regiões geográficas do país.

Referiu-se à maneira pela qual Uribe Vélez foi governador do departamento de Antioquia (1995-97), promoveu grupos de vigilância privada conhecidas como Convivir, a maioria das quais se converteram em grupos de autodefesa que praticaram massacres e causaram deslocamentos das populações.

Para Petro, três foram os pilares que deram origem ao fenômeno paramilitar na Colômbia: a aliança de militares ‘de linha dura anticomunista’ com fazendeiros, a presença de grupos de justiça privada e o narcotráfico. “A invenção tornou-se funcional para o narcotráfico”, assegurou.

Explicou que alguns dos setores do Estado têm feito alianças com o delito “para acabar com o crime”. Afirmou que o melhor exemplo disso foi a perseguição e morte do capo narcotraficante Pablo Ecobar Gaviria e chefe do Cartel de Medellín, na qual participaram forças do Estado e a máfia.

Na conjunção política, paramilitarismo e narcotráfico que começou na década de 80, Uribe Vélez sempre esteve no olho do furacão, pois seu passado como prefeito de Medellín, congressista e governador de Antioquia tem estado salpicado por seus vínculos nada santos.

Durante sua gestão como governador da Antioquia as mortes neste departamento tiveram um aumento de 250 a 2800 segundo cifras oficiais. A violência aumentou como conseqüência da ação dos grupos de autodefesa que Uribe legalizou graças a uma disposição normativa de caráter nacional

Parauribismo

Uribe Vélez chega à Presidência da Colômbia em 2002 graças a sua campanha de desprestigio contra o processo de paz que havia iniciado o governo de Andrés Pastrana (1998-2000) com o grupo insurgente das FARC e que terminou em fracasso.

Um vez no poder, Uribe promoveu um simulado ‘processo de paz’ com os chefes do paramilitarismo. Simulado porque não pode haver processo de paz entre duas partes amigas. Como é óbvio os grupos de autodefesa têm servido ao Estado colombiano para fazer-lhe ‘guerra suja’ e de imediato, converter-se em um projeto político-mafioso que domina uma ampla extensão da geografia colombiana.

O projeto de Uribe Vélez nesse sentido consiste em legalizar os paramilitares, sob uma pseudo Lei de Justiça e Paz que segundo seus postulados busca além de tudo a verdade e a reparação das vítimas. Tal lei na prática não é nem de justiça, nem de paz, e menos de verdade e reparação. Simplesmente a política do governo colombiano busca deixar em completa impunidade os crimes de lesa humanidade cometidos pelos grupos de paramilitares, mediante penas privativas da liberdade mínima, por um lado, e legalizando as inúmeras propriedades adquiridas ilicitamente, por outro.

Estas beneces do governo de Uribe aos chefes paramilitares, garantiram de certa maneira sua reeleição imediata em 2006, pois sua continuidade no poder lhes permitirá seguir com o processo.

Entretanto, recém começado o segundo mandato de Uribe Vélez e graças às denúncias políticas e judiciais de dirigentes e parlamentares do Pólo Democrático Alternativo a estrutura do uribismo começou a desmoronar.

Em torno de duas dúzias de funcionários do próprio governo, congressistas e dirigentes da causa governista têm acabado na prisão comprometidos seriamente por vínculos com o paramilitarismo.

María Consuelo Araújo, ministra de Relações Exteriores e o ex chefe da Inteligência de Uribe, Jorge Noguera, a quem os Estados Unidos negaram o visto, saíram pela porte de trás. A primeira, dado que seu irmão, senador da República, terminou preso e seu pai um fazendeiro e ex-ministro de Estado se encontra foragido da justiça. E Noguera, porque está seriamente comprometido por ter convertido a principal agência de inteligência do Estado colombiano em uma estrutura a serviço do paramilitarismo.

Há um ano, não se passa uma semana em que as autoridades judiciais não chamem a um político uribista a depor penalmente. Esta situação levou ao congresssita do PDA, Jorge Enrique Robledo a qualificar este fenômeno político mafioso como ‘Parauribismo’

Respostas débeis

Não obstante, o governo de Uribe trata de desqualificar seus opositores e dar explicações a todas as denúncias, embora suas respostas sejam débeis diante das evidências. O mandatário se defende com base em que não assume nenhuma responsabilidade política por tudo o que está acontecendo à sua volta.

