Narcoparuribismo sem Uribe?
Francisco e Juan Manuel Santos
[ANNCOL]
Uma ácida disputa nas alturas do poder entre dois grupos. Um, encrustado no sistema colombiano, o outro, mafioso pretendendo suplantá-los. Incómodos entre si. Os primeiros tomando distância do regime, o segundo tomando vôo por si só com seus amiguinhos transitórios, que o levaram até onde está. Dois poderosos blocos. Com algo em comum. Ambos de costas para as maiorias oprimidas.
El Tiempo, encabeçado por seu co-diretor, Enrique Santos, denuncia o desprezo estatal. Não os convidaram à roda de imprensa, sem imprensa, que horror, sem os de El Tiempo. Isso não se pode qualificar de censura.
Os semanários VOZ e El Espectador, sim, têm sofrido a censura oficial. No primeiro, até foguetes e bombas têm sido armados em suas instalações. Mídias regionais têm visto morrer suas páginas por falta de recursos e apoio oficial, e seus jornalistas assassinados, outros desterrados. ANNCOL, agência alternativa, é vilipendiada reiteradamente. Felizmente, funcionamos num país que respeita a livre expressão. Senão, quem sabe.
No entanto, a soterrada censura emanada da Casa de Nariño pretende fechar ainda mais os exíguos espaços para a livre expressão. Os donos de El Tiempo, que têm sido os beneficiários prediletos da pauta publicitária estatal, se apercebam desta expressão fascista. Ataca aos poderosos dos meios de comunicação. Insulta-os, veta-os, isola-os da “roda” de imprensa.
Esse famoso editorial da semana passada, que ao senhor Obdulio Gaviria produziu tanto remorso, é bem interessante e mais porque o escreve El Tiempo. Pela primeira vez, um diário de semelhante importância, nos quase cinco anos de Uribe, “semeia a dúvida” de, se em verdade, este é um assassino e promotor dos narco-paramilitares.
Não dão alfinetada sem dedal. Ou, quem têm sido mais pró-gringos que os de El Tiempo? Sabem que a permanência de Uribe é um problema nacional e internacional. Talvez este último motiva seu deslinde do narcoparauribismo de Uribe.
Nesta briga de doninhas, é inevitável ficar de olho em seus dois filhotinhos. Juan Manuel e Francisco. O primeiro, não disse esta boca é minha no debate de Petro no senado. O silêncio aprova. El Pacho lhe sacou a renúncia à amante sentimental do patrão Uribe.
Três deslealdades que não deixam o psicopata dormir. Já sabemos para onde vai a água. O problema é como desfazer-se definitivamente de um dos presidentes mais questionados por próprios e estranhos. Essa é a pergunta do milhão.
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