Comunicado da Delegação de Paz das FARC-EP: A responsabilidade histórica da violência
Havana, Cuba, sede dos diálogos de paz, agosto 5 de 2013
Em
outras ocasiões temos dito e insistido, como agora o repetimos, que o
Estado é responsável, por ação ou por omissão, do sucedido
durante o conflito. Acrescentaríamos, que assim o tem reconhecido o
Presidente Juan Manuel Santos na Corte Constitucional, logo após de
tê-lo sugerido o Informe Geral do Grupo da Memória Histórica.
Na conjuntura política atual, em toda e qualquer parte se fala de “transição” e da necessidade de ter um tipo de justiça para isso. Mas, passar de um estado de coisas para outro, implica necessariamente que se produzam mudanças estruturais na institucionalidade, que permitam a reconciliação a partir da justiça social. Pelo que, então, seria uma inconsequência pretender que fiquem intatos todos os órgãos da questionada institucionalidade atual.
Na conjuntura política atual, em toda e qualquer parte se fala de “transição” e da necessidade de ter um tipo de justiça para isso. Mas, passar de um estado de coisas para outro, implica necessariamente que se produzam mudanças estruturais na institucionalidade, que permitam a reconciliação a partir da justiça social. Pelo que, então, seria uma inconsequência pretender que fiquem intatos todos os órgãos da questionada institucionalidade atual.
Mais
ainda. Como se trata da transição de um estado de conflito interno
para um estado de paz, ou da oportunidade para os alçados em armas
se acolher à Constituição, devemos dizer que passar da guerra para
a normalização das relações sociais, saindo do terrorismo do
Estado para entrar na construção da democracia verdadeira, são as
duas partes enfrentadas as que devem se acolher à Carta fundamental.
Portanto, cada uma das partes deve aceitar na Mesa da Havana, que
entre outras reformas e mudanças estruturais, tem que se reformar a
justiça para que a rama jurisdicional alcance sua independência
orgânica, porquanto tem sido politizada pelo poder executivo e a
responsabilidade do estado nos fatos de guerra tem-na desqualificado
cada dia mais.
Também,
devemos sublinhar que ao não existir vencedor nem vencido e como ainda
não tem concluído o conflito porque o Estado, por decisão do
governo que o representa, não quer que termine, então é o Estado o
maior responsável pelas consequências da confrontação.
Por acima da guerra está o direito constitucional do povo à paz. Portanto não aceitar a trégua oferecida pela Insurgência,de forma reiterada, ao Estado, indica que não quer aplicar o mandatado pelo artigo 22 da Constituição: “A paz é um direito e um dever de obrigatório cumprimento”.
Por acima da guerra está o direito constitucional do povo à paz. Portanto não aceitar a trégua oferecida pela Insurgência,de forma reiterada, ao Estado, indica que não quer aplicar o mandatado pelo artigo 22 da Constituição: “A paz é um direito e um dever de obrigatório cumprimento”.
Como
se fala muito de assumir responsabilidades e, as FARC-EP têm
indicado que esse
importante assunto das vítimas, usado
pela grande imprensa de forma vergonhosa, buscando semear o ódio,
deve ser tratado com sensatez, realismo e apego à verdade, então,
propomos a formação imediata de uma Comissão integrada por
nacionais e estrangeiros para que estude a história da confrontação,
desde o início da violência e dessa forma preparar o material
requerido para evacuar o Ponto Cinco da Agenda de Diálogos, referido
às vitimas, o qual textualmente expressa que “Ressarcir às vitimas
está no centro do Acordo Governo Nacional-FARC-EP. Nesse sentido
se tratarão: 1. Direitos humanos das vítimas. 2. Verdade.
Considerando que o governo nacional impulsionou o chamado Informe Geral do Grupo de Memória Histórica, as FARC-EP, em desenvolvimento da proposta anterior, solicitam que a Comissão independente que empreenda o estudo da confrontação, o primeiro a fazer seja iniciar a pronta revisão e completação do mencionado Informe, atendendo a que dele depende em grande medida o êxito da evacuação do Ponto Cinco da Agenda.
Considerando que o governo nacional impulsionou o chamado Informe Geral do Grupo de Memória Histórica, as FARC-EP, em desenvolvimento da proposta anterior, solicitam que a Comissão independente que empreenda o estudo da confrontação, o primeiro a fazer seja iniciar a pronta revisão e completação do mencionado Informe, atendendo a que dele depende em grande medida o êxito da evacuação do Ponto Cinco da Agenda.
A Comissão que se estabeleça deverá estudar o tema da violência partidista e sua incidência nos acontecimentos posteriores e no surgimento das FARC-EP, como deverá avaliar a responsabilidade, também, dos meios de comunicação, da igreja oficialista, das potências estrangeiras ingerencistas (especialmente dos Estados Unidos de América), dos latifundiários, dos empresários e do setor financeiro, até os nossos dias.
Para maior rigor histórico, se deverão tomar como parte fundamental da investigação da história do conflito, os arquivos dos organismo de inteligência dos anos 40 e 50, do SIC, do DAS, da inteligência da Polícia e do Exército e, demais organismos secretos de inteligência, assim como as atas dos Conselhos de Ministros que recolhem as ordens de detenção impartidas pelo governo sem ordem judicial, à luz da aberrante faculdade que lhe outorgava o artigo 28 da Constituição, antes da Constituinte de 1991.
Delegação de paz FARC-EP