Pelo contrário, na entrevista à imprensa no último 19 de abril sustentou que graças à Convivir conseguiu ‘pacificar’ a Antioquia e elas têm servido como experiência para que da Presidência da República se possa implementar um programa de “cooperantes”, ou como se conhece no jargão popular, de “dedo-duros”

Várias das investigações contra dirigentes uribistas comprometidos com ações criminais terminaram arquivadas pelo anterior Fiscal Geral da Nação, o conservador Luis Camilo Osório, quem foi premiado pelo presidente Uribe primeiro com a embaixada do México, e depois com o cargo na Itália.

O ideólogo: O primo de Pablo Escobar

Uribe tampouco aceita que de sua volta façam parte paramilitares ou amigos de paramilitares e narcotraficantes como lhe disse um jornalista de uma agência internacional durante a rodada da imprensa. Não apenas tem estreitos vínculos com os mais de vinte congressistas atualmente processados pela justiça, como conta com funcionários de seu governo com vínculos nada claros como é o caso de seu ideólogo José Obdulio Gaviria, primo irmão do capo do cartel de Medellín, Pablo Escobar Gaviria.

Obviamente, Gaviria não tem a culpa de ser primo de Pablo Escobar, o grave é que sempre fez parte do circulo intimo do capo do narcotráfico. Não obstante, José Obdulio tem tratado por todos os meios de esconder seus nexos com seu parente, a quem visitava no famoso carecer La Catedral em Medellín.

Ainda que Uribe diga que nunca teve contato com paramilitares, o certo é que sua fazenda El Ubérrimo de mais de mil hectares de extensão, localizada entre os departamentos de Antioquia e Córdoba, está cercada de grupos de autodefesa. Vizinho sujo, por exemplo, é o chefe paramilitar Salvatore Mancuso. E vários dos congressistas de sua bancada foram apontados como parte destas organizações criminais.

O governo de Uribe insiste em que graças a sua Lei de Justiça e Paz alcançou o desmonte do fenômeno paramilitar na Colômbia, dado que segundo cifras que não se consegue checar, foram desmobilzados 30 mil combatentes. Entretanto, tem sido a ação política e jurídica do Pólo Democrático Alternativo e algumas vozes provenientes do exterior que têm desmascarado a conivência entre política, paramilitarismo e narcotráfico.

Perseguição à oposição

Têm sido tão contundentes as denúncias da oposição que o governo de Uribe, como confirmou o próprio Presidente para a imprensa, tem colocado sob espionagem da inteligência os dirigentes e porta-vozes do Pólo Democrático Alternativo e alguns congressistas do Partido Liberal, ao ponto de serem monitorados quando saem do país pelas agregações militares e de polícia das delegações diplomáticas colombianas.

As visitas de trabalho que realizam os congressistas da oposição aos Estados Unidos para denunciar a situação polítco-mafiosa colombiana ou criticar o leonino Tratado de Livre Comércio, são controladas minuciosamente pela inteligência militar.

Inclusive existem denúncias de que das embaixadas da Colômbia em diversos países europeus faz-se acompanhamento das atividades de ativistas e defensores dos direitos humanos.

O que vem em seguida?

O paramilitarismo na Colômbia constitui um fenômeno político-mafioso que tem se apodeirado das administrações de varias cidades e estados do país. Ademais, há um Ressurgimento de novas células de grupos de autodefesa que continuam a funcionar.

As interrogações em torno do que acontecerá com o processo de desmobilização de boa parte dos chefes paramilitares é uma incógnita, pois se eles revelam toda a verdade do que tem acontecido nos últimos 20 anos neste país de pronto terminarão desmascarando não somente aos dirigentes políticos mas também empresários, altos comandos militares e dirigentes de entidades que estão comprometidos com este fenômeno criminoso.

O desafio agora é de Uribe, que tem que enfrentar os questionamentos de âmbito internacional, pois terá que esforçar-se para colocar às claras o que ele qualifica como “simples calúnias da oposição’, as quais acabaram por complicar-lhe a vida pessoal e a governabilidade de sua administração.


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