O narcoparauribismo não é a pátria
A ‘pátria’ sou eu! Heil Hitler!
[Por Jaime Caycedo Zurriago, PCC]
A direita empresarial e política clama pela ‘defesa da imagem do país” os “altos interesses da pátria’. Supõe que o que lhes atrapalha é o debate promovido pelo Pólo e não a realidade do regime político narcoparauribista. São duas décadas de denúncias sobre a guerra suja contra a UP, a oposição de esquerda e o movimento social que se desnuda, ou seja, uma repressão de classe, terrorista, promovida e amparada no Estado contra os direitos essenciais dos trabalhadores e as liberdades. Empresários e transnacionais têm patrocinado o paramilitarismo e intervindo na determinação dos ‘blancos’ a serem eliminados. Têm aceitado a aliança com os narcotraficantes e narco latifundiários. Os dirigentes do bipartidarismo, amalgamadas em sua variante uribista, sentem-se inseguros se seu chefe é debilitado.
No império, as coisas não vão tão bem. Desplantes como o de al Gore ou os titulares do New York Times ou o retirada do visto de Noguera ou o congelamento de 55 milhões para o Plano Colômbia, justo nas vésperas da viagem presidencial, para tratar de endireitar o agonizante TLC, mostram que já não se pode esconder o que é evidente. Os ‘altos interesses’ não são outra coisa que o tratamento trapaceiro e criminoso que se dá ao movimento popular. Por exemplo, o vergonhoso papel da ‘segurança democrática’ concentrada em espionar os opositores, segundo confissão pública de Álvaro Uribe Vezes. É isto o que chamam a defender o Governo e os grêmios.
O senador Petro propôs, de sua própria seara, um ‘acordo nacional para a verdade’. Pede que se reconheça o fracasso do projeto paramilitar, o desmonte do clientelismo local, a reforma agrária, um modelo produtivo e um benefício jurídico generalizado se existir verdade plena. Nele cumpririam papel umas constituintes locais. Vários porta-vozes do Estabelecimento e os principais chefes paramilitares têm saído em apoio dessa proposta. Existem elementos razoáveis, porém, outros são francamente discutíveis. O que fracassou é um modelo de sociedade e Estado fundado na violência do poder, na superxploração dos trabalhadores, na desapropriação do campesinato e no ataque às liberdades e direitos humanos com uma máscara de falsa democracia.
O paramilitarismo não é em si mesmo um projeto político senão um instrumento da contrainsurgência usado como ferramenta de classe pela ultradireita colombiana, cujo projeto é o neoliberalismo e um regime político semifascista. A fração narcocapitalista da burguesia conseguiu uma ascensão vertiginosa e funcional à globalização imperialista. A desnacionalização do Estado tem colocado cada vez mais em mãos de Washington as decisões sobre a guerra ou a paz na Colômbia. E a abertura incondicional ao livre mercado em mãos das empresas capitalistas transnacionais, a economia e as riquezas do país.
Duvidamos que um acordo rumo ao perdão e esquecido cure as feridas da crise estrutural. A Colômbia necessita de um empurrão político de fundo, que venha do popular.
Sabemos que não é fácil desbancar o emaranhado de privilégios, o culto ao autoritarismo e a demagogia extrema que sustenta a imagem de Uribe. Duvidamos com razão que sejam constituintes locais que venham a destronar o reinado dos senhorios narcoparamilitares ou implantem a reforma agrária redistributiva da terra e do crédito. O que se requer é um movimento de conjunto, de ampla unidade popular, coerente em sua direção, em seus objetivos. O Pólo tem o dever de amadurecer uma proposta de saída democrática na atual crise nacional, inspirada no seu Ideário de Unidade e no papel decisivo dos explorados, e excluídos e vítimas do sistema que representam o conteúdo essencial da pátria. A mobilização de massas tem a palavra.
Enlace original