"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 17 de agosto de 2013

Santos: Quando morremos, descansamos

AÍ VAMOS, AÍ VAMOS…, respondeu astutamente o general Sergio Mantilla quando a imprensa lhe perguntou quão próximo de Timoleón Jiménez se encontrava o Exército. Como quem repete uma lição aprendida, disse igual ao Presidente, que a guerra está perto de se acabar por bem ou por mal. E aproveitou a ocasião para advertir a nossos delegados em Havana que seguem sendo um objetivo de alto valor estratégico, assim que não vá ocorrer-lhes sair-se do processo, ou de Cuba, porque perderiam as garantias conhecidas.
O general Mantilla ao menos fez menção a ordens de captura. O Presidente, por sua vez, foi muito mais explícito, a ordem que as forças militares têm é executar a qualquer membro das FARC localizadas na Colômbia. Dar morte, ou baixa, ou matar, especialmente a Timochenko, com quem, ao mesmo tempo, não descarta reunir-se, sempre que sirva para pôr fim ao conflito. Não se pode baixar um instante a guarda, porque seria um incentivo perverso para que a guerrilha prolongue as conversações indefinidamente, explicou.
À OLIGARQUIA COLOMBIANA, assim como a seus verdugos de turno, não lhe interessa dissimular seu caráter violento, nem sua lógica de imposições e dominação. Ante as tropas, pela boca do Presidente, repete o estribilho segundo o qual a Mesa de Havana não haveria existido se não fosse pela campanha exitosa cumprida pelas forças armadas. Em outros cenários, é o Alto Comissionado de Paz, Sergio Jaramillo, quem adverte que, para chegar ao ponto atual, foram determinantes o Plano Colômbia de Pastrana e o cerco militar realizado durante o governo de Álvaro Uribe.
O ponto atual são as conversações de paz de Havana. E o ponto de partida, o processo de paz do Caguán. Resulta uma monumental imbecilidade afirmar que se necessitaram dez anos de guerra, aterradoras cifras de mortos e feridos, milhares de milhões de dólares e milhões de deslocados e de vítimas para obrigar as FARC a sentar-se numa mesa de diálogos, quando precisamente ali estávamos ao iniciar-se semelhante demonstração de forças tão criminal como inútil. Esqueceram que foi o regime quem se parou da Mesa.
EM TODAS AS SUAS GUERRAS contra o povo da Colômbia, a oligarquia bipartidarista apelou para os aquartelamentos e ameaças. O Presidente Valencia acreditou que com içar o estandarte nacional na destruída aldeia de Marquetalia havia finalizado o assunto. E o Presidente Gaviria, que, com sua guerra integral, poria fim ao problema em dezoito meses. O orçamento de Uribe foi de dois anos, e não o conseguiu em dois governos. Recém empossado, Santos advertiu que, se não nos entregássemos, viriam por nós. Longe de consegui-lo, volta a mostrar-nos os caninos.
A questão com as FARC que, sem dúvida, celebraremos nossos cinquenta anos de luta armada enquanto Juan Manuel faz as malas ou pugna por sua reeleição, é mais simples do que parece. Muito mais fácil que matar-nos ou desmobilizar-nos a todos. Mais simples que encarcerar 13.700 compatriotas inconformistas. É abrir realmente as portas à democracia em nosso país, desterrar para sempre a mania de impor as decisões à força.
O DIÁRIO EL ESPECTADOR intitulou recentemente que todos os dias era atacado um defensor de direitos humanos na Colômbia e que nos sete primeiros meses de 2013, a cada quatro dias, alguém foi assassinado. Num país em que o Presidente e os ministros do Interior e de Defesa acusam os campesinos e mineiros que protestam e paralisam de guerrilheiros das FARC, não é estranho que a Polícia e o Exército, em cumprimento do público mandato presidencial, os reprimam com granadas e balas de fuzil. Nem que os grupos paramilitares que subsistem ameacem de morte aos líderes da oposição ou matem dirigentes reclamantes de terra ou defensores de direitos humanos.
Acaso valiam algo os campesinos massacrados nas recentes marchas no Catatumbo? Não saiu todo o Estabelecimento e a imprensa a cercar o condutor que em Cáceres decidiu atropelar com sua camionete os mineiros que bloqueavam a via? Neste último caso, todos falavam do terrível drama do pobre homem que, acidentalmente, por obra da infiltração guerrilheira no protesto, havia matado a cinco mineiros e ferido oito mais, estabelecendo uma cruel segregação entre quem deliberadamente assassina e as repudiáveis vítimas que o provocam. Vá saber-se realmente qual é a condição de semelhante energúmeno.
QUANDO O PRESIDENTE se orgulha nos montes de María de ter estado lá seis anos atrás, comprovando a baixa de Martín Caballero, esquece que consta judicialmente que Caballero e os guerrilheiros que o acompanhavam foram matados selvagemente pela tropa, depois que o bombardeio da força aérea os havia deixado feridos, desarmados e pedindo clemência, ao mesmo tempo em que ofereciam entregar-se. E quando celebra a morte de Seplin no Cauca, oculta que não morreu em combate, mas sim assassinado a traição e quando em companhia de um campesino transitava vestido de civil por um caminho. Igual a como mataram a Gabriel Zavala em Zaragoza, ou ao Negro Eliécer no Norte de Santander.
A dificuldade para chegar a acordos em breve radica precisamente nas confissões públicas de Santos: não estamos negociando nada que possa preocupar aos colombianos em matéria econômica ou de aspectos fundamentais de nosso sistema de governo. Os guerrilheiros colombianos não estamos defendendo nenhum sistema criminoso de governo, nem estamos empenhados em levar adiante uma política econômica que beneficie as transnacionais em detrimento do povo de nosso país. Santos sim, e essa é nossa pequena grande diferença.
OS COMBATENTES E COMANDOS das FARC somos revolucionários, não nos move nenhum interesse pessoal, nem percebemos nenhum salário pelo que fazemos. Entregamos nossas vidas à mais bela causa do gênero humano: pôr fim à discriminação entre os homens, à exploração de uns por outros, às injustiças institucionalizadas.
Defendemos a independência e soberania real de nossa pátria, bandeiras herdadas do Libertador Simón Bolívar. Não pretendemos a revolução numa Mesa, porém sim ao menos combinar um grande acordo que arranque o país para sempre da opressão violenta, que assente umas bases mínimas para a construção da justiça social. Nossos adversários só insistem em rendições.
As ameaças de morte e as ordens de execução sem nenhuma classe de juízo não servem para intimidar-nos, nem conseguem aclimatar o ambiente de reconciliação necessário para acordar uma saída. Vale recordar, levando abusivamente à prosa a Jorge Manrique, que Esses reis poderosos que vemos por escrituras já passadas, por tristes casos, chorosos, foram suas boas-venturanças transtornadas; assim que não há coisa forte que a papas, imperadores e prelados, assim os trata a morte, como aos pobres pastores de gado. Quando morremos descansamos, Santos.


Timoleón Jiménez,
Comandante do Estado-Maior Central das FARC-EP
14 de Agosto de 2013
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Agência de Notícias Nova Colômbia, ANNCOL

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