Sindicalistas e Terrorismo de Estado na Colômbia
[Por Domínico Nadal, ANNCOL]
No dia 08 de janeiro de 2006 perguntávamos em um artigo publicado na ANNCOL por que assassinam os sindicalistas na Colômbia. [1].
Nossas pesquisas nos levaram à conclusão de que os sindicalistas são assassinados pelo Estado. Seu assassinato provém de ordens oriundas do governo para as forças militares e destes para seus braços executores, os narco-paramilitares, quando não eram os próprios militares disfarçados de narco-paramilitares.
Analisávamos ali também que a oligarquia colombiana combina todas as formas de luta contra o povo e quando as outras formas falham recorrem à eliminação física dos contraditores, sejam políticos, comunitários, mulheres, estudantes ou sindicalistas.
O exercício da atividade sindical tornou-se então uma atividade castigada pelos agentes do Estado, o que se insere na violação sistemática dos direitos humanos dos trabalhadores colombianos, desde seus direitos trabalhistas até seus direitos fundamentais.
Estatísticas mostram a crise
As frias estatísticas mostram a profunda crise humanitária que sofrem os trabalhadores colombianos, em especial os trabalhadores sindicalizados e seus dirigentes.
Entre 1º de janeiro de 1991 e 31 de dezembro de 2006 – segundo dados do Banco de Dados da ENS (Escola Nacional Sindical) e da CUT – foram registrados 8.105 casos de violações à vida, à integridade física e à liberdade pessoal de trabalhadores afiliados a sindicatos na Colômbia, descritas assim: 2.245 homicídios, 3.400 ameaças, 1.292 casos de despejo, 399 dentenções arbitrárias, 206 feridos, 192 atentados, 159 sequestros, 138 desaparecimentos, 37 casos de tortura e 34 casos de desrespeito moral.
Desde 1991, ano em que se começava a registrar as cifras, dá para perceber que todos os governos têm praticado o Terrorismo de Estado contra os sindicalistas e suas organizações sindicais.
Durante a administração de César Gaviria Trujillo foram assassinados 518 sindicalistas.
Durante a administração de Ernesto Samper Pizano foram assassinados 795 sindicalistas.
Durante a administração de Andrés Pastrana foram assassinados 600 sindicalistas.
Durante a administração de Álvaro Uribe Vélez foram assassinados 282 sindicalistas.
Apenas durante esse ano de 2007, primeiro ano do segundo mandato de Uribe Vélez, foram assassinados 10 sindicalistas.
A administração de Álvaro Uribe Vélez pretende mostrar que a diminuição do assassinato a sindicalistas que as cifras mostram obedece à sua política de Seguridad Democrática. Nada mais falso. O terror desatado contra os trabalhadores, que se traduzem em uma baixa taxa de sindicalização, e a subtração de matéria pelo assassinato dos sindicalistas são as causas da diminuição dessas cifras.
Quem está por trás dos assassinatos?
Definitivamente por trás dos assassinatos seletivos dos sindicalistas está o Estado colombiano. E por trás desse, estão as mãos das empresas e dos empresários. Prova disso são as denúncias que foram feitas há muitos anos pelos próprios sindicalistas, as quais são deixadas em saco podre por funcionários do governo e do Estado, e os artigos publicados por diversos analistas da situação colombiana.
Lembremos que através da ANNCOL viemos denunciando, por exemplo o papel das petroleiras no Plano Colômbia, nos artigos de Allende La Paz. Também viemos denunciando o pagamento das multinacionais Chiquita Brands e Drummond aos grupos de narco-paramilitares para que continuem assassinando os sindicalistas dessas empresas. Tal política assassina pratica a Coca-Cola e a Nestlé na Colômbia.
O líder narco-paramilitar Salvatore Mancuso, acusado de mais de 6.000 assassinatos de sindicalistas, camponeses e indígenas, cedeu entrevista à Natalia Spring dizendo que “Foi feito um pacto com Chiquita Brands Inc, Dole, Banacol, Uniban, Proban e Del Monte. Nos pagavam 1 centavo de dólar por cada caixa que saía do país. As outras empresas do setor faziam um pagamento semestral. A empresa Dole se encarregava de recolher o dinheiro e finalizar a operação, da qual se tinha pleno conhecimento nas companhias e que se qualificava como uma contribuição ao viveiro Papagayo”. “O produto dessas contribuições era distribuído proporcionalmente entre a Casa Castaño, o Bloco Bananero, uma parte para investimento social e outra para pagar corrupção de instituições do Estado”.
Por essas declarações que Salvatore Mancuso deu agora o establishment narco-paramilitar quer calá-lo e então denunciam que os líderes narco-paramilitares continuam praticando crimes à partir das prisões. Agora que querem calá-lo assumem que praticam crimes, mas enquanto realizavam os massacres e os mais de 3.500 assassinatos seletivos realizados durante os Sainetes dos Ralito, aí sim não estavam praticando crimes!
Uma política de extermínio
É importante ressaltar que as empresas multinacionais são as mais bem protegidas nessas políticas de extermínio. O governo colombiano, e todo o Estado, responde aos interessses dessas empresas imperialistas, diante das quais os desejos criminosos se enrolam nos cipós da oligarquia tradicional.
Não podemos explicar os assassinatos dos sindicalistas como algo ligado ao conflito armado. Há uma larga história de violações de direitos humanos dos sindicalistas que mostram que essas violações não são devidas a nenhuma violência difusa e indiscriminada, como bem disse a CUT, pois estão sempre ligadas às lutas por seus direitos trabalhistas que lutam os trabalhadores, sejam pagamentos, folgas, negociações coletivas ou criação de sindicatos.
Os empresários pressionam o governo para que extermine os sindicalistas, quando não são eles diretamente os que financiam e ordenam aos grupos narco-paramilitares o assassinato dos sindicalistas. O extermínio dos sindicalistas significa para os emresários grandes lucros, razão pela qual são eles os primeiros patrocinadores da guerra na Colômbia e seus primeiros beneficiários, buscando com ela a anulação de conquistas trabalhistas dos trabalhadores, suas ações de luta por suas reivindicações mais sentidas e o esquecimento da legislação colombiana sobre os direitos trabalhistas.
Por trás de tudo isso está, obviamente, o império estadunidense que faz seus planos de guerra contra o povo colombiano, Plano Colômbia, para impôr à eles seus tratados comerciais –ALCA, TLC, etc –e continuar sugando nossos recursos naturais e o sangue de nossos trabalhadores.
Por isso, os cipós como Alva-raco Uribe Vélez devem renunciar